João Batista
Pontes.
SOMOS CRISTÃOS?
Declaro-me cristão, apesar de considerar não ser
preciso ficar apregoando publicamente esta filosofia de vida ou convicção. Isto
porque entendemos que os ensinamentos de Jesus não nos foram ofertados para
serem falados, exaltados, discutidos ou exigidos dos outros. Acreditamos
firmemente que esses ensinamentos são para serem praticados. E, pensando sobre recentes acontecimentos divulgados pela
imprensa e/ou pelas redes sociais, relacionados a agressões – verbais ou
físicas - sofridas por personalidades de nossa sociedade, nos recordamos
daquela passagem evangélica, quando os escribas e fariseus trouxeram uma mulher
adúltera à presença de Jesus e disseram: "Mestre, esta mulher foi apanhada
em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam
apedrejadas; tu, pois, que dizes?” (João, 8:3-11). E Jesus, em resposta,
pronunciou uma das mais simples e efetiva lição, como era característica dos
seus ensinos: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe
atirar pedras”. E a passagem evangélica conta-nos que os acusadores, pelas
próprias consciências, transformaram-se em acusados e, pouco a pouco, foram se
retirando, a começar pelos mais velhos.
Relembramos,
também, o princípio jurídico da co-culpabilidade que, acreditamos, passará cada
vez mais a ser considerado, à medida que a consciência social se elevar. Ele
nos chama a atenção para a co-responsabilidade do Estado, e da própria sociedade, por nos constituirmos numa nação
tão desigual e injusta.
Em decorrência, esse princípio nos faz lembrar que,
numa sociedade onde as oportunidades e os privilégios são distribuídos tão
desigualmente, não se pode esperar, ou exigir, um mesmo padrão moral e de
comportamento de todos os cidadãos. E que essas enormes disparidades sociais nas
condições e oportunidades de educação, saúde, trabalho etc - devem ser levadas
em consideração em todos os nossos relacionamentos e, principalmente, nos
julgamentos. Assim, tanto por nos
declararmos cristãos, cuja essência é a fraternidade como pelo nosso compromisso
constitucional de construirmos uma sociedade plural e democrática com fundamento na dignidade
da pessoa humana, temos que ser tolerantes e muito abertos para convivermos com
as diferenças e respeitar a opinião daqueles que não pensam igual a nós.
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