Em 12 meses, índice atingiu 8,47% - o maior desde dezembro de 2003.
Conta de luz e alimentos foram os principais responsáveis pela alta.
A inflação oficial do país, calculada pelo Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,74% em maio, informou nesta
quarta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa para o mês desde 2008,
quando ficou em 0,79%. O índice foi puxado principalmente pela conta de luz e
pelos alimentos.
Nos últimos 12 meses, o índice atingiu 8,47% - maior
taxa para 12 meses desde dezembro de 2003, quando foi de 9,3%, e mais do que
nos 12 meses imediatamente anteriores, quando foi de 8,17%. Em abril, a
variação foi de 0,71% – a menor taxa entre os meses de 2015. Em maio de 2014, o
IPCA havia registrado taxa de 0,46%.
- IPCA acumulado de 12 meses.
Em
%
6,526,56,516,756,596,566,417,147,78,138,178,47em
%jun/14jul/14ago/14set/14out/14nov/14dez/14jan/15fev/15mar/15abr/15mai/1566,577,588,59
{Fonte: IBGE.}
O índice acumulou 5,34% neste ano, o maior resultado
para o período de janeiro a maio desde 2003, quando ficou em 6,8%. Em igual
período do ano anterior, a taxa era 3,33%.
"A gente pode dizer que é uma inflação dos itens
administrados referindo-se ao acumulado do ano. Não só energia, mas também
gasolina, ônibus, taxa de água e esgoto, efeitos também de serviços, os
aluguéis aumentando, transporte. Nós temos uma inflação de itens monitorados
que têm por conseqüência deixado mais caro para comer, para morar e também do
ponto de vista do deslocamento nos transportes”, explicou Eulina Nunes dos
Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.
“A importância da alimentação é que ela detém 25% do IPCA e um aumento de mais de 1%, qualquer movimento de preço da alimentação já dá para colocar a culpa nela. E a energia, que seja 1%, 2% ou 3% que ela suba, ela tem uma culpa grande no cartório [por conta também do peso que ela tem sobre a inflação oficial do país”.
“A importância da alimentação é que ela detém 25% do IPCA e um aumento de mais de 1%, qualquer movimento de preço da alimentação já dá para colocar a culpa nela. E a energia, que seja 1%, 2% ou 3% que ela suba, ela tem uma culpa grande no cartório [por conta também do peso que ela tem sobre a inflação oficial do país”.
Segundo Eulina, o dólar também é um dos responsáveis
pela alta. "O dólar afeta a vida da gente desde o pãozinho até a TV”,
disse.
O IPCA é considerado a inflação oficial do país por
ser o índice usado para as metas de inflação do governo.
A meta central para a inflação em 2015 e 2016 é de
4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre
2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. No entanto, se o
índice continuar subindo, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas
em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Conta de
luz.
A taxa de energia elétrica foi a principal responsável
pela alta, responsável por 0,11 ponto percentual do índice do mês. O item subiu
2,77% no mês. A energia constitui-se num dos principais itens na despesa das
famílias, com participação de 3,89% na estrutura de pesos do IPCA.
De acordo com o IBGE, com a alta de maio e dos meses
anteriores, o consumidor passou a pagar, neste ano, 41,94% a mais, em média,
pelo uso da energia, enquanto nos últimos 12 meses, as contas ficaram 58,47%
mais caras.
“Então, a família que pagava R$ 100 em abril de 2014,
uma conta de luz nesse valor, está pagando R$ 160 para manter o mesmo consumo
hoje de quilowatts que consumia”, explicou Eulina.
Ainda dentro do grupo Habitação, onde está a conta de
luz, pesaram na inflação de maio gás de botijão (1,31%), taxa de água e esgoto
(1,23%), condomínio (0,89%), aluguel residencial (0,66%) e artigos de limpeza
(0,65%). "O grupo está com a taxa de inflação a 11,50%, e em 12 meses,
17,59%. Não é só a energia, mas a taxa de água esgoto, o aluguel, o
condomínio”, diz a coordenadora.
Alimentos
e bebidas.
Entre os grupos de produtos e serviços pesquisados,
alimentação e bebidas foram os que mais subiram em maio, com alta de 1,37%. Os
preços do tomate atingiram 21,38% no mês, liderando no grupo a relação dos
principais impactos (0,07 pontos percentuais).
“Tomate voltou a ser o vilão novamente da inflação.
