Preocupações com quadro fiscal levam moeda americana a R$ 3,75 após alta de quase 2%; Bovespa interrompe seqüência de recuos e sobe 2,17%.
O dólar fechou em alta de quase 2% nesta quarta-feira,
alcançando o patamar de 3,75 reais pela primeira vez desde 2002. Esta foi a
quarta sessão consecutiva de valorização da divisa. Após o governo entregar ao
Congresso o texto do Orçamento de 2016 com previsão de déficit de
30,5 bilhões de reais, aumentaram as preocupações do mercado com a situação
fiscal do país e o risco de perda do grau de investimento, o selo internacional
de bom pagador.
Em números exatos, a moeda americana avançou 1,95%, a
3,759 reais na venda, maior nível desde 12 de dezembro de 2002 (3,785 reais).
Na máxima da sessão, a divisa ainda chegou a bater 3,773 reais, maior nível de
negociação antes do fechamento desde 13 de dezembro de 2002 (3,7750 reais). No
ano, alta acumulada é de 41,41%.
"Tanto na política quanto na economia, a situação
está muito difícil. É provável que o dólar suba ainda mais", afirmou o
superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca, que espera que a
moeda se aproxime de 4 reais nas próximas semanas.
A expectativa de que o país pode perder o certificado
de bom pagador tem levado investidores a se desfazerem de ativos lastreados em
reais, o que pressiona o câmbio. Esse movimento resistiu mesmo à queda do dólar
em relação a outras moedas emergentes na sessão desta quarta, um respiro após
fortes altas provocadas por preocupações com a economia chinesa.
"A questão é que o BC não vai usar armas
poderosas demais, como leilões (de dólares) no mercado à vista, porque aí a
sinalização vai fazer o mercado testar a disposição dele (de intervir cada vez
mais)", afirmou o operador de um importante banco nacional.
Nesta manhã, a instituição vendeu a oferta total de
até 9.450 contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda futura
de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já
rolou 915 milhões de dólares, ou cerca de 10% do total de 9,458 bilhões de
dólares - e, se continuar neste ritmo, vai recolocar todo o lote.
Na segunda-feira, o BC fez leilão de venda de até 2,4
bilhões de dólares com compromisso de recompra, mas não anunciou outros até
agora. Alguns operadores já cogitam que o BC pode intervir no mercado à vista,
vendendo dólares e usando recursos das reservas internacionais.
Bovespa - Após três
pregões seguidos de queda, a bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou
a recuperação dos mercados acionários internacionais e subiu nesta
quarta-feira. A valorização do dólar para o nível recorde de 3,75 reais
beneficiou as empresas exportadoras, que tiveram um pregão vigoroso e ajudaram
a sustentar o índice Ibovespa, o principal índice da Bovespa.
A bolsa paulista terminou o dia em alta de 2,17%, aos
46.463,96 pontos. Na mínima, marcou 45.445 pontos (-0,07%) e, na máxima, 46.474
pontos (2,19%). No mês, no entanto, acumula perda de 0,35% e, no ano, de 7,09%.
O giro financeiro totalizou 6,864 bilhões de reais.
As empresas exportadoras registraram os melhores
desempenhos do Ibovespa nesta quarta, com destaque para Metalúrgica Gerdau PN
(12,90%), JBS ON (7,71%), Suzano PNA (+7,45%) e Klabin Unit (+6,52%). Na mesma leva,
Vale ON avançou 5,91% e Vale PNA, 5,81%. Ainda no setor siderúrgico, Usiminas
PNA teve valorização de 4,84%, enquanto CSN ON subiu 5,10%.
Petrobras, por sua vez, oscilou ao sabor dos preços do
petróleo, ora em alta, ora em queda. No final, as ações ordinárias (com direito
a voto) tiveram ganhado de 2,51%, enquanto as preferenciais (sem direito a
voto) subiram 2,68%. O contrato do petróleo para outubro subiu 1,85%, para
46,25 dólares o barril.
Fonte: Agência Reuters.
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