O Brasil está sofrendo uma seca
sem precedentes que provocará o primeiro déficit de produção em cinco anos no
mercado mundial de café, do qual o país sul-americano é o maior produtor e
exportador mundial.
O déficit de produção será
"de ao menos 2 milhões de sacas" no período 2014-2015, declarou em
uma coletiva de imprensa em Londres o diretor-executivo da Organização
Internacional do Café (OIC), o brasileiro Robério Oliveira Silva.
Cada saca tem 60 quilos.
As previsões são atribuídas,
"em grande parte, à seca brasileira", explicou o diretor da
organização que reúne os países produtores e que tem sua sede na capital
britânica.
"Mesmo com o aumento
esperado da produção colombiana, não prevemos um mercado equilibrado",
concluiu Oliveira Silva ao término da reunião semestral da OIC.
"Sempre avisamos que existia
um equilíbrio muito estreito no mercado e que qualquer coisa que afetasse a
oferta prejudicaria o mercado", lembrou.
Oliveira Silva declarou que estão
à espera de que as autoridades brasileiras comuniquem as perdas exatas na
colheita para ter uma ideia mais precisa da escassez que está por vir, mas
2014-2015 será a primeira temporada de déficit no mercado após quatro de
excedentes.
A Colômbia, quarta produtora mundial,
teve em 2013 uma colheita de 10,9 milhões de sacas, 41% superior à de 2012,
segundo dados da Federação de Cafeicultores do país, graças a um programa de
renovação dos cafezais.
O Brasil é o primeiro produtor e
exportador mundial e viveu em janeiro sua pior seca em décadas.
O estado de Minas Gerais, onde a
maior parte dos cultivos de café do país se localiza, foi particularmente
afetado por este tempo anormalmente seco, justo em pleno amadurecimento dos
frutos, que serão colhidos a partir de abril.
Os analistas começaram a revisar
suas previsões para a próxima colheita - a OIC disse que esperará dados do
Brasil para se pronunciar. O gabinete F.O.Licht diminuiu em 15% sua previsão e
estimou que a colheita será de 48 milhões de sacas.
"Parece uma seca quase sem
precedentes. Olhamos os dados até os anos 1950 e não podemos encontrar dois
meses como estes", declarou na coletiva de imprensa Peter Baker,
especialista em mudanças climáticas e matérias-primas agrícolas da CABI, uma
organização não governamental que assessora a OIC.
"Não posso lembrar uma seca
similar afetando tanto café", insistiu Baker. A seca "está encolhendo
as bagas, não crescem. Janeiro e fevereiro são particularmente importantes para
que as bagas se encham e cresçam bem".
A escassez coincidirá com um
período de expansão da demanda, com um crescimento estimado de 2,4% em 2013,
segundo Mauricio Galindo, chefe de operações da OIC.
A perspectiva de escassez no
mercado fez os preços dispararem e a variedade arábica - dois terços da
produção brasileira - alcançou nesta semana seus preços mais altos em dois
anos.
O preço superou os 2 dólares a
libra em Nova York, enquanto a variedade robusta, que é cotada em Londres,
alcançou 2.136 dólares a tonelada, seu valor mais alto em quase um ano.
"Os mercados esperam
claramente um déficit da oferta e um aumento adicional dos preços",
estimou o Commerzbank em seu boletim de análises.
Em menor medida, o açúcar também
será afetado pelo calor brasileiro e na quinta-feira alcançou seu preço mais
alto em quatro meses, ao se situar em 490 dólares a tonelada em Londres e 18,47
centavos a libra em Nova York.
Fonte: Reuters.
Nenhum comentário:
Postar um comentário