COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
Nobres:
No cotidiano político da nação evidencia no momento a
crise econômica potencializa a crise política e aumenta a descrença dos
cidadãos nos seus representantes, levando pequenos grupos de pessoas a optarem
pela “força” em generalizações insensatas. Não precisamos disso, a cada dia
notamos a fragilidade do governo que se rendeu aos corruptos. Diante do
exposto, essas manifestações são compreensíveis no atual momento do país e até
legítimas, se considerarmos que vivemos numa democracia e desfrutamos ampla
liberdade de expressão. Mas podem e devem ser questionadas no contexto de um
debate saudável sobre os rumos do país. Os brasileiros optaram inequivocamente
pela democracia, pelo sistema presidencialista e pela representatividade
parlamentar. Se um ou mais desses preceitos estão sendo desvirtuados, cabe
corrigi-los e não substituí-los por alternativas simplistas que já foram
tentadas antes e só trouxeram danos para a nação. O chamado presidencialismo de
coalizão, como está sendo praticado no país, é uma deformação condenável. Não
se pode aceitar como normais e morais o loteamento desenfreado da administração
pública, a troca de cargos por apoio político, a entrega de ministérios para
pessoas despreparadas e o acumpliciamento de homens públicos com a corrupção,
misturando o Estado e o privado. Essa evidente deformação, somada a mazelas
históricas como altos salários, uso particular de patrimônio público e gastos
indevidos, faz com que o cidadão se sinta traído pelos políticos que elegeu
para representá-lo e também com que o contribuinte se sinta extorquido pelo
poder público. Mas política não é só isso. Essa atividade também é exercida por
homens e mulheres decentes, comprometidos com o interesse público e com o
desenvolvimento do país. E a democracia representativa ainda é o melhor sistema
de proteção dos direitos dos cidadãos que se conhece, pois permite que
fiscalizem seus representantes, garante-lhes liberdade de expressão e de
manifestação e assegura o funcionamento pleno de instituições criadas para
promover o bem comum. Se fizermos bom uso dessas prerrogativas em vez de nos
deixarmos abater pelo derrotismo, estaremos contribuindo efetivamente para a
construção de um país mais digno e racional.
Antônio
Scarcela Jorge.
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