COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
Nobres:
Neste Brasil literalmente saqueado (Petrobrás,
mensalão, empreiteiras e Futebol brasileiro, são apêndice da roubalheira
abençoada pelo governo.) são coisas que não se permite. Este é um país
alucinatório, sem afirmar nenhuma novidade, e se chega a duvidar que possa, um
dia, tomar jeito. Pelo menos, não vislumbramos, em nosso horizonte de vida, essa
possibilidade, mas isto não nos autoriza a desistir e acompanhamos na resistência,
modesta, todos sabem, de acordo com nossa capacidade e meios, mas sempre
resistência. É o dever se sobrepondo à desilusão. Dito isto, vamos aos fatos. O
sujeito acaba envergonhado em cantar o Hino Nacional, com sua letra carregada
de estremecido amor à pátria. (a modo pessoal assisto sentado e nem mesmo “ouço”
ocasionalmente em ato solene. Tudo porque é em função do domínio de senhores,
excelências da política de hoje e que ontem tem uma conduta ripícola. Não são
todos generalizados, mas há raríssimas exceções. Casos rotineiros é o padrão
político e compartilhado pelo povo que se manifesta em apoio as esses celerados
sem que a vergonha volte a esses bajuladores, interesseiros e embusteiros. A
imoralidade mais recente, entre tantas, que vai tomando conta do Brasil é o
auxílio-moradia à custa do erário, e nada consegue deter esse cancro moral,
porque se manifesta encapsulado numa substância denominada direito, que o
imuniza contra qualquer terapia. Pois assim é. Pode faltar – e falta – dinheiro
para tudo mais que o Estado tem obrigação de oferecer aos brasileiros. Para
pagar professores e melhorar a educação, por exemplo, para a segurança e
combate ao crime, para a saúde pública etc., mas não falta para engordar a já
apreciável remuneração dos privilegiados da pátria. Em suma, o benefício é
indefensável. Não há justificação que o salve. Mas é claro que os doutores
sempre capricharão na linguagem, no manejo das palavras, para defendê-lo e
justificá-lo sem nenhum pudor e sem temor de ofender a inteligência e dignidade
do povo. Eles, os bacanas da pátria, perderam completamente o respeito pelo
cidadão brasileiro e avançam com soberba e desassombro sobre o dinheiro
público. A verdade, porém, é que, por mais e melhor que argumentem (os
argumentos desfiados até agora foram de inominável desfaçatez e escárnio e
certamente não surgirá nenhum minimamente aceitável), a definição para o
auxílio-moradia é uma só: vergonha! Indecência que deveria corar os
beneficiados e ser recebido escondido, em absoluto sigilo, na calada da noite e
em algum terreno baldio, bem longe dos olhos do restante da população deste
maltratado e saqueado Brasil. E como ficamos? Bem, creio que todos os demais
funcionários públicos devem pleitear o benefício. Ora, se o juiz,
desembargador, promotor público, conselheiro de tribunal de contas, deputados
têm direito a ele, por que não o professor? Ou o delegado? Ou os policiais
civis? Ou os militares? Por que o assalto seletivo? Que todos participem do
festim, pois é de justiça. Falta verba? Então é justo que ninguém receba o
auxílio. Imoralidade, sim, mas com isonomia! Por fatos como esse é que o patriotismo não
resiste. O sujeito acaba envergonhado em cantar o Hino Nacional, com sua letra
carregada de estremecido amor à pátria. Pois de que amor ele trata exatamente?
Será o amor que a casta dos poderosos da nação exprime diante de seus
contracheques de pagamento cada vez mais gordos? Que os corruptos transpiram na
emoção de embolsar o dinheiro sujo? Que exalam os que desfrutam de impunidade
garantida por meio de advogados caros e espertos e permissividade legal. Mas,
um dia, o povo, cansado do desrespeito, sairá às ruas causadas, aí, sim, pelo
verdadeiro amor à pátria, quem sabe.
Antônio
Scarcela Jorge.
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