Primeiros passos do deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após o segundo turno da eleição mostraram que, embora
oficialmente aliado ao governo da presidente Dilma Rousseff, ele caminha para
liderar as maiores rebeliões contra o Planalto; por isso, o governo não tem
dúvidas: precisa tratar Cunha como inimigo e trabalhar para derrotá-lo; a
medida mais importante é impedir que ele chegue à Presidência da Câmara, sua
maior aspiração; o vice-presidente Michel Temer (PMDB) já foi convocado para
tentar esvaziar o apoio interno a Cunha; enquanto isso, o PT tenta se aproximar
dos partidos independentes para fortalecer uma candidatura do partido; no
governo, Dilma deve montar uma equipe mais política e dar mais espaço aos
partidos aliados.
Os passos dados pelo deputado federal
reeleito Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na primeira semana após o segundo turno da
eleição mostraram que, embora oficialmente aliado ao governo da presidente
Dilma Rousseff, ele caminha para liderar as maiores rebeliões contra o
Planalto. Diante de tal cenário, o governo não tem dúvidas: precisa tratar
Cunha como inimigo e trabalhar para derrotá-lo. Sendo assim, a medida mais
importante é impedir que ele chegue à Presidência da Câmara, sua maior
aspiração. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) já foi convocado para tentar
esvaziar o apoio interno a Cunha, que, na última semana, foi reconduzido à
liderança do PMDB na Câmara. Enquanto isso, o PT tenta se aproximar dos
partidos independentes para fortalecer uma candidatura do partido.
Pelo acordo existente entre as
duas maiores bancadas (PT com 70 deputados e PMDB com 66 parlamentares), o
próximo biênio na Câmara deve ficar sob o comando dos petistas. Mas Cunha
ignora isso. Embora a palavra de ordem seja manter o diálogo com o aliado PMDB,
os petistas já decidiram que não abrirão mão de brigar pelo comando da Casa. Só
fariam isso se um acordo garantisse ao partido a presidência do Senado, o que
dificilmente ocorrerá uma vez que lá o PMDB tem 18 cadeiras e o PT, 12.
Apesar da possibilidade atual de
bater chapa, os deputados petistas avaliam que o clima belicoso no Congresso se
dá por amarguras eleitorais. Na avaliação de muitos deles, embora o PMDB tenha
dado aval para que seu líder, Eduardo Cunha, dispute a presidência da Câmara na
próxima legislatura, há uma divisão interna na sigla que pode minar a
iniciativa. Alguns são aliados do vice-presidente Michel Temer e pró-governo,
outros são próximos de Cunha e defendem a queda de braço com o Planalto.
Por isso, Temer foi chamado a
operar contra o seu adversário interno de forma mais intensa. O vice-presidente
convocou então uma reunião com o conselho político do seu partido para a
próxima quarta-feira (5), no Palácio do Jaburu, para dialogar a respeito com os
senadores, governadores e deputados federais eleitos. A partir desta conversa
deve-se iniciar a tentativa de neutralizar Cunha.
Com discurso que muitas vezes
mais lembra um opositor, Eduardo Cunha, na condição de presidente da Câmara,
poderia representar muita dor de cabeça para a presidente. Além da pressão, tão
comum aos peemedebistas, ele pode colocar em votação projetos indesejados pelo
governo. Além disso, se ganhar o comando da Câmara com o apoio da oposição, ele
naturalmente ficará mais inclinado às demandas dos adversário do PT do que aos
interesses de Dilma.
Para evitar isto, o governo
tentará criar um ambiente político mais favorável para si no Congresso. Neste
cenário, o Planalto ainda analisa formas de atrair ou neutralizar os
independentes. Para inviabilizar a candidatura de Eduardo Cunha à presidência da
Câmara, o governo pode indicar um líder de governo do PMDB ou nomear um
ministro peemedebista influente entre os parlamentares.
ESTRATÉGIAS
Como estratégia, o Planalto opera
para fortalecer o triunvirato de ministros que mais dialogam com o Congresso.
Dilma apostará em figuras com maior peso político, capazes de blindá-la às
críticas, firmar acordos e ajudar a fazer o governo andar. Três são cotados
para integrar o triunvirato: Aloizio Mercadante, que deve ficar na Casa Civil,
o governador da Bahia em fim de mandato, Jaques Wagner, e o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.
A Esplanada voltará também a ter
ministros de maior envergadura política, auxiliados por secretários-executivos
técnicos. A estratégia auxiliará a conter disputas internas do PT e os humores
dos principais partidos da base. Cotados para o primeiro escalão, Cid Gomes,
Gilberto Kassab e Ciro Nogueira ajudariam a enquadrar PROS, PSD e PP. A
fidelidade também será assegurada com cargos na Esplanada. Principal parceiro
de campanha e maior ameaça na Câmara, o PMDB pretende levar pelo menos seis
ministérios.
O governo também quer se
aproximar mais das bancadas específicas, como a ruralista, a sindical e a
empresarial. O Planalto quer na base entidades que comandam esses grupos. Ao
acenar a Agricultura para Kátia Abreu (TO), presidente da confederação nacional
do setor (CNA), agrada ao PMDB e ao agronegócio. Cotado para Ciência e
Tecnologia, Armando Monteiro (PTB), ex-presidente da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), representaria o empresariado. Nomear um ministro da Fazenda do
mercado também acalmaria os investidores.
Diante de um PMDB mais arredio, o
governo pretende errar menos na relação com o parlamento para assim evitar
derrotas e surpresas em votações fundamentais. Se Dilma cumprir aquilo que
prometeu em seu primeiro discurso como presidente reeleita, de ampliar o
diálogo, já terá meio caminho andado.
Fonte: Agência Brasil.
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