MERCADANTE: “QUEM NÃO DEVE NÃO TEME”.
“Nesse episódio
de investigação que atinge vários partidos e políticos há ênfase no ataque ao
PT”.
O ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante
disse neste sábado (27/6), em entrevista coletiva para rebater as declarações
do dono da UTC, Ricardo Pessoa, por meio de delação premiada que “Há ênfase no
ataque ao PT”. O ministro foi citado pelas doações que recebeu da UTC, para a
sua campanha a governador de São Paulo, em 2010.
"Nesse episódio de investigação que atinge vários
partidos e políticos do país há ênfase no ataque ao PT e ao partido do governo.
Uma parte é luta política, e os problemas graves que ocorreram, as pessoas que
estão envolvidas, de vários partidos, mas é evidente que há uma elite focada
numa disputa que não parou desde o fim das eleições", declarou o ministro.
Mercadante admitiu ter recebido doações do empresário legalmente.
O ministro destacou que não há, nem haverá base
jurídica para o impeachment, disse o ministro da Casa Civil, Aloizio
Mercadante. “Temos de ter responsabilidade com a estabilidade do país,
argumentou. O ministro afirmou que o
governo federal teve total segurança de como foi feita a tesouraria da campanha
da presidente Dilma Rousseff.
Mercadante disse também que fez questão de ficar no
Brasil em vez de viajar com a comitiva da presidente Dilma Rousseff neste
sábado (27/6) para os Estados Unidos. Ele argumentou que a pauta da semana no
Congresso Federal será muito importante com a votação, por exemplo, da Medida
Provisória, que estendeu o índice de correção do salário mínimo para os
aposentados. “Eu quero estar aqui. Quem não deve não tema”, afirmou.
“Há ênfase no ataque ao PT”, diz Mercadante.
O ministro disse que não acredita que o noticiário
negativo afete os investimentos do país. “Se notícia ruim prejudicasse os
investimentos no Brasil. Nós não seríamos o quinto país do mundo a receber
investimentos”, opinou Mercadante. Ele também criticou a imprensa por não
divulgar o acordo em que o Brasil e China decidiram criar fundo de cooperação
produtiva de US$ 20 bilhões.
A coletiva foi convocada depois da publicação de uma
reportagem no site da Revista Veja que relaciona os nomes de 18 políticos
supostamente citados pelo dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, no
depoimento resultante de acordo de delação premiada firmado com o Ministério
Público e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Operação Lava
Jato. Entre esses políticos, há dois
ministros – Edinho Silva, que foi coordenador da campanha eleitoral da
presidente Dilma, e Aloizio Mercadante (Casa Civil). No início da tarde deste
sábado, Edinho Silva, deu entrevista sobre o assunto.
De acordo com o site Veja, Ricardo Pessoa prestou
depoimentos durante cinco dias, em Brasília nos quais descreveu como financiou
campanhas e distribuiu propinas. A colaboração dele com a Justiça vinha sendo
ajustada há cerca de um mês. Segundo a publicação, Pessoa citou os seguintes
nomes, com os respectivos valores que teriam sido doados:
- Campanha de Dilma Rousseff em 2014: R$ 7,5 milhões.
- Campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006: R$
2,5 milhões.
- Ministro Edinho Silva (PT), ex-tesoureiro da
campanha de Dilma: valor não informado.
- Ministro Aloizio Mercadante (PT): R$ 250 mil.
- Senador Fernando Collor (PTB-AL): R$ 20 milhões.
- Senador Edison Lobão (PMDB-MA): R$ 1 milhão.
- Senador Gim Argello (PTB-DF): R$ 5 milhões.
- Senador Ciro Nogueira (PP-PI): R$ 2 milhões.
- Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP): R$ 200 mil.
- Senador Benedito de Lira (PP-AL): R$ 400 mil.
- Deputado José de Fillipi (PT-SP): R$ 750 mil.
- Deputado Arthur Lira (PP-AL): R$ 1 milhão.
- Deputado Júlio Delgado (PSB-MG): R$ 150 mil.
- Deputado Eduardo da Fonte (PP-PE): R$ 300 mil.
- Prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP): R$
2,6 milhões.
- Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto: R$ 15
milhões.
- Ex-ministro José Dirceu: R$ 3,2 milhões.
- Ex-presidente da Transpetro Sergio Machado: R$ 1
milhão.
