Previsão é que relatório seja votado no dia 30 no plenário da Câmara.
Medida precisa ser votada em 2º turno e depois seguir para o Senado.
O relatório original previa a redução para todos os
casos, mas, após acordo entre os partidos, o texto foi alterado para prever
punição somente aos jovens que cometerem crimes hediondos (como latrocínio e
estupro), homicídio doloso (intencional), lesão corporal grave, seguida ou não de
morte, e roubo qualificado.
A alteração é fruto de uma negociação capitaneada pelo
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o PSDB e lideranças de
outros partidos numa articulação para derrotar o PT, contrário à redução da
maioridade. A nova redação do texto não prevê mais a realização de um referendo
popular sobre o tema, como constava no documento inicial.
Cunha já avisou que pretende votar o relatório no
plenário principal no próximo dia 30. Por se tratar de uma proposta de emenda à
Constituição (PEC), a matéria precisará de, no mínimo, 308 votos para ser
aprovada. Se passar, ela terá ainda que ser votada em segundo turno na Câmara e
depois em dois turnos no Senado. Os únicos parlamentares a votarem contra a
redução da maioridade penal foram os deputados Margarida Salomão (PT-MG), Maria
do Rosário (PT-RS), Arnaldo Jordy (PPS-PA), Tadeu Alencar (PSB-PE), Weverton
Rocha (PDT-MA) e Érika Kokay (PT-DF). Foi aprovada ainda a inclusão de um
trecho que estabelece que os governos vão ter que criar políticas de
atendimento aos jovens infratores.
Sessão
tumultuada.
Com bate-boca e provocações dos dois lados, a sessão
foi realizada em um plenário lotado. Apenas deputados, assessores parlamentares
e profissionais de imprensa tiveram o acesso liberado. Do lado de dentro, era
possível ouvir o barulho dos apitos, as vaias e os gritos de “fora, Cunha” e
“não à redução” dos manifestantes, que se aglomeravam do lado de fora.
(MANIFESTANTES OU MARGINAIS A FAVOR DO GOVERNO!)
No plenário, os discursos se alternavam a favor e
contra o relatório. Ao apresentar as mudanças no seu texto, Bessa, que é
ex-delegado de polícia, fez uma defesa inflamada da redução da idade penal. “O
cidadão de 16 anos sabe muito bem distinguir entre o que é um ato lícito e um
ato ilícito. Não podemos dizer que um menor de 16 anos é inimputável, isso é um
absurdo”, afirmou.
Ele lembrou ainda a sua atuação como policial e disse que quem hoje se diz contrário à redução é porque “nunca esteve na rua para enfrentar um bandido”. “A minha convicção não é só baixar de 18 para 16 anos. Queria pegar mais um pouco, uma lasca desses criminosos, bandidos”, declarou.
Ele lembrou ainda a sua atuação como policial e disse que quem hoje se diz contrário à redução é porque “nunca esteve na rua para enfrentar um bandido”. “A minha convicção não é só baixar de 18 para 16 anos. Queria pegar mais um pouco, uma lasca desses criminosos, bandidos”, declarou.
O deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) disse que preferia “encher a prisão de
bandido do que o cemitério de gente inocente”.
Diante da demora para a votação, o governo federal
mobilizou uma força-tarefa para acelerar a aprovação do relatório. O líder do
governo, José Guimarães (PT-CE), e o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil),
próximo da articulação política do Planalto, foram até a comissão acompanhar os
trabalhos e, de tempos em tempos, conversavam ao pé do ouvido do presidente da
comissão, André Moura (PSC-SE).
O temor do governo era que a comissão atrasasse a
votação da pauta do plenário principal, que tem na fila o projeto de lei sobre
as desonerações nas folhas de pagamento, parte do ajuste fiscal. Pelo regimento
da Câmara, quando os trabalhos no plenário têm início, as comissões ficam proibidas
de votar qualquer coisa.
