quarta-feira, 3 de junho de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - QUARTA-FEIRA, 03 DE JUNHO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

PALCO DA NAÇÃO DOS POLÍTICOS “TULHIPADA NACIONAL”

Nobres:
Horas depois das prisões, na Suíça, de dignitários do futebol do continente americano, a Confederação Brasileira de Futebol retirou da fachada da sede o nome de José Maria Marin, que em imensas letras de aço brilhavam dia e noite, como sol e luas. A “sede José Maria Marin” da CBF já não tem nome!O próprio Marin é veterano bajulador do poder. Deputado estadual em São Paulo durante a ditadura foi instigador da “punição exemplar” ao diretor de notícias da TV Cultura, Vladimir Herzog, preso e morto sob tortura em 1975. Em furiosos discursos na Assembléia, alegava que a emissora estatal não cobria inaugurações de obras… Depois, quando o delegado Sérgio Fleury (que passou à História como torturador-mor) foi condenado pela Justiça por executar presos comuns, Marin foi seu grande defensor. O futebol nos apaixona, mas, também, nos confunde e acovarda. Se a maré global não nos arrastar, ficamos inertes na areia. Agora, nossos brios só vieram à luz após o FBI e a Procuradoria de Justiça dos EUA desvendarem que a corrupção na FIFA envolvia, pelo menos, dois brasileiros. O Senado, de um lado, a Polícia Federal e procurador-geral Rodrigo Janot, de outro, entrarão no assunto, anunciou o próprio ministro da Justiça. Ironicamente, outra vez os EUA ditam as regras. Se não fosse por eles, continuaríamos desatentos e servis à CBF, tal qual seguimos sem saber o que houve por trás das bilionárias obras da Copa do Mundo, realizadas sem licitação pelo tal RDC, “regime diferenciado de contratação”, onde $ó há bon$ amigo$. O assalto à Petrobras foi (ou é) tão profundo que viramos zumbis tontos, sem entender como o trio PT-PMDB-PP organizou-se em quadrilha. A desfaçatez dos grandes empresários envolvidos, confessando como corrompiam, supera a literatura universal do absurdo do teatro de Ionesco e Becket ao romance de Kafka. Agora, a República depende dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara Federal, Eduardo Cunha, ambos do PMDB e sob suspeita nas fraudes da Petrobras. A presidente Dilma entregou a articulação do governo ao vice Michel Temer (também do PMDB) e saiu de cena. Em plena crise mundial, a ânsia da oposição se alia ao sensacionalismo da imprensa e (querendo ou não) passa a idéia de caos. Assim, perdemos a bússola. E, em vez de contar com os quatro pontos cardeais, decidimos como se houvesse apenas abismos.

Antônio Scarcela Jorge.

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