COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
CONTRAFAÇÃO 7 X 1.
O nosso Brasil adjeto como mérito irrefutável a
essência da corrupção, presentemente esteia a amplitude magnífica desse
“conceito” lastimoso do político, entre outras percepções adotadas no
cotidiano, disposto de motivação suficiente para que não só o futebol, mas
todas as estruturas esportivas do país passem por uma profunda reavaliação, sob
a inspiração do que deve ocorrer na FIFA e também na CBF. A oportunidade é
única. A sucessão de escândalos no futebol cria o ambiente propício à apuração
do que se passa em outros esportes, muitos dos quais com instituições
igualmente viciadas. Considere-se também que estamos às vésperas da Olimpíada
de 2016, quando o Brasil será submetido a testes de eficiência, a exemplo do
que pôs à prova a viabilização da Copa. Desta vez, o país terá de oferecer,
além da capacidade de organização, a transparência que faltou à gestão do
Mundial. É uma tarefa grandiosa, que deve ser iniciada dentro dos clubes e das
federações, para que pendências, algumas crônicas, sejam resolvidas. São muitos
os questionamentos sobre perpetuação no poder, administrações autoritárias,
irregularidades contábeis e indícios de corrupção. Para citar apenas dois
exemplos, confederações de vôlei e de tênis já estiveram sob suspeita, e nem
sempre as situações investigadas foram amplamente esclarecidas. Repete-se, em
entidades variadas, o que ocorria na CBF e na FIFA, com o compadrio e a omissão
dos próprios dirigentes, além de falhas nos mecanismos de prevenção e controle. Mesmo que o futebol seja o reduto preferido para a atuação de quadrilhas
dispostas a desfrutar dos benefícios de uma atividade popular e sustentada pela
paixão, o certo é que outras áreas merecem atenção. É preciso que a delinqüência,
com a disseminação de propinas, lavagem de dinheiro e outras formas de
corrupção, saia das sombras e seja bem identificada. A missão de moralizar o
esporte brasileiro passa, é claro, pelos organismos que disso se ocupam, na
polícia, no Ministério Público e na Justiça, mas será parcial se não for
assumida pelas próprias entidades, federações, clubes, atletas e torcedores,
através dos sistemas de representação. Mesmo que tardia e, provavelmente, com
segundas intenções, é um bom início a decisão da CBF de convocar filiadas para
discutir o fim de mandatos continuados e por tempo indefinido. Todos os
esportes precisam passar pela faxina. Não há como relevar o fato de que o
entretenimento foi contaminado por ações delituosas. Governo e Congresso não
podem ficar alheios a esse desafio, para que leis e mecanismos de controle e
vigilância sejam aperfeiçoados e os esportes e as verbas milionárias que movimentam
provenientes em boa parte de recursos públicos deixem de estar sob constante
suspeitos.
Antônio
Scarcela Jorge.
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