COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.INCOERÊNCIA POLÍTICA.
Nobres:
No momento em que o Congresso discute mais uma reforma
política, onde deveria ser o cenário das atenções da sociedade brasileira, a
Câmara e Senado já aprovaram alguns temas, mas ainda não concluíram mudanças
que atendam aos anseios dos brasileiros. O prejuízo para a sociedade é grande.
Hoje não só a economia está enferma, também o cenário político cada vez mais
tempestuoso diante da proliferação de corrupções. É lastimável, mas por maioria
dos parlamentares, questões cruciais como financiamento privado das campanhas e
coligações partidárias nas eleições proporcionais que dão “sobrevida” aos
partidos de aluguel estão no meio caminho, sem um consenso, porque as duas
Casas divergem. Muitos políticos se acham dependentes do poder econômico para
se elegerem. Não enxergam que o modelo está falido e que o maior prejudicado é
a própria classe, que não consegue recuperar sua credibilidade. É imperioso
reduzir os gastos de campanha. É possível fazer política com pouco dinheiro.
Agora, ao menos no Senado, conseguimos a duras penas, por pequena margem,
acabar com as doações de empresas privadas. Só as pessoas físicas poderão doar,
mas no limite dos ganhos tributáveis do ano anterior. Foi um grande avanço.
Falta a Câmara homologar e rever sua posição já que optara por contribuições
empresariais para os partidos até o teto de R$ 20 milhões por empresa. Se a
posição do Senado prevalecer, fatores que induziram às propinas apuradas na
operação Lava-Jato serão desestimulados. Será um freio na relação imprópria
entre empresas, candidatos e partidos que está no âmago da corrupção. Mas isso
vai depender agora da adesão da Câmara. Quanto às coligações partidárias nas
eleições proporcionais, chegou-se a uma solução em que os votos serão
computados individualmente para cada partido. Além disso, as exigências para a
criação de legendas e acesso ao Fundo Partidário aumentaram, reduzindo a proliferação
de siglas sem representação. O problema é que não há harmonia de interesses
entre as Casas do Congresso. O Senado dá um passo à frente, mas ainda sem a
posição da Câmara. Com isto, mais uma vez, a constatação é de que os avanços no
combate aos vícios do sistema político são árduos. Mas vamos continuar na luta
para melhoria do comportamento do político brasileiro, que seja sua única
sobrevivência nos escombros de suas ações costumeiras e se isentam de
responsabilidades delegando os prejuízos e encargos para sociedade em função da
prática corrupta que estimam.
Antônio
Scarcela Jorge.
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