A presidente Dilma Rousseff disse nesta
quarta-feira que a decisão do governo de enviar a proposta orçamentária
para 2016 com uma previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões mostra transparência e
não quer dizer que o Executivo vá fugir de suas responsabilidades com as contas
públicas. Segundo Dilma, o governo vai enviar um adendo à proposta, “quando o
governo tiver mais elementos”.
“Estamos evidenciando que tem um déficit, estamos sendo
transparentes e mostrando claramente que tem um problema. Não fugiremos às
nossas responsabilidades de propor a solução do problema, o que nós queremos,
porque vivemos em um país democrático, é construir essa alternativa.
Não
estamos transferindo a responsabilidade de ninguém, porque ela sempre será
nossa, porém é importante destacar que iremos buscar, estamos avaliando todas
as alternativas”, disse a presidente, em entrevista após a cerimônia de
recepção de brasileiros premiados no World Skills, no Palácio do Planalto.
A presidente reconheceu que a economia passa por
momentos difíceis por causa da queda de receitas, mas disse que o governo
aposta na melhoria da situação por meio de investimentos em infraestrutura,
energia e aumento das exportações. Segundo Dilma, quando o cenário mudar, o
governo poderá enviar ao Congresso uma adendo à proposta orçamentária. “Iremos
mandar quando acharmos que a discussão maturou. Quando acharmos que existem as
condições para fazer isso, nós iremos mandar mais elementos para o Congresso”,
acresicentou, sem especificar datas.
Dilma comentou a volta da Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira (CPMF) – que foi cogitada e descartada pelo
governo em seguida. Ela disse que não gosta do tributo, mas não descartou a criação
de novas fontes de receita para o governo. “Não gosto da CPMF, se você quer
saber. Acho que a CPMF tem as suas complicações, mas não estou afastando a
necessidade de fontes de receita, não estou. Não estou afastando nenhuma fonte
de receita, quero deixar isso claro, para depois, se houver a hipótese de a
gente enviar essa fonte, nós enviaremos.”
A presidenta também fez um desagravo ao ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, e negou que ele esteja isolado ou desgastado dentro do
governo. Levy era contra o envio da proposta orçamentária com previsão de
déficit de R$ 30,5 bilhões, mas, assim como em outros embates dentro do
governo, foi voto vencido. “O ministro Levy não está desgastado dentro do
governo – ele participou conosco de todas as etapas da construção desse
orçamento, ele tem o respeito de todos nós.”
De acordo com a presidente, muitas informações
divulgadas sobre a relação de Levy com outros integrantes da equipe econômica
são falsos e não contribuem para o país. “É um desserviço para o país esse
processo de falar que o ministro Levy está isolado, desgastado. Não está não.
Dentro do governo, ele não está. Nós temos o maior respeito pelo ministro Levy.
Aliás, por todos os ministros da área econômica, pelo ministro do
Planejamento Nelson Barbosa, pela equipe do ministro Nelson, pela equipe do
ministro Levy. Agora, somos um governo que debate, debatemos, chegou a uma
posição. A partir do momento em que tomamos a posição, a posição é de todos
nós.”
Sobre os impactos da reforma administrativa anunciada
pelo governo para redução do déficit, Dilma disse que a medida tem mais
impactos sobre a gestão que sobre a arrecadação. Até o fim do mês, o governo
vai anunciar o corte de dez dos 39 ministérios, além de redução no número de
cargos comissionados e de outras medidas de redução de despesas de custeio.
“O efeito da reforma é muito mais melhorar a gestão. E
melhorar a gestão tem um efeito indireto sobre os recursos, qual seja, torna o
governo mais ágil, facilita os investimentos, diminui a burocracia, é isso que
queremos”, disse Dilma, sem informar que pastas serão cortadas.
Fonte: Agência Brasil.
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