Suposição de saída de ministro da
Fazenda gerou instabilidade no mercado.
Levy cancelou viagem para Turquia nesta quinta para se reunir com Dilma.
O ministro da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, afirmou em entrevista concedida nesta quinta-feira
(3) no Palácio do Planalto que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não
deixará o governo.
O mercado financeiro ficou apreensivo com informações
de que Levy poderia deixar a equipe econômica, o que ajudou a elevar a cotação
do dólar. Depois que o ministro da Fazenda cancelou viagem à Turquia, para onde
embarcaria nesta quinta a fim de participar de encontro com ministros de
economia de outros países, o dólar acentuou a alta, e chegou a
passar de R$ 3,80. O motivo do cancelamento da viagem foi uma reunião
com a presidente Dilma Rousseff, o próprio Mercadante e o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa.
De acordo com Mercadante, não foi discutida a hipótese
de saída de Levy na reunião. Segundo ele, o motivo da reunião foi o Orçamento
de 2016.
Evidente que Levy fica. Ele tem compromisso com
o Brasil, tem compromisso com esse projeto, sabe a importância do trabalho que
ele tem para a sétima economia do mundo como ministro da Fazenda. Não foi
tratado esse assunto, tratamos de coisas objetivas e de uma agenda
construtiva", declarou.
Para o ministro, a suposição de que Levy deixaria o
governo é motivada por turbulência provocada por "gente especulando e tentando
ganhar dinheiro".
"Em momento de instabilidade, tem uma aliança
entre os mal informados e os mal intencionados. Tem gente especulando e
tentando ganhar dinheiro com turbulência, mas isso não está na pauta do
governo. Ele está na equipe, ajuda muito e vai continuar ajudando o
Brasil", afirmou Mercadante.
Antes mesmo do fim da reunião, o ministro da
Comunicação Social, Edinho Silva, já afirmava que Levy permaneceria. "O
ministro Levy fica porque sempre ficou. Nunca saiu, sempre esteve forte",
disse Edinho Silva.
O Palácio do Planalto informou que a reunião entre
Dilma, Levy, Mercadante e Barbosa foi um encontro da junta orçamentária do
governo, grupo composto pela presidente e pelos ministros da Fazenda, do
Planejamento e da Casa Civil.
Antes da reunião, ao deixar o Ministério da Fazenda, o
ministro Levy foi questionado se iria sair do governo e respondeu que estava
indo para o Palácio do Planalto. Logo em seguida, foi perguntado se
permaneceria no cargo e respondeu, ao entrar em seu veículo, que estava no
"carro".
Nesta quarta-feira (2), a presidente Dilma Rousseff defendeu
o ministro da Fazenda, após ter sido questionada sobre desgaste ou isolamento
de Levy. "O ministro Levy não está desgastado dentro do governo. Ele
participou conosco de todas as etapas da construção do Orçamento. Ele tem o
respeito de todos nós", disse, na ocasião.
'Convergência'
Mercadante afirmou ainda que há um clima de
"convergência" e de "dedicação", ao ser questionado sobre
se Levy continua de forma confortável no governo.
"Há um clima de convergência, clima de unidade,
clima de dedicação, de arregaçar as mangas e trabalhar", disse.
O ministro da Casa Civil disse, ainda, que Levy
"tem que ir" à reunião do G20. "É função dele e não muda nada o
compromisso dele, a dedicação", afirmou. Nesta quinta, no entanto, o
Ministério da Fazenda informou que Levy cancelou a viagem à Turquia, onde
ocorrerá o encontro.
Após a reunião com os ministros da área econômica,
Mercadante disse que há "total unidade" da equipe em relação à
necessidade de cortar gastos e de melhorar a receita.
"Há total unidade da equipe em relação a que
precisamos continuar esforço de cortar gasto, melhorar gestão e eficiência do
gasto público, enxugar estrutura administrativa, e melhorar receita. Vamos ter
que melhorar receita. As duas coisas têm que ser feitas e todo mundo está de
acordo", afirmou.
Na recente articulação para fechar o Orçamento do
ano que vem, ficou claro que o caminho defendido por Levy era o do corte de
despesas. Por outro lado, Barbosa, com o apoio de Mercadante, preferiu apostar
no aumento de imposto.
Orçamento.
Durante a entrevista, Mercadante afirmou que o país "não pode ficar confortável com um déficit de R$ 30 bilhões no Orçamento" e que o governo está "totalmente alinhado" com o esforço de melhorar a situação fiscal do Brasil.
Mercadante afirmou que "a grande despesa do
Brasil hoje" é a Previdência Social, que, segundo ele, representa 55% do
gasto do governo.
Além de reduzir despesas, o governo precisa melhorar a
receita, defendeu Mercadante.
"Precisamos melhorar receita. O governo está
ouvindo parlamentares, economistas, analistas para ver os vários cenários e
fazer medidas que tenham menos impacto na vida da população e da
economia", disse. "Precisamos melhorar receita e continuar esforço
para reduzir gasto."
Na reunião desta quinta, segundo Mercadante, os
ministros fizeram uma avaliação do cenário no Congresso Nacional.
"Fizemos discussões com as principais bancadas do
Congresso da importância de manter vetos que têm muita incidência sobre as finanças
do país. O sentimento é que há grande apoio parlamentar para isso", disse.
Um dos vetos que o Congresso tem de analisar é aquele
que concede reajuste de ate 78% para os servidores do Judiciário. Segundo o
Ministério do Planejamento, o impacto seria de R$ 1,5 bilhão, em 2015; em R$
5,3 bilhões, em 2016; R$ 8,4 bilhões, em 2017; e R$ 10,5 bilhões, em 2018.
Fonte: Agência O Globo.
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