Tem peso grande, 17,90% foi para 31,38% e no ano já está numa alta de 80%. O
que tem acontecido é que as chuvas têm prejudicado o fruto e isso gera uma
praga e os produtores têm argumentado que o custo para tratar essas pragas é
muito caro. Então, temos oferta menor, com custo maior”, explicou Eulina. Segundo
a coordenadora do IBGE, 46% do IPCA de maio foi por conta dos alimentos, que
pesam 24,93% no orçamento das famílias – um quarto das despesas.
Eulina também falou sobre o peso da carne na alta da
inflação. “Mesmo que o consumo interno não tenha crescido muito, a demanda
externa tem sido mantida. A oferta de gado está mais reduzida, porque ele está
mais magrinho. A seca afetou o pasto. A carne tem peso grande e já acumula
18%”, disse.
“Então, temos problemas climáticos, que afetaram os
hortifrútis, cebola, tomate e etc. De forma geral, tem a influência do dólar,
que tem a ver com fertilizantes, adubo e com a exportação”, resumiu.
Jogos de
azar.
Eulina citou ainda a importância do aumento dos preços
dos jogos de azar, incluindo ali os jogos lotéricos. “Fora os alimentos, nós
relacionamos outros itens que pressionaram a taxa do mês. Então, a gente tem
liderando os jogos de azar, alguns tiveram aumento bem forte a partir do dia 18
de maio. A alta foi grande, mas se comparar com energia elétrica, o peso dos
jogos é 0,36%”.
Transportes.
A menor variação do índice foi no grupo Transportes,
de -0,29%, por conta, segundo o IBGE, da queda de 23,37% no item
passagens aéreas, que gerou contribuição de -0,10 ponto percentual no índice do
mês, a menor.
Eulina explicou que as passagens aéreas foram as
responsáveis por puxar para baixo a inflação de serviços em maio deste ano.
“Nesse mês, chama atenção no item de serviços para
as passagens que ficaram 23,37% mais baratas. Ela tem forma totalmente
diferenciada de ser adquirida. As empresas estão fazendo muita promoção, até
por conta da redução do consumo, da renda que já está se segurando um pouco.
Mas é volátil, assim como caiu, pode voltar a subir”.
No entanto, de acordo com ela, quando se verifica o
período de 12 meses, o índice de inflação nos serviços estão está na casa dos
8% há um bom tempo.
Por
regiões.
O maior índice foi verificado na região metropolitana
de Recife (1,51%), onde os alimentos aumentaram 2,32%, bem acima da média
nacional (1,37%), além da energia elétrica (12,20%) e da gasolina (5,20%) que
também pressionaram o resultado. Brasília (0,25%) apresentou o menor índice em
virtude da queda de 23,72% nos preços das passagens aéreas, que com peso de
2,07% gerou impacto de -0,49 ponto percentual, segundo o IBGE.
“Quando a gente olha as regiões, a maioria das regiões
subiu, acelerou em relação a abril e algumas, bastante, que é o caso de Recife,
que foi o mais alto no mês, passou de 0,78% para 1,51%. Se a gente olhar as
regiões individualmente, a maioria delas apresentou aceleração dos preços, foi
principalmente pela aceleração dos preços dos alimentos”, explicou Eulina Nunes
dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.
“Três regiões seguraram a taxa, que foi Rio de
Janeiro, que tem peso grande, Brasília e Curitiba. No Rio de Janeiro, vários
itens se apresentaram em queda. E ele vinha subindo sistematicamente. Brasília
foi o peso das passagens áreas, que é muito alto. E como apresentou queda muito
significativa, isso levou o índice para 0,25%. E em Curitiba, teve reajuste, se
não me engano, de ônibus. E retirado esse efeito, a taxa passou para 0,76%, que
não é uma taxa baixa, mas em relação a abril, foi bem inferior”, complementou.
INPC.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)
apresentou variação de 0,99% em maio, acima do resultado de 0,71% de abril em
0,28 pontos percentual. O acumulado no ano ficou em 5,99%, acima do percentual
de 3,52% registrado em igual período de 2014. No acumulado de 12 meses, o
índice foi para 8,76%, acima da taxa de 8,34% dos 12 meses anteriores. Em maio
de 2014, o INPC havia sido de 0,6%.
Regionalmente, a região metropolitana de Recife teve o
maior índice, de 1,49%, pressionado pelos alimentos (aumento de 2,36%, bem
acima da média nacional, de 1,48%), além da energia elétrica (12,3%) e da
gasolina (5,2%). O menor índice foi do Rio de Janeiro, de 0,73%.
Fonte: Agência Brasil.
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