Afastado
do núcleo palaciano, o vice-presidente tem dado declarações polêmicas sobre a
permanência de Dilma no cargo.
A
oposição se anima e tenta potencializar o desgaste, impulsionando o impeachment
na pauta.
Pouco mais de um mês depois da polêmica declaração de
que o País precisava de um nome que o reunificasse, o vice-presidente da
República, o peemedebista Michel Temer, voltou a criar outra saia-justa para si
e para o governo federal.
Desta vez, Temer afirmou, durante evento anti-governo
organizado pelo grupo “Política Viva”, na última quinta-feira, 3, que, com a
baixa popularidade, Dilma não resistiria pelos próximos três anos e meio.
Dita em um momento de grave crise política pelo
virtual sucessor de Dilma caso a presidente seja afastada ou renuncie, a fala
acabou gerando insatisfação entre petistas e deu ânimo à oposição, liderada
pelo PSDB, que prega o impeachment.
Até mesmo congressistas do PMDB que atuam em sintonia
com o vice afirmaram, em caráter reservado, que Temer “caiu numa armadilha” ao
participar de um evento organizado por um movimento contra o governo. Para
eles, as declarações assumiram caráter mais forte no ambiente em que foram
ditas.
O discurso acena ao segmento do PMDB que deseja romper
com o Palácio do Planalto - entre eles, o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (RJ). Os principais dirigentes da legenda, porém, ainda defendem
que o desembarque do partido, caso se efetive, seja calculado. O clima
efervescente hoje poderá ter desdobramentos no congresso nacional do PMDB,
marcado para 15 de novembro.
As palavras do vice mostram, no mínimo, relativo
desalinhamento de discurso entre a chefe do Executivo nacional e o
peemedebista. Diante do burburinho negativo criado após as declarações, o
governo tentou rapidamente colocar panos quentes no que poderia vir a ser uma
nova crise.
O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, foi à
imprensa e disse que as palavras de Temer foram colocadas “fora de contexto” e
que foram “mal interpretadas”.
Também para o senador Eunício Oliveira (PMDB), o
vice-presidente foi mal-interpretado. Eunício garante que Temer não se referia
à presidente Dilma, e que sua declaração foi feita de forma genérica quando
colocou que “nenhum” gestor conseguiria se manter no poder com baixo apoio
popular.
Figura
ambígua.
Para o cientista político da
Unicamp, Valeriano Costa, Michel Temer tem o perfil de uma figura ambígua no
cenário nacional. As movimentações ora a favor do governo, ora alimentando
discursos de dubiedade, são calculadas no sentido de atender às alas do PMDB.
“Temer é a única figura de
ressonância mais ampla do PMDB.
O Renan Calheiros e o Eduardo Cunha estão muito abatidos, tentando sobreviver. Não tem figura que una o partido, e ele quer, neste momento, atender a todo mundo”, analisa.
O Renan Calheiros e o Eduardo Cunha estão muito abatidos, tentando sobreviver. Não tem figura que una o partido, e ele quer, neste momento, atender a todo mundo”, analisa.
Para o pesquisador, a hipótese de conspiração,
colocada por uma ala do PT, é sem consistência. “O vice não tem interesse em
assumir o País. O Temer derrubar o governo agora seria dar um tiro no próprio
pé”. (com agências)
Frases.
"NEM O PMDB É CONSPIRADOR, NEM O MICHEL ESTÁ EM
NENHUMA CONSPIRAÇÃO. SE O PMDB FOSSE CONSPIRADOR, JÁ TERIA FEITO O
IMPEACHMENT"
Eunício
Oliveira, senador.
"MICHEL TEMER É UMA FIGURA AMBÍGUA, POR
ISSO PRECISA ATENDER ÀS VÁRIAS ALAS DO PMDB QUE APOIAM OU SÃO CONTRA O GOVERNO”
Valerinano Costa, cientista político pela Unicamp.
"NINGUÉM VAI RESISTIR TRÊS ANOS E MEIO COM ESSE
ÍNDICE BAIXO. SE CONTINUAR ASSIM, 7%, 8% DE POPULARIDADE, DE FATO, FICA
DIFÍCIL”
Michel
Temer, vice-presidente.
FALA DE TEMER SOBRE POPULARIDADE DE DILMA PROVOCA REAÇÕES EM BRASÍLIA.
O vice-presidente disse que com a popularidade baixa é difícil a presidente Dilma resistir até o fim do mandato, mais três anos e meio.
O Palácio do Planalto reagiu mal nesta sexta-feira (4)
à fala do vice-presidente Michel Temer de que será difícil a presidente Dilma Rousseff resistir três anos no cargo sem apoio
popular.