Deputados contrários à redução da maioridade penal
acusaram a comissão de querer atropelar a discussão e votar a matéria na
pressa. O deputado Weverton Rocha (PDT-MA) reclamou que os trabalhos no
colegiado foram apressados após Cunha anunciar na sua conta no microblog
Twitter que votaria o relatório no plenário no final do mês.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) tentou argumentar
que a medida terá pouco efeito prático para reduzir os problemas de segurança.
“Todos nós desejamos que diminua a violência na sociedade. No entanto, dada a
insignificância estatística da participação de jovens, penso que a redução é
uma medida inadequada”, afirmou.
“A bala não resolve tudo”, protestou a deputada Érika Kokay (PT-DF). Darcísio Perondi (PMDB-RS) acusou os parlamentares favoráveis à redução de “populismo penal”.
“A bala não resolve tudo”, protestou a deputada Érika Kokay (PT-DF). Darcísio Perondi (PMDB-RS) acusou os parlamentares favoráveis à redução de “populismo penal”.
“Vocês serão cobrados na próxima eleição pela redução dos índices de
violência. Vocês estão vendendo algo que não vão entregar”, alertou.
“Eu não quero que a sociedade se sinta segura sem
estar. Eu quero garantir segurança pública para todos”, argumentou Alessandro
Molon (PT-RJ), alegando ainda haver inconstitucionalidade na proposta, uma vez
que, na sua visão, altera uma cláusula pétrea da Constituição, como são
chamados os direitos considerados fundamentais que não podem ser mexidos.
Em outro momento de ânimos acirrados, o deputado
Sérgio Vidigal (PDT-ES), crítico à redução, alfinetou os parlamentares com
carreira policial ao declarar que, na Câmara, não havia “delegado, capitão ou
coronel”, mas que ali todos eram deputados. A declaração foi rebatida de pronto
por vários parlamentares. “Que babaquice é essa? Está querendo aparecer?”,
questionou Alberto Fraga (DEM-DF), coronel da reserva da Polícia Militar.
Tensão.
Tensão.
Antes mesmo do início da sessão, o clima já era de
tensão. Por conta do tumulto na reunião anterior do colegiado, que teve até
spray de pimenta, o acesso do público ao plenário da comissão foi proibido. Nos
corredores que levam às salas das comissões, seguranças isolaram a passagem e
só liberaram o acesso para parlamentares, servidores credenciados e imprensa.
Houve bate-boca quando foi notada a presença da presidente
da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, que, em princípio, não poderia
acompanhar a sessão do plenário. Aos brados, deputados pediram a saída dela. O
presidente da comissão, André Moura (PSC-SE), porém, decidiu autorizar a sua
permanência desde que ficasse atrás do cordão de isolamento.
Polêmico, o tema mobilizou os deputados de diversos
partidos, que compareceram em peso à comissão. Cinco das seis filas do plenário
foram ocupadas pelos parlamentares, algo incomum no dia a dia das comissões.
Logo no início, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) fez
uma manobra para garantir a votação. Embora favorável à redução, ele apresentou
um requerimento para retirar o tema de pauta, sabendo de antemão que os
deputados ligados à área de segurança pública, presentes em maior número na
sessão, conseguiriam derrubar o requerimento.
A medida foi uma estratégia para evitar que novos
requerimentos, que pudessem atrasar a votação, fossem apresentados por partidos
contrários à redução. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) reagiu, mas o
requerimento de Fraga acabou rejeitado por 21 votos contrários e 6 favoráveis
e, assim, a votação continuou.
Para acelerar a votação, foi aprovada ainda a inversão de pauta, por um placar idêntico de 21 a 6, o que permitiu que fossem puladas etapas burocráticas, como a leitura da ata, e se passasse diretamente à discussão e votação do relatório.
Fonte: Agência O Globo.Para acelerar a votação, foi aprovada ainda a inversão de pauta, por um placar idêntico de 21 a 6, o que permitiu que fossem puladas etapas burocráticas, como a leitura da ata, e se passasse diretamente à discussão e votação do relatório.
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