terça-feira, 4 de novembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 2014

COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE.

REALIDADE INCONTESTÁVEL.

Nobres:
Por alento imposto diante do nosso cotidiano, busco conhecimentos sobre a política econômica interna e externa para que não incorra discussões descabidas e desproporcionais no padrão político, quando a única fonte de discussão é a consagrada “bolsa família” foco de assistencialismo e protecionalíssimo programa do governo brasileiro que mantem o curral eleitoral para classes de menor conceito cultural e em contrapartida se mantém a custa desse segmento que não quer ouvir falar em emprego formal. (triste constatação dos dados estatísticos do IBGE). É manifesto que a inflação resistente, está convivendo com o crescimento baixo, impõe limitadas ações ao governo. O que mais surpreendeu a todos que exatos três dias após a eleição presidencial o Banco Central elevou a Selic, reconhecendo a gravidade da situação econômica. É esperada, além do aperto na política monetária, também uma contração fiscal, com a redução do gasto público, um dos vilões da resistente inflação. Essas ações atuam alinhadamente para a retração da atividade econômica, inibindo o crescimento, com menor geração de emprego e renda e da lucratividade das empresas. Há, portanto, um ciclo, do qual fazem parte ainda a questão cambial, com a desvalorização do real e a deterioração da balança comercial e do balanço de pagamentos, gerando um cenário preocupante, resumido na possível perda do chamado grau de investimento. A quebra desse ciclo passa pelo enfrentamento de uma questão estrutural nunca bem resolvida pelos governos que se sucedem que é a baixa taxa de investimento da economia brasileira. Uma das razões disso se explica pela reduzida poupança interna que deveria se somar aos recursos de investidores estrangeiros para alavancar o crescimento econômico. O insucesso de sucessivas políticas está bem demonstrado em estudo do FMI que coloca o Brasil, em um ranking de 32 países da América Latina e Caribe na 23ª posição em relação à taxa de investimento, sendo que desde 1994 nos situamos sempre abaixo da média da região.
O esforço importante de dotar o BNDES de recursos para estimular os mais diversos setores, com taxas de juros subsidiadas, teve como fonte a emissão de dívida pública, hoje superior a R$ 400 bilhões, repassados ao banco pelo Tesouro.
O Investimento Externo Direto próximo de US$ 60 bilhões anuais se soma ao BNDES e, ainda assim, a taxa de investimento em relação ao PIB fica abaixo de 18%, devendo cair em 2014. Portanto, o desafio passa pela capacidade do governo em atrair investimentos externos para perseguir níveis necessários de investimentos próximos a 23% do PIB e reduzindo a exposição do BNDES como fonte financeira básica, tendo em vista o esgotamento deste modelo. O tema de casa é recuperar a percepção negativa da economia brasileira, com ajustes ortodoxos e a criação de condições que viabilizem investimentos, iniciando na infraestrutura, reduzindo seus históricos gargalos e dar base para a melhoria da matriz produtiva. Na prática do cotidiano nos faz sentir a inflação o peso do nosso “bolso” que está diminuindo o poder de compra do nosso povo.
Antônio Scarcela Jorge.

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