EMPRESÁRIOS SE UNEM
CONTRA VOLTA DA CPMF E CRIAÇÃO DE QUALQUER OUTRO IMPOSTO.
Lançada
campanha "Não Vou Pagar o Pato" pretende reunir assinaturas da
população e pressionar o Congresso contra qualquer proposta de criação de novos
tributos.
São Paulo – Empresários de diversos setores declararam
guerra à proposta de criação de uma nova Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF), ou de qualquer outro imposto, como instrumento
do governo federal para enfrentar a crise econômica na manhã de hoje (21), em
São Paulo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP),
Paulo Skaf, porta-voz da campanha, garantiu que o grupo fará uma forte pressão
junto ao Congresso e à sociedade. “Com a pressão que todos nós e milhares de
outros farão, nós teremos o resultado que pretendemos que é a não aprovação da
CPMF ou de qualquer imposto”, afirmou.
A campanha “Não Vou Pagar o Pato”, representada por um
imenso patinho de borracha amarelo instalado na sede da FIESP, pretende reunir
assinaturas da população para pressionar o Congresso a não aprovar nenhuma
proposta que crie ou aumente tributos. Sentido oposto ao defendido por
movimentos sociais, que reivindicam reforma tributária, taxação de grandes
fortunas e tributação de lucros e dividendos.
Os 104 empresários reunidos na sede da Fiesp, em que
participaram também ativistas de grupos de oposição ao PT, como Revoltados Online
e Nas Ruas Contra a Corrupção, deixaram clara sua postura liberal. “Estamos
aqui para dizer ao governo: corte as suas despesas, acerte a sua conta, faça o
ajuste fiscal de forma que seja saudável ao Brasil. E a forma saudável é o
Estado reduzir de tamanho. Como é muito difícil convencê-lo disso, a forma
melhor é você ir diminuindo a receita, não permitindo que crie novos impostos”,
disse o presidente da FIESP.
“A CPMF é um absurdo. Esse imposto já foi enterrado em
2007. A sociedade já falou não à CPMF. No momento em que a economia vai crescer
menos 3% você só tem uma forma de aumentar a receita. Criando novos impostos. E
essa possibilidade não existe, não pode existir”, completou Skaf.
Economistas ouvidos pela RBA avaliam que a revolta dos empresários com a CPMF se deve mais
à capacidade de enfrentamento da sonegação fiscal, do que à tributação em si.
Para o professor de
Economia da Universidade de Brasília (UnB) Evilásio Salvador, a CPMF é
um tributo que auxilia no combate à corrupção. "Grande parte da reação
contra é muito menos pelo efeito do custo tributário e muito mais pelo
cruzamento de dados e fiscalização. Pode-se com a CPMF constituir um importante
instrumento de combate à corrupção", disse.
O economista
Luiz Gonzaga Belluzzo concorda e vê a CPMF como a melhor proposta
arrecadatória para este momento. “Porque a base de incidência é muito grande e,
além disso, é preventiva da sonegação, permite investigação”, afirmou.
O presidente da FIESP afirmou que a arrecadação de
impostos neste ano será próxima de R$ 2 trilhões. E que esse valor deve ser
suficiente para o governo pagar suas contas e oferecer serviços públicos.
No entanto, instado a detalhar como o governo poderia
resolver seus problemas nas contas, Skaf disse que essa não é uma obrigação dos
empresários. “O que não falta ao governo são especialistas. O que falta é
vontade e decisão política de se tomar a decisão correta”, afirmou. E na seqüência
ironizou: “Se nós tivermos de governar, então não existe governo mais”.
Skaf negou, no entanto, que o movimento iniciado hoje
possa dar apoio a uma proposta de impeachment. “O objetivo do nosso encontro
aqui não é tratar de impeachment da presidenta da República." Mas passou
imediatamente a criticar a presidenta Dilma Rousseff. “Falta à determinação de
quem foi eleito para governar passar a governar. Quando a presidenta mandou a
proposta orçamentária para o Congresso com déficit, ela abriu mão de governar.
Ela delegou seu problema para o Congresso.”
Fonte: Folhapress.
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