Abaixo, leia o que os políticos divulgaram por meio de
nota à imprensa sobre o que teria sido dito na delação premiada por Ricardo
Pessoa, segundo a revista "Veja":
Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil.
Tendo tomado conhecimento, nesta sexta-feira, 26, por
meio de veículos de imprensa, sobre suposta citação ao meu nome em delação
premiada do senhor Ricardo Pessoa, presidente da UTC, tenho a esclarecer que:
1. Desconheço o teor da delação premiada do senhor
Ricardo Pessoa;
2. A empresa UTC, por ocasião da campanha ao Governo
do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente
contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais,
conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça
Eleitoral. Essa doação foi feita em 27 de agosto de 2010, com recibo eleitoral
nº 13001092079.
3. A empresa Constran Construções, que pertence ao
mesmo grupo, fez uma contribuição, também devidamente contabilizada e declarada
à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em
prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral. Essa doação foi feita em
29 de julho de 2010, com recibo eleitoral nº 13001092017.
Assessoria de Imprensa.
Aloysio Nunes Ferreira, senador (PSDB-SP).
Nota à imprensa sobre matéria da revista Veja.
Brasília – A quantia mencionada nas reportagens que
tratam da delação premiada do ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa, foi efetiva
e legalmente arrecadada pelo comitê de minha campanha ao Senado em 2010. A
doação foi feita conforme a Lei, consta da prestação de contas encaminhada à
Justiça Eleitoral, sendo por ela aprovada e está publicada na Internet para
conhecimento de todos, há mais de quatro anos. Não tenho, portanto, nada a
esconder quanto a esse episódio, tampouco estou sendo acusado de coisa alguma.
Em 2010, não havia operação Lava Jato e eu, como a
imensa maioria dos brasileiros, não tinha conhecimento das relações promíscuas
entre a UTC e a Petrobras.
Nunca fui procurado por Ricardo Pessoa, nem antes e
nem depois da campanha, para patrocinar pleitos junto à Petrobras, uma vez que,
entre outras razões, é pública e notória a minha frontal oposição ao governo
petista, à sombra do qual esse senhor prosperou. Aliás, não conheço Ricardo
Pessoa; nunca o vi mais gordo e muito menos mais magro.
Fica a interrogação: a quem interessa, agora, misturar
uma contribuição que seguiu estritamente os parâmetros legais (e há muito divulgado
na Internet), com toda essa história sórdida, de dinheiro sujo, roubado da
Petrobras por essa organização criminosa instalada no topo da empresa pelos
governos do PT?
Aloysio Nunes Ferreira, Senador (PSDB-SP).
Brasília, 26 de junho de 2015.
Arthur Lira, deputado (PP-AL).
Todas as doações feitas para a campanha do deputado
Arthur Lira estão registradas.
Assessoria de imprensa do deputado Arthur Lira.
Benedito de Lira, senador (PP-AL).
A campanha de 2010 recebeu uma doação da empresa
Constram Engenharia no valor de 400 mil reais, valor que está declarado na
prestação de contas que o Senador Benedito de Lira entregou ao Tribunal
Regional Eleitoral.
Edinho Silva, ministro da Comunicação Social.
O Ministro Edinho Silva esteve com o empresário
Ricardo Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha. A primeira,
quando o conheceu, foi quando o empresário esteve no comitê da campanha em
Brasília. O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações
em 3 parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais.
O Ministro Edinho jamais tratou de assuntos
relacionados a qualquer empresa, ou órgão público com o referido empresário. As
contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff foram auditadas e aprovadas
por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Assessoria de Imprensa do Edinho Silva.
Edison Lobão, ex-ministro e senador (PMDB-MA).
O advogado do senador Edison Lobão, Antonio Carlos de
Almeida Castro afirmou que a reportagem repete delações anteriores que na
opinião dele, já foram desmentidas. Segundo o advogado, “nem o Ministério
público confirma as delações que estão sendo postas”.
"Estamos vivendo a República das delações.
Tirando o desgaste político, tecnicamente não me preocupa. As delações são
tantas no Brasil que elas se entrelaçam e depois não se comprovam”, declarou.
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo (PT).
O prefeito Fernando Haddad desconhece as informações
relatadas e reafirma que as doações e despesas de sua campanha foram
devidamente declaradas à Justiça Eleitoral. O saldo devedor, após o fim da
campanha, foi absorvido e posteriormente quitado pelo Diretório Municipal do
Partido dos Trabalhadores.
Assessoria de Imprensa – Secom.
