quarta-feira, 17 de junho de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - QUARTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

REFORMA PELA METADE.

Nobres:
Constantemente estamos indo “ao rádio” (SEARA AM/FM) de maneira direcional sob a direção do diligente apresentador Luis Augusto Evangelista para debater e literalmente analisamos, e seguir de encontro aos nossos diletos ouvintes, em conjunto “discorrer” a reforma política, cuja proposta está em fase final em uma da comissão pertinente instituída pela Câmara dos Deputados. Na amplitude deste questionamento, encontramos (ressalto meramente de feitio individual) sentido até da forma natural do comportamento dos nossos representantes estão sendo previstas a predominância e o corporativismo dos parlamentares, em relação à referida reforma que se arrasta nas Casas bicamerais sem enfrentar temas essenciais de maneira corajosa, entre os quais o financiamento de campanha e a limitação do número de partidos. Quem chegou a esperar mudanças profundas no sistema representativo brasileiro, depois de anos de espera, está mais uma vez diante da incapacidade do parlamento de enfrentar seus próprios dilemas. É assim que os congressistas subestimam os danos da omissão diante da contrariedade e dos apelos da sociedade. A contabilidade do que já foi votado é modesta, com pequenos avanços, como o fim do instituto da reeleição, que se revelou uma experiência negativa para a administração pública. Essa talvez seja a única deliberação relevante até agora, por atacar uma situação com a qual a grande maioria dos eleitores não gostaria de continuar convivendo. A busca desesperada pela manutenção no cargo havia transformado ocupantes de postos eletivos no Executivo, em todos os níveis, em candidatos permanentes, sempre preocupados com a preservação não só de suas cadeiras, mas de todos os que gravitam à volta de quem está no poder. Gestões de cinco anos são suficientes para projetos elaborados e conduzidos com seriedade. Merece reconhecimento, como avanço, a redução do limite de mandato para meia década aos senadores, mesmo que tal regra somente comece a valer em 2022. É absurdo que um senador seja eleito para um período de oito anos. O que se perde, em nome da coerência e da racionalidade, para coincidência das eleições, é a ampliação dos mandatos de deputados estaduais e federais e de vereadores de quatro para cinco anos. O conjunto do que já foi votado, no entanto, não chega a resultar em grandes alterações na estrutura da representação e no funcionamento das instituições. O que seria importante, para mudar de fato o perfil da política brasileira, não sensibilizou congressistas preocupados em manter privilégios e distorções. É o caso da manutenção das contribuições privadas para as campanhas e das brechas legais que permitem não só a sobrevivência dos atuais 28 partidos como a possível criação de mais seis em 2015. A idéia da reforma está praticamente desperdiçada. Prevaleceram o corporativismo e o jogo de interesses, a despeito do inequívoco desejo da população de contar com uma amostra de representação política renovada e digna.
Antônio Scarcela Jorge.

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