Advogado de Paulo
Roberto Costa diz que ele falou genericamente à PF.
O
advogado João Mestieri, que representa o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa, disse que o cliente "fez uma introdução à
abordagem política" do esquema de corrupção desvendado na estatal a partir
da Operação Lava Jato.
Ainda
de acordo com o advogado, Costa não citou nomes no depoimento prestado nesta
terça-feira (23), na sede da Polícia Federal em Curitiba.
“O
que ele fez foi uma introdução à abordagem política, sem dar ênfase a nome
algum por enquanto. Apenas isso. Uma panorâmica de tudo que possa existir em
relação aos parlamentares. É nave mãe de tudo isso”, disse Mestieri.
Paulo
Roberto Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro por participação no
esquema de corrupção, desvio, e lavagem de dinheiro na petrolífera. Ele foi a
Curitiba para uma acareação com o doleiro Alberto Youssef, para este depoimento
e também para uma audiência na Justiça Federal que ocorre a tarde. Ainda nesta
noite, ele retorna ao Rio de Janeiro, de acordo com a Polícia Federal.
O
depoimento foi voltado para os inquéritos envolvendo suspeitos com foro
privilegiado que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-diretor foi
ouvido por um delegado federal de Brasília. O adogado de Paulo Roberto Costa
negou que o depoimento tenha focado em algum político ou ex-político
investigado.
Ainda
de acordo com Mestrini, o delegado da Polícia Federal tinha o intuito de
conversar genericamente sobre o papel de cada no esquema de corrupção. Além
disso, acrescentou o jurista, o delegado quer fazer relações entre as
informações de Paulo Roberto Costa com descobertas das investigações.
“Ele
o delegado veio conversar com Paulo Roberto Costa com muito mais elementos do
que conversaram anteriormente”, acrescentou.
Audiência
na Justiça.
Nesta
tarde, Costa (ontem) também prestou depoimento à Justiça Federal, ainda na capital
paranaense, como testemunha de acusação em processos que envolvem os
ex-deputados Pedro Corrêa e Luiz Argolo. Ambos estão presos no Complexo
Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Meire
Pozza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Leonardo Meirelles, considerado
testa de ferro de Youssef e Carlos Pereira da Costa e Ediel Viana, que também
já foram condenados pela Justiça, vão depor como testemunhas de acusação na
mesma audiência.
LAVA JATO:
A
acareação entre Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, na
segunda-feira (22), durou oito horas.
O
ex-diretor e Youssef são acusados de participação no esquema de corrupção,
desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras, descoberto pela Operação Lava Jato. Ambos
já foram condenados em ações que tramitam na Justiça Federal e beneficiados nas
penas pelos acordos de colaboração que firmaram com o Ministério Público
Federal.
O
objetivo da acareação era esclarecer pontos “conflitantes” das delações
premiadas de ambos.
De
acordo com ambas as defesas, o único "ponto de convergência" obtido
na acareação foi com relação a um pagamento de propina feito pela Braskem, braço
petroquímico da Odebrecht, para uma compra de nafta.
Os
outros oito pontos destacados para análise, segundo os advogados, terminaram
com os delatores mantendo as versões originais das delações premiadas.
"O
motivo pelo qual existia a divergência era por qual motivo que existia esse
pagamento. Esse ponto foi esclarecido, chegando ambos à mesma versão",
explica o advogado Tracy Reinaldet.
"O
pagamento existia para acelerar o procedimento de compra de nafta, e também em
relação ao preço do nafta. Como a nafta no Brasil acabava sendo mais barato do
que a cotação internacional, existiu pagamento e comissionamento por parte da
empresa", acrescentou Reinaldet. O percentual da propina variava entre 1%
e 3%, e os pagamentos eram feitos em dinheiro, conforme o criminalista.
O
advogado João Mestieri, que representa Paulo Roberto Costa, confirmou a
convergência entre as versões. "No primeiro momento, o Paulo Roberto Costa
disse que não participou disso, porque não se dava com o diretor-presidente da
Braskem. Aí começaram a rememorar uma série de questões para então chegar à
admissão de que isso ocorreu", afirmou.
A
Braskem emitiu nota sobre o assunto, leia na íntegra:
"A
Braskem reafirma que todos os contratos com a Petrobras seguiram os preceitos
legais e foram aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança
da Companhia. É importante lembrar que os preços praticados pela Petrobras na
venda de nafta sempre estiveram atrelados às mais altas referências
internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da indústria
petroquímica brasileira".
Divergências.
Nos
demais pontos tratados pelas defesas, Polícia Federal e Ministério Público
Federal (MPF), não houve mudanças de versões. Dentre os casos em que ambos
mantiveram os posicionamentos está um suposto pagamento de propina para a
campanha de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do Maranhão.
Paulo
Roberto Costa, na delação premiada, disse que mandou entregar R$ 2 milhões em
propina para a campanha da peemedebista. Segundo o ex-diretor, a
operacionalização do pagamento foi feita por Youssef. O doleiro nega.
"Efetivamente o que o Alberto contesta não é existência da operação, foi
quem realizou a operação em si, quem foi que realizou a entrega do
dinheiro", explicou o advogado Tracy Reinaldet.
Esta
divergência é a mesma que foi apontada na investigação sobre um pedido do
ex-ministro Antônio Palocci para financiar a campanha da presidente Dilma
Rousseff em 2010. Este caso, porém, não foi abordado na acareação. Segundo o
advogado de Youssef isso ocorreu pelo estágio preliminar da apuração dos fatos.
Para
Reinaldet, a falta de acordo não deve implicar na desqualificação das delações
premiadas de ambos. "A divergência mostra que não houve combinação de
versões, então dá mais valor para a colaboração de cada um deles.
É natural que
existam pontos divergentes, isso não retira a credibilidade das imputações que
foram feitas", afirmou. Mestieri também minimizou os desacordos. "São
coisas que aconteceram em 2010, 2008, muitas relações. É muito possível que a
pessoa se esqueça, não lembre de algum detalhe", afirmou.
Fonte: Agência Brasil.
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