Scarcela Jorge.
ASPIRAÇÃO VIROU UMA FARSA.
Nobres:
Ao rememorar os finais dos anos oitenta, jamais
imaginávamos que de repente a história ficou pesarosa e irritante para quem
viveu décadas surfando na utopia. Aquele discurso socialista tinha a leveza de
um sonho erótico e excitava no contraste com a realidade, coitada encardida,
feia e banguela. Vendia-se utopia no vidro traseiro dos carros. Vendiam-se em
camisetas, bandeiras e alto-falantes. Nos microfones, púlpitos e salas de aula.
Nas charges e colunas de jornal. Era fácil de anunciar e barata de comprar.
Haveria, logo ali, um novo céu, uma nova terra e um homem novo. Onde? Como? Era
tão simples! Tudo se resumia em Lula - lá! Ali estava bem presente a
Constituinte de 1988, os anos 90 e, principalmente, os gozos cívicos que
marcaram a chegada de Lula ao poder. Uns poucos, entre os quais prevíamos o que
estava por vir. Assim como era inevitável a vitória da utopia sobre a
realidade, era inevitável o desastre que sobreveio devagar, incontornável. Desastre
moral, institucional, fiscal, econômico, cultural. Desastre que atingem todos
os objetivos permanentes de qualquer sociedade civilizada: ordem, justiça,
liberdade, segurança e progresso. Nada simboliza melhor o colapso de um projeto
impulsionado pela ingenuidade de uns e a vaidade de outros do que Lula
assistindo a Copa de 2014 pela TV, e Dilma nos 7 de Setembro de 2015,
cercando-se com as autoridades numa espécie de campo de concentração às avessas.
O governo se esconde do povo. Então, perante do maior segmento brasileiros
literalmente arruinados da vida para quem, nos meios de comunicação, inflou um
projeto político que agora se veste de Pixuleco. Os propagandistas recolhem
seus realejos. Não há mais público para defensores do governo. Fica ruim
fazê-los e assinarem embaixo, só por muito dinheiro e boa parte dos antigos
propagandistas da utopia eram voluntários e rodavam sua manivela por devoção. Agora
eles cuidam como podem para proteger o indefensável e ele não mais se aligeira
como “porta–bandeira” da utopia que não veio. Repare bem nele. Furioso, fala
mal e ofende quem faz oposição num país que precisa, urgentemente, de rumo e prumo.
É feio, mal educado, mas que remédio e se a utopia mofou e deu nisso e agora do
que está aí, presumivelmente e com maior gravidade, no que pode ser o amanhã.
Antônio
Scarcela Jorge.
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