Juiz comentou decisão do Supremo de enviar parte do caso para SP.
Responsável pela Lava Jato na 1ª instância, Moro falou em painel em SP.
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato
na 1ª instância, disse nesta terça-feira (27) que a decisão do Supremo Tribunal
Federal de fatiar parte do processo originado da operação Lava Jato "não
afeta o desenvolvimento" da parte do caso que continua em Curitiba, sob
jurisdição dele.
Em setembro, o Supremo decidiu remeter à Justiça
Federal de São Paulo parte de uma investigação relacionada a desvios no
Ministério do Planejamento, inicialmente conduzida por Moro, que concentrou em
Curitiba todos os processos da operação. Questionado à época, Moro afirmou que
não se sentia confortável em comentar a decisão do Supremo.
"O Supremo teve as suas razões jurídicas para
proferir sua decisão. O Direito não é como matemática. Não existe apenas uma
resposta certa para todo caso. Pode-se eventualmente discordar das razões
jurídicas, mas isso não afeta o desenvolvimento do remanescente do caso, que
continua em Curitiba", disse Moro, que participou de painel em um fórum
organizado pela revista britânica The Economist, que discute os desafios
políticos no Brasil, em São Paulo.
"Na minha compreensão jurídica, os fatos, entre
eles havia uma conexão que permitia, na nossa lei, que Curitiba tivesse
jurisdição. Em relação ao fato paralelo, que envolvia supostos desvios no
Ministério do Planejamento, o Supremo entendeu que não havia conexão forte com
o caso da Petrobras e acabou remetendo para outro juízo", completou.
Elogio a juíza
Durante a palestra, o juiz Sergio Moro elogiou, sem
citar nomes, "importantes medidas" da juíza Celina Regina Bernardes,
que determinou buscas no escritório de um dos filhos do ex-presidente Lula, na
Operação Zelotes. Questionado após o painel, ele confirmou se tratar da juíza.
"Vi pelo jornal apenas e acredito que está nas
mãos de uma colega muito competente. Vamos aguardar o desenvolvimento dos
trabalhos. A referência foi a esse caso que vi ontem. Mas eu só conheço o caso,
como todos os senhores, pela imprensa", disse.
'Peixe'.
Questionado pelo mediador do painel, o editor da
revista Economist, Michael Reid, sobre se houve excesso nas prisões e delações
premiadas e se estas seriam uma maneira de "pescar" acusados, Moro
respondeu: "Olha, tem vindo bastante peixe". Em seguida, foi
aplaudido.
Reid se referiu à expressão em inglês "fishing
expedition", um termo informal usado para definir uma tentativa de
descobrir fatos por meio de interrogatórios vagos, sem evidências de que o
crime tenha ocorrido. "Acho que existe exagero na crítica", afirmou
Moro. "Dez pessoas sem julgamento seria um atentado contra o
Direito?"
Moro também voltou a defender as prisões preventivas
decretadas até o momento. "Não tenho nenhuma dúvida de que a opinião
pública tem se posicionado a favor dos trabalhos que têm sido feitos",
afirmou. "Em processos envolvendo poderosos, a opinião pública é
fundamental."
O magistrado disse ainda que trabalha com "muita
cautela" para que não haja anulações na operação. "Acredito que até o
momento o caso tem sobrevivido aos questionamentos que têm sido feitos",
afirmou.
Fonte: Agência Brasil.
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