terça-feira, 29 de setembro de 2015

ATÉ SEGMENTOS DO PT REJEITA AÇÕES DO GOVERNO

 FUNDAÇÃO LIGADA AO PT LANÇA TEXTO QUE CRITICA POLÍTICA ECONÔMICA.

Governo tenta ganhar apoio do Congresso para aprovar medidas.

Líderes de fundação disseram ter havido 'diagnóstico errado' da economia.

A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, lançou nesta segunda-feira (28) documento elaborado em conjunto com outras organizações de esquerda que critica a política econômica adotada no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista coletiva, no entanto, membros da fundação não chegaram a fazer críticas diretamente à presidente.

O documento foi lançado no momento em que Dilma tenta ganhar apoio do Congresso para a aprovação de um pacote que prevê corte de gastos, aumento de impostos e a recriação da CPMF. Para isso, ela precisará de votos de seu partido, o PT, e outros da base aliada. A aprovação desse pacote é vista como essencial para o governo estabilizar a economia.

Lideranças da Perseu Abramo que participaram da entrevista coletiva que lançou o documento também afirmaram que houve diagnóstico "equivocado" da situação econômica do país. Para eles, também é equívoco considerar o atual ajuste fiscal como única resposta adequada.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, disse que o “documento não é contra o Brasil. É a favor do Brasil” e que se opõe ao “terrorismo do ‘curto-prazismo’”. Segundo ele, essas mudanças são paliativas, pensadas para agora. “Essa ditadura do curto-prazo nos faz pensar pequeno”, disse. "O procedimento que está sendo feito é primeiro fazer o ajuste fiscal para depois crescer. A proposta é inverter as prioridades", declarou Pochmann.

Segundo os autores, o manifesto tem como objetivo "contribuir para retirar o país da desastrada austeridade econômica em curso e para consolidação de um projeto sustentável de crescimento com inclusão social".

Na visão dos mais de cem especialistas que participaram da elaboração do texto, as atuais dificuldades econômicas surgiram a partir da implantação das medidas de cortes de gastos e de investimentos no primeiro semestre do ano. Para os autores, as ações de ajuste fiscal adotadas pelo governo federal amplificam a crise política e estimulam iniciativas "antidemocráticas e golpistas".

O senador Lindbergh Farias (PT) participou do lançamento e disse que o sentimento dos movimentos presentes é “de que a lógica do ajuste não teve o afeito esperado”. Segundo ele, conforme Lula teria afirmado, “tomar remédio amargo, tudo bem, mas a pergunta é se vai sarar”. Para Lindbergh, “o que tem acontecido é que não funcionou o remédio”.

Sobre a possibilidade de ruptura desses movimentos com o PT, o senador disse que os autores do documento querem “defender o governo” e vão “lutar até o fim ao lado desse governo”. Porém, de acordo com ele, a ideia do manifesto é “aumentar a pressão” contra uma “política monetária esquizofrênica” e que “não é possível entender um ajuste fiscal como esse”.

E completou: “Esse manifesto dá um caminho, um rumo para os movimentos sociais e para gente, que quer defender esse governo, mas que tem certeza que esse só será vitorioso e se livrará dessa pressão se mudar. Mudando esse rumo. Se a gente for nessa aí, vamos chegar a um desemprego de 10% no começo do próximo ano e vamos chegar num processo muito ruim neste país".
Fonte: Agência O Globo.

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