02.03.2014.
PAÍS GAIATO
Há países com identidade, perfil,
história, sentimentos e ações que os tornam odiados ou admirados pelos que não
pensam apenas o local, o regional, mas têm visão universal. A Alemanha, por
exemplo, tem jeitão próprio de ser, quer se goste ou não dela. Portugal, pátria
mãe, é conhecido pelo jeito arrastado, linguagem diversa do coloquial
brasileiro e cultiva a dor do fado, no modo pesado de ser dos lusitanos. O
Brasil é, por outro lado, país em busca de identidade social, algo além do
futebol e do carnaval. Nessa busca sem tréguas, o Brasil revistado por Gilberto
Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e até por Contardo Calligaris, não dá tréguas
e participa de tudo. G-8, G-20, MERCOSUL, ONU, Brics, FIFA, UNESCO, concursos
de misses e do raio que o parta. A derradeira foi participar de jogos em que as
modalidades são, entre outras, bobsled, patinação artística, slalom e esqui
aéreo. Você as conhecia? Nem eu.
A palhaçada começou em 1992 e
chegou a 2014, em Sochi, na Rússia. Sete Jogos. Sabem quantas medalhas
ganhamos? Zero. Por outro lado, já temos duas confederações (r) esfriadas. São
a Brasileira de Desportos de Neve e a de Desportos de Gelo. Quanta imaginação
de sabidos. Recebem dinheiro dos governos e das lotos, recrutam técnicos
estrangeiros, cartolas e até alguns nacionais que moram em outros países. E lá
se vão para os campos nevados e voltam os que voltam fagueiros, enrolados na
bandeira nacional, defenderam a pátria, e dizem: vão melhorar. A Pátria,
segundo Lermontov, escritor russo, por sinal, "está onde somos
amados". Quem ama quem?
João Soares Neto
Escritor
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