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.
A defesa de Vaccari diz que "não tem conhecimento
oficial do conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa.
Reitera que o Sr. Vaccari jamais solicitou doações ao
PT, com origem ou destino de caixa dois.
Cumprindo seu dever de tesoureiro, a partir de 2010, o
Sr. Vaccari solicitou doações, a pessoas físicas e jurídicas, destinadas ao
Partido dos Trabalhadores, todas elas legais, por via bancária, com emissão de
recibos e sob fiscalização das autoridades competentes.
José Dirceu, ex-ministro.
NOTA À IMPRENSA.
O ex-ministro José Dirceu reitera que o contrato com a
UTC, assinado em fevereiro de 2012, teve o objetivo de prospecção de negócios
para a construtora fora do Brasil, em especial no Peru e na Espanha. A UTC, em
comunicado anterior, confirmou à imprensa que a JD Assessoria e Consultoria
prestou serviços no exterior.
Importante destacar que a própria defesa de Ricardo
Pessoa não confirma a autenticidade das planilhas e que não comentaria as
informações porque a delação é sigilosa.
José de Fillipi, secretário de saúde de São Paulo e
ex-tesoureiro de campanha de Lula (PT-SP).
Nota à Imprensa.
Em relação às supostas informações prestadas pelo
senhor Ricardo Pessoa em depoimento de delação premiada à Justiça, esclareço
que:
Durante a campanha de 2010 mantive contatos de forma
transparente com diversas empresas em busca de doações eleitorais, portanto
legalmente registradas, incluindo o senhor Ricardo Pessoa;
Todas as doações feitas pela UTC foram realizadas via
Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente registradas e aprovadas
pela Justiça Eleitoral;
Não solicitei e nem recebi doação que não seja legal;
Os dados das prestações de contas são públicos e estão
disponíveis no site do TSE para consulta.
Atenciosamente,
José de Filippi Jr.
Júlio Delgado, deputado (PSB-MG).
A indevida e irresponsável inclusão do meu nome em
lista de doações ilícitas e recebimento de propina para campanhas políticas é
uma clara tentativa de me usar para desmoralizar os trabalhos da CPI da
Petrobras, cuja responsabilidade é esclarecer o esquema de corrupção montado
para desviar recursos públicos.
Desde a instalação da CPI atuo de maneira enfática
para investigar as denúncias da Operação Lava Jato. Na instalação da comissão
apresentei requerimento de convocação do empresário Ricardo Pessoa, presidente
da UTC, para detalhar aos parlamentares os métodos e procedimentos utilizados
por essa organização. Repudio veementemente a leviandade de vincular meu nome a
doações irregulares e sinto-me ainda mais motivado e convicto de que a comissão
precisa ser mais rígida e transparente, deve ir fundo nesta apuração. É nossa
obrigação apresentar a verdade à sociedade brasileira.
Reitero que a doação divulgada pela imprensa e
creditada a mim foi, na verdade, destinada ao Diretório Estadual de Minas
Gerais do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e repassada a 16 candidatos a
deputados estaduais e federais (lista anexa). Não recebi um centavo sequer
desses recursos, todas as transferências estão declaradas à Justiça Eleitoral e
disponíveis a consulta pública.
Essa tentativa de intimidação não vai alterar minha
postura parlamentar, muito menos influenciar em minha atuação na CPI da
Petrobrás. Vou exigir acesso ao conteúdo dos depoimentos na delação premiada do
empresário e insistir em sua convocação, o mais breve possível, para prestar
esclarecimentos e fazer uma acareação na CPI.
Deputado Júlio Delgado.
PT.
A Secretaria de Finanças do PT informa, por intermédio
de sua assessoria de imprensa, que todas as doações recebidas pelo partido
aconteceram estritamente dentro da legislação vigente e foram posteriormente
declaradas à Justiça.
Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o
ex-presidente da Transpetro Sergio Machado informou que "nega com
veemência a acusação" publicada pela revista Veja.
Tiago Cedraz, advogado.
Em nota, o TCU disse que, no processo no qual Tiago
Cedraz supostamente havia feito lobby em favor da UTC, o ministro relator
Raimundo Carreiro "agiu com todo o rigor técnico que o caso exigia, tendo
recomendado correções, exigido acompanhamento por parte da unidade técnica do
tribunal e inclusão do empreendimento no rol de obras constantes do
planejamento de fiscalização de obras do TCU".
Fonte: Agência Brasil.