DÓLAR SE MANTÉM ACIMA DE R$ 4 E VOLTA A FECHAR NO MAIOR VALOR DA HISTÓRIA.
Apesar de intervenção do BC, a moeda fechou em alta.
O dólar subiu 2,28%, cotado a R$ 4,1461 na venda.
O dólar fechou em alta pela quinta vez seguida nesta
quarta-feira (23), e voltou a terminar o dia no maior valor da história. O
dólar subiu 2,28%, cotado a R$ 4,1461 na venda. Veja a cotação. Na máxima do
dia, o dólar chegou a ser cotado a R$ 4,1517.
Depois de abrir o pregão em queda, o dólar passou a subir minutos depois. Após a moeda bater R$ 4,14 mais cedo, por conta de preocupações com a situação econômica e política no país e temores externos, o Banco Central intensificou a intervenção no câmbio nesta quarta-feira com o anúncio de novos leilões.
Foi o maior avanço diário em três semanas. Na semana e no mês, o dólar acumula
alta de 4,75% e 14,31%, respectivamente. Em cinco sessões, o avanço foi de
8,14%. No ano, a moeda já subiu 55,94%.
Intervenção
do BC.
O BC vendeu no início da tarde 4,4 mil swaps cambiais
(papéis que equivalem a uma venda futura de dólares, e servem como uma proteção
contra a alta da moeda), da oferta de até 20 mil. O BC anunciou ainda para a
tarde desta quarta, o leilão de venda de até US$ 2 bilhões com compromisso de
recompra e, na quinta-feira, outra oferta de até 20 mil swaps cambiais. Todos
esses leilões, segundo assessoria de imprensa do BC, não são para rolar (trocar
títulos que vencem por títulos novos, para evitar tirar esses recursos do
mercado) contratos já existentes.
O BC voltou a realizar neste mês os chamados leilões
de linha (venda de moeda norte-americana com compromisso de recompra nos meses
seguintes). Ao vender dólares no mercado, o BC atua para tentar conter a alta
da moeda – fator que prejudica o controle da inflação, uma vez que insumos e
produtos importados ficam mais caros.
Desde abril, o BC não fazia leilão de swap sem ser
para rolagem. O Banco Central também deu continuidade ao seu programa diário de
interferência no câmbio, seguindo a rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro,
vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos. Ao todo, já rolou o
equivalente a US$ 7,179 bilhões, ou cerca de 76% do lote total, que corresponde
a US$ 9,458 bilhões.
"Uma atuação como essa deveria segurar um pouco,
mas a volatilidade está muito grande", disse à Reuters o gerente de câmbio
da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "O mercado está perdido e
corre para o dólar".
Preocupações
com o Brasil e pressão externa.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente do Banco
Central Europeu (BCE), Mario Draghi, expressou preocupação com a economia
global, o que se somou à já forte apreensão com a economia e a política
brasileira.
Mais cedo, a moeda chegou a cair quase 1%, a R$ 4,0145
na mínima do dia, após o Congresso
manter alguns vetos da presidente Dilma Rousseff que não
devem prejudicar o ajuste fiscal, mas adiar a análise de outros itens
importantes
"(Draghi demonstrou) preocupação com a
perspectiva de crescimento global e a apreensão com o Brasil continua",
resumiu o economista da 4Cast Pedro Tuesta. Draghi afirmou nesta manhã que o
BCE precisa de mais tempo para avaliar se é necessário fortalecer seu programa
de compra de ativos, ao mesmo tempo em que ressaltou que a desaceleração de
mercados emergentes, o avanço do euro e a queda dos preços de commodities
prejudicam as perspectivas econômicas.
A pressão externa somou-se ao quadro político e
econômico preocupante no Brasil. Embora a decisão do Congresso nesta madrugada
tenha aliviado um pouco essas preocupações, o mercado seguia temeroso.
"O veto mais importante é o do aumento (de
salários dos servidores do) Judiciário e não sabemos quando ele vai ser
analisado", disse à Reuters o operador de uma corretora nacional,
referindo-se ao veto que, se derrubado, vai gerar gastos de R$ 36 bilhões até
2019, segundo cálculos do governo.
A moeda foi pressionada pela notícia de que o ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, cancelou viagem a Nova York, segundo a Reuters.
Citando riscos aos planos fiscais do governo no curto
prazo e a grande probabilidade de novos rebaixamentos da nota de crédito do
Brasil, o Credit Suisse passou a projetar que o dólar deve atingir R$ 4,25 em
três meses e R$ 4,50 em 12 meses, contra R$ 3,65 e R$ 4,10 reais,
respectivamente.
Recorde.
A cotação foi a mais alta já registrada desde a
criação do real - recorde atingido também na terça-feira (22), quando a moeda
fechou a R$ 4,05. A maior até então havia sido registrada em 10 de outubro de
2002, quando o dólar chegou a ser vendido a R$ 4 durante o pregão, mas
desacelerou a alta e fechou naquele dia a R$ 3,98.
Na época, a moeda
norte-americana foi impulsionada, entre outros, pelas perspectivas de que o
então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito, algo
que não agradava o mercado financeiro.
No passado,
houve um breve período em que R$ 1 chegou a valer mais que US$ 1 na carteira.
Isso aconteceu entre 1994 e 1999, quando o governo passou a controlar
artificialmente a cotação da moeda norte-americana para estabilizar a economia
do país, recém-saída de uma hiperinflação.
Dólar
turismo a mais de R$ 4,60
O G1 pesquisou o preço para o valor
do dólar em três casas de câmbio. A cotação chega a R$ 4,62 no cartão pré-pago
(já inclusos os 6,38% de IOF) na Confidence Câmbio. Em espécie, a moeda sai por
R$ 4,39. Na Get Money, a cotação chega a R$ 4,58 no cartão pré-pago (já
inclusos os 6,38% de IOF). Em espécie, a moeda sai por R$ 4,34. Na Cotação, o
dólar sai por R$ 4,39 em espécie, e R$ 4,61.
Fonte: G1.
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