O senador mineiro Aécio Neves
(PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), têm muito mais em
comum do que a intenção de desafiar a presidente Dilma Rousseff na eleição de
2014 ao Palácio do Planalto. Amigos há mais de dez anos, os dois herdaram de
seus avôs maternos um legado político e são protagonistas de um projeto de
poder.
Aécio é neto de Tancredo Neves, o
presidente que morreu antes de tomar posse, em 1985, ano da transição da
ditadura para a democracia. Sem carregar o sobrenome Arraes porque a família
temia perseguição política, Campos é neto de Miguel Arraes – governador de
Pernambuco cassado pelo golpe de 1964 – e só conheceu o avô, exilado na
Argélia, quando tinha 10 anos.
Tanto Aécio quanto Campos
conquistaram altos índices de aprovação em seus Estados, mas enfrentam
dificuldades para ampliar o arco de alianças e se contrapor ao PT de Dilma.
O senador tucano administrou
Minas duas vezes. O governador pernambucano está no segundo mandato à frente do
Palácio do Campo das Princesas.
As semelhanças não param aí:
ambos tiveram longa experiência como deputados federais, são presidentes de
seus partidos e gostam de Luiz Inácio Lula da Silva. A diferença é que Campos,
chamado por amigos de Dudu, era até ontem da base aliada e Aécio está na
oposição desde 2003. Campos tem 48 anos; Aécio, 53. Na primeira campanha
presidencial planejada pelos dois, a ideia tanto de um como de outro é explorar
o lado do político que representa "o novo", embora suas famílias
sejam velhas conhecidas da política brasileira.
Além das semelhanças em suas
trajetórias, Aécio e Campos possuem estratégias comuns – fazem gestos públicos
de aproximação e de apoio mútuo em um eventual segundo turno da eleição
presidencial.
Na prática, porém, devem disputar
um mesmo espaço no eleitorado e já foram protagonistas de uma disputa por
aliados. Recentemente, Campos recebeu o indicativo de apoio futuro do PPS,
tradicional parceiro dos tucanos. Antes, o pernambucano havia conseguido
arregimentar a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, no lance até agora
mais surpreