terça-feira, 29 de setembro de 2015

COMENTÁRIO JOÃO BATISTA PONTES

 COMENTÁRIO

João Batista Pontes.

SOMOS CRISTÃOS?

Declaro-me cristão, apesar de considerar não ser preciso ficar apregoando publicamente esta filosofia de vida ou convicção. Isto porque entendemos que os ensinamentos de Jesus não nos foram ofertados para serem falados, exaltados, discutidos ou exigidos dos outros. Acreditamos firmemente que esses ensinamentos são para serem praticados. E, pensando sobre recentes acontecimentos divulgados pela imprensa e/ou pelas redes sociais, relacionados a agressões – verbais ou físicas - sofridas por personalidades de nossa sociedade, nos recordamos daquela passagem evangélica, quando os escribas e fariseus trouxeram uma mulher adúltera à presença de Jesus e disseram: "Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?” (João, 8:3-11). E Jesus, em resposta, pronunciou uma das mais simples e efetiva lição, como era característica dos seus ensinos: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar pedras”. E a passagem evangélica conta-nos que os acusadores, pelas próprias consciências, transformaram-se em acusados e, pouco a pouco, foram se retirando, a começar pelos mais velhos. 

Relembramos, também, o princípio jurídico da co-culpabilidade que, acreditamos, passará cada vez mais a ser considerado, à medida que a consciência social se elevar. Ele nos chama a atenção para a co-responsabilidade do Estado, e da própria sociedade, por nos constituirmos numa nação tão desigual e injusta.

Em decorrência, esse princípio nos faz lembrar que, numa sociedade onde as oportunidades e os privilégios são distribuídos tão desigualmente, não se pode esperar, ou exigir, um mesmo padrão moral e de comportamento de todos os cidadãos. E que essas enormes disparidades sociais nas condições e oportunidades de educação, saúde, trabalho etc - devem ser levadas em consideração em todos os nossos relacionamentos e, principalmente, nos julgamentos. Assim, tanto por nos declararmos cristãos, cuja essência é a fraternidade como pelo nosso compromisso constitucional de construirmos uma sociedade plural e democrática com fundamento na dignidade da pessoa humana, temos que ser tolerantes e muito abertos para convivermos com as diferenças e respeitar a opinião daqueles que não pensam igual a nós.

*João Batista Pontes – Geólogo, escritor e jornalista – novarrussense, residente em Brasília DF.

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