CPI DA PETROBRAS CONVOCA PRESIDENTE DO INSTITUTO LULA PARA
EXPLICAR DOAÇÃO.
Paulo Okamotto terá de falar sobre doações da Camargo Corrêa à entidade.
Em
uma sessão tensa, os integrantes da CPI da Petrobras aprovaram a convocação do
presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, para prestar esclarecimentos
sobre doações de R$ 3 milhões feitas, entre 2011 e 2013, pela construtora
Camargo Corrêa à entidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A
empreiteira é uma das empresas suspeitas de integrar o esquema de corrupção que
atuava na Petrobras.
Além
dos R$ 3 milhões, os parlamentares querem que Okamotto explique o repasse de R$
1,5 milhão da Camargo Corrêa para a empresa de palestras criada por Lula, a
L.I.L.S. Palestras Eventos e Publicidade.
Segundo
laudo da Polícia Federal, o Instituto Lula recebeu três doações da empreiteira
de R$ 1 milhão cada uma, em 2011, 2012 e 2013.
Os pagamentos à empresa de
palestras de Lula foram no mesmo período: R$ 337,6 mil em 2011, R$ 815 mil em
2012, R$ 375,4 mil em 2013.
O
Instituto Lula confirmou que a Lils recebeu pagamentos da Camargo Corrêa para
palestras do ex-presidente. Também disse que as doações ao instituto servem
para manutenção de atividades e que todas as doações foram declaradas e os
impostos pagos.
A
fim de barrar a análise do requerimento, deputados petistas lançaram mão de uma
série de recursos previstos no regimento para tentar arrastar a sessão até o
início das votações no plenário principal da Casa. Pelas regras, as comissões
não podem deliberar enquanto houver votação no plenário.
O
deputado petista Afonso Florence (BA) reclamou de uma tentativa de partidarizar
os trabalhos do colegiado.
No
total, foram aprovados, de uma só vez, 140 requerimentos, incluindo a
convocação de parentes do doleiro Alberto Youssef– incluindo filhas, irmã e
esposa, a viúva do ex-deputado José Janene, Stael Fernanda Janene, além da
mulher do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costae de José de Filippi Júnior,
que foi tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. Deverá ser
chamado ainda para depor como testemunha Jorge Hage, ex-ministro-chefe da
Controladoria-Geral da União (CGU).
A
comissão aprovou ainda a realização de acareações entre o ex-tesoureiro do PT
João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, o ex-gerente Pedro
Barusco e Youssef, que ainda serão marcadas.
Os
deputados aprovaram a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal de
diversos suspeitos de envolvimento, incluindo o ex-ministro José Dirceu e a sua
empresa de consultoria JD, Vaccari, Youssef e o ex-diretor da Petrobras Nestor
Cerveró. Os sigilos de Dirceu já haviam sido quebrados pela Justiça Federal no
Paraná, mas a CPI conseguiu agora a quebra por um período maior, de 2005 até a
data da aprovação do requerimento.
Após
o fim da sessão, o relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), classificou a aprovação
da convocação de Okamotto no mesmo dia em que tem início o 5º Congresso do PT,
em Salvador, como uma tentativa de criar um fato político para constranger o
partido.
Ele
argumentou que o Instituto Lula não tem relação com a Petrobras e que, se fosse
para investigar as doações de empreiteiras a entidades, que se apurasse também
recursos pagos ao Instituto Millenium, do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB). Para Luiz Sérgio, isso indica que a CPI se transformou em um
“espetáculo de disputa política”.
Blindagem.
Camargo
poderia confirmar o envolvimento de Cunha e do ex-ministro José Dirceu no esquema
de corrupção da estatal.
Parlamentares
do PT, PPS e PSB também defenderam a votação desses requerimentos. Aliado
próximo de Cunha, o presidente da comissão negou que haja qualquer tipo de
blindagem. “Não vou admitir que eu seja mal julgado por defender uma pauta que
a CPI tem que cumprir”, disse.
Fonte: Agência Brasil.
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