quinta-feira, 17 de setembro de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

ESTELIONATO DO GOVERNO.

Nobres:
Numa demonstração estonteante que passa o governo, mau orientado e pouco ou nenhum planejado onde os investimentos estão na “resolução” dos corruptos que dominaram literalmente o poder ofuscando a autoridade da presidente da República, ensejaram os acontecimentos tenham se dado nesta ordem não é coincidência: Sobre a crise política e econômica, primeiro o governo, de forma inédita, envia ao Congresso um projeto de lei orçamentária para 2016 que prevê déficit primário de R$ 30,5 bilhões; depois, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a primeira a ter dado ao Brasil o grau de investimento, em 2008, também se torna a primeira a retirar do país o selo de bom pagador. Por fim, o governo reuniu, parte da sua equipe para definir, às pressas, um pacote que permita ao país terminar o próximo ano com algum superávit primário, correspondente a 0,7% do PIB e, com isso ainda evitar novos rebaixamentos, esses que, segundo Lula, “não significam nada”, avaliação da qual o governo parece discordar, pela rapidez com que se mexeu. O resultado foi apresentado pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa. As medidas de ajuste, no total, somam R$ 65 bilhões, resultado da soma da contenção de gastos com receitas adicionais, ou seja, aumento de impostos. A cota de “sacrifício” do governo, no entanto, é de apenas R$ 26 bilhões. Ou seja, como de costume, a maior parte da carga foi jogada nas costas do cidadão brasileiro, trabalhador ou empresário. Como dar crédito a um “esforço fiscal” em que o poder público não toma para si o grosso das medidas necessárias para colocar as contas em ordem. A sociedade até poderia compreender a necessidade de alguma elevação temporária de impostos se visse, por parte do governo, um esforço sincero de enxugamento. Mas, quando Dilma Rousseff, Levy e Barbosa montam um pacote em que o aumento de impostos tem papel maior que a contenção de despesas, a indignação do brasileiro é mais que legítima. O pacote joga a maior parte do sacrifício nas costas da sociedade e arranha de modo apenas superficial um problema crônico do Estado. O governo ainda lançou mão de um truque muito conveniente em sua ânsia por mais arrecadação. Na coletiva dos ministros Levy e Barbosa, na tarde de segunda-feira, a alíquota da “nova CPMF” cuja criação tinha sido cogitada, descartada e agora foi novamente colocada na mesa, apesar de ainda ter de ser aprovada pelo Congresso, incontinente a Presidente Dilma fixou em 0,2% “de repente” ela já tinha quase dobrado, para o já conhecido 0,38%. Nesse meio tempo, houve um jantar reunindo Dilma e 19 governadores. O objetivo? Convencer os chefes dos Executivos estaduais a persuadir as respectivas bancadas parlamentares para que aprovem a maior alíquota, permitindo que os estados levem uma parte do que for arrecadado. Dilma, assim, não arcaria sozinha com a responsabilidade (e a impopularidade) pela criação do novo imposto. Como se não bastassem os fatos de os cortes de gastos governamentais representarem menos da metade do pacote e de a população sido iludida sobre a verdadeira alíquota da “nova CPMF”, o desmembramento dessa redução de despesas deixa escancarado outro fato escandaloso. Houve cortes bilionários no PAC e no Minha Casa, Minha Vida; e economias igualmente bilionárias com o adiamento do reajuste dos servidores públicos e com a suspensão de concursos (dando continuidade ao estelionato eleitoral, pois Dilma e o PT afirmavam enfaticamente que era Aécio Neves quem transformaria num inferno a vida dos “concurseiros”, se fosse eleito). Mas a trombeteada redução de ministérios e cargos de confiança resultará em uma economia de apenas R$ 200 milhões, menos de 0,5% do total do pacote. Ou seja, o inchaço da máquina administrativa continuará firme e forte, a depender da vontade de Dilma Rousseff. Em resumo, trata-se de um pacote que joga a maior parte do sacrifício nas costas da sociedade e que arranha de modo apenas superficial um problema crônico do Estado. Se o brasileiro ainda tinha alguma esperança em relação à capacidade deste governo de fazer a coisa certa para frear a deterioração dos indicadores econômicos do país. Em síntese, não há razões para acreditar no dito governamental.
Antônio Scarcela Jorge.

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