Crise política e preocupação com o orçamento de 2016 são justificativas.
País recebeu mesma nota que Bulgária, Indonésia, Turquia e Rússia.
Depois do fechamento do mercado financeiro na
quarta-feira (09), o Brasil perdeu a nota de investimento na Standard and
Poor's, uma das principais agências de classificação de risco. O país agora
integra o grupo de nações que oferece risco de calote aos investidores. A crise
política e a preocupação com o orçamento do próximo ano são as justificativas
da agência para retirar do Brasil o selo de bom pagador.
O rebaixamento surpreendeu, pois há apenas seis
semanas a agência havia feito a última revisão na nota do Brasil. O país agora
se junta ao clube da Bulgária, Indonésia, Turquia e Rússia, que receberam a
mesma nota (BB+).
A nota da agência cita a dinâmica política fluida,
inclusive uma maior perda de coesão dentro do gabinete ministerial da
presidente, como uma das principais causas do rebaixamento. Mas o último
parágrafo tem um tom otimista, que surpreende. A perspectiva negativa poderá
ser revista se houver uma melhora nas incertezas políticas e consistência na
execução da política econômica. Neste caso, conclui a nota, poderá acontecer
uma rápida virada que ajudará o Brasil a sair da atual recessão. Nem tudo está
perdido.
Nem bem foi anunciado o rebaixamento da nota de
investimento do Brasil, o clima esquentou em Brasília. O anúncio dominou as
conversas na Câmara dos Deputados e no Senado. A nota coincide com o clima
pesado em que o governo mandou para o Congresso uma peça orçamentária com o
rombo previsto que passa dos R$ 30 bilhões.
O debate de alternativas para compensar o déficit,
como a volta do imposto do cheque, o aumento da contribuição sobre os
combustíveis e também a criação de novas alíquotas do Imposto de Renda, botaram
mais lenha na fervura política.
“Mesmo com esse rebaixamento, o Brasil ainda mantém um
alto grau de investimento. Se compararmos o grau de investimento externo no
Brasil de Dilma, mesmo com o Lula e com o governo FHC, é muito superior”, disse
o deputado José Guimarães (PT/CE), líder do governo na Câmara.
“Foi mais cedo do que todos nós esperávamos. Isso
mostra que o quadro da crise é mais grave do que nós imaginávamos na percepção
do mercado internacional. Em 2008, em abril, o presidente Lula festejava o grau
de investimento dizendo que era o sinal de respeito que o Brasil tinha. E agora
é o que?”, perguntou o deputado Bruno Araújo (PSDB/CE), líder da minoria na
Câmara.
Para se ter uma idéia do clima em Brasília, o ministro
do Planejamento Nelson Barbosa tinha marcado uma reunião com líderes da base
aliada para discutir economia, orçamento e contas do governo. A reunião foi
adiada, porque o ministro foi convocado para uma reunião com a presidente Dilma
Rousseff. O governo procura uma saída rápida.
Fonte: BBC – INTERN. - Nova York, EUA /
Brasília, DF.
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