As declarações do vice-presidente Michel Temer provocaram
reações nesta sexta-feira (4) em Brasília. Ele disse que, com a popularidade
baixa, vai ser difícil a presidente Dilma resistir até o fim do mandato, por
mais três anos e meio.
A declaração foi feita durante um encontro com
empresários em São Paulo. Michel Temer disse que vai ser difícil a presidente
Dilma resistir até o fim do mandato com a popularidade baixa. Mas Temer disse
também que com as medidas tomadas na economia tem a impressão de que as coisas
começam a melhorar em meados do ano que vem.
“Eu pessoalmente acho que com as medidas tomadas, já
tomadas, com aquelas que serão tomadas ao longo do tempo, o Levy, nesse ponto,
Nelson Barbosa, são pessoas muito experientes, muito experimentadas, eu tenho
impressão que em breve, eu digo, pelo menos em meados do ano que vem, eu acho
que as coisas começam a melhorar.
E essa coisa da avaliação popular, é mais ou
menos cíclica. Hoje realmente o índice é muito baixo. Ninguém vai resistir três
anos e meio com esse índice baixo. Muitas vezes, se a economia começar a
melhorar, se a classe política colaborar, o índice acaba voltando a um patamar
razoável. O que nós precisamos, Rosângela, é ... não é torcer, é trabalhar para
que nós possamos estabilizar essas relações. Se continuar assim, eu vou dizer a
você, continuar 7%, 8% de popularidade, de fato fica difícil passar por três
anos e meio assim”, afirmou Temer.
A presidente Dilma Rousseff não gostou
da declaração do vice-presidente. E quem esteve com ele, disse que Temer pensou
muito antes de falar. E quis, sim, mandar um recado. Que o governo só tem uma
alternativa: precisa se acertar e precisa fortalecer o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy. Mas para o Planalto o momento para esse recado não podia ter sido
pior, logo após a presidente ter garantido a permanência de Levy no governo.
Líderes do PMDB, partido do vice Michel Temer, se
dividiram. Para alguns Temer está preparando o momento para o PMDB desembarcar
do governo, como defende, por exemplo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Já o senador Romero Jucá disse que o PMDB não pensa em deixar o governo, que apóia
e quer ajudar a presidente Dilma, mas quer mudanças. Jucá disse, ainda, que a
declaração de Temer foi tirada do contexto, mas que é óbvia.
“A declaração de o vice-presidente Michel Temer é
verdadeira. Todos os políticos avaliam dessa forma. Agora é preciso pegar a
declaração inteira. O vice-presidente diz que dessa forma não pode continuar,
vai ter muita dificuldade, mas diz também que o governo tem que fazer um
esforço no sentido de melhorar a economia para recuperar a popularidade”, disse
o senador Romero Jucá (PMDB-RR)
O presidente dos Democratas, senador José Agripino,
disse que a frase de Michel Temer mostra como está a relação do governo com o
PMDB.
“No PMDB há várias alas e há a ala que é claramente
insatisfeita com o governo. Eu acho que não há ainda dentro do PMDB uma posição
que pudesse ser exposta de forma clara pelo vice-presidente, que é o presidente
do partido. Agora, não deixa de ser uma declaração que é comprometedora para o
governo, não deixa de ser um sinal dos tempos”, afirmou o senador José Agripino
(DEM-RN).
Falando pelo governo, o ministro da Comunicação Social,
Edinho Silva, também disse que a frase de Michel Temer foi tirada do contexto.
E que o Palácio do Planalto confia na lealdade dele.
“Essa expressão, ela fora de contexto ela pode ser mal interpretada. Mas no contexto fica claro o objetivo do vice-presidente Michel Temer, que é unificar o governo na busca da melhoria da popularidade. Para nós o fundamental tem sido a postura do vice-presidente Michel Temer. E nesse sentido ele tem sido extremamente leal, correto, não só com o governo da presidenta Dilma, mas leal e correto com os interesses do país”, disse o ministro Edinho Silva.
Fonte: Agência Brasil.“Essa expressão, ela fora de contexto ela pode ser mal interpretada. Mas no contexto fica claro o objetivo do vice-presidente Michel Temer, que é unificar o governo na busca da melhoria da popularidade. Para nós o fundamental tem sido a postura do vice-presidente Michel Temer. E nesse sentido ele tem sido extremamente leal, correto, não só com o governo da presidenta Dilma, mas leal e correto com os interesses do país”, disse o ministro Edinho Silva.
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