COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.BAILADO DESACERTADO.
Nobres:
As reuniões “quase” diária realizada pela presidente
da República com um grupo de ministros é a expressão de quanto o governo demorou
em reagir à crise econômica e política, onde o governo tencionava proteger sua
base aliada (alugada) da desenfreada corrupção. A cerca desses, anunciaram ao final
desses encontros que a presidente da República empenha-se agora em obter da sua
equipe cortes da ordem de variados bilhões de reais, na tentativa desesperada
de oferecer ao Congresso o contraponto exigido para a intenção do Executivo de
aumentar impostos. As circunstâncias são desfavoráveis ao governo, em um
contexto de fatos negativos fomentado pelos erros do próprio Planalto. A
tentativa de reduzir despesas é tardia e vem na seqüência da desastrada atitude
do governo de enviar ao Congresso o Orçamento de 2016 com um rombo de R$ 30
bilhões. A presidente tenta reagir a uma situação dramática, sob todos os
pontos de vista. Sob o aspecto econômico, o que se vê é o agravamento da
recessão, que provoca desemprego e perda de renda, combinados com inflação e
juros em alta. É finalmente admitido pelo governo que esse quadro de desalento
poderia ter sido atacado muito antes, com medidas corretivas que o Planalto se
negou a executar. Uma das conseqüências mais recentes foi a decisão da agência
Standard & Poor’s de retirar do Brasil o selo de bom pagador. Antes disso,
o governo já havia perdido a confiança dos empresários e desorientado até mesmo
os analistas, que ainda tentam compreender seus movimentos erráticos. O clima
de pessimismo é agravado pela perda da sustentação política, que o Executivo
vinha mantendo precariamente. O que se vê hoje é uma base governista que
conspira contra os interesses do Planalto. É esta base que a presidente da
República precisa convencer de que o ajuste fiscal, que pode prever aumento da
carga tributária, será compensado por cortes drásticos de despesas. É uma
intenção que precisa ser bem explicada, aos próprios políticos de sua “instável”
base governistas, e também aos empresários e à sociedade, sob pena de
comprometer o que resta de apoio ao governo. Dilma Rousseff deve, finalmente,
ter clareza de que sua indecisão corroeu parte expressiva do suporte político
de que desfrutava até aqui. Reagir a esse desalento generalizado é o mínimo que
se espera de quem pretende continuar governando, mesmo que sob a desconfiança
inclusive dos que lhe asseguraram um segundo mandato, numa evidência clara em
todos os aspectos.
Antônio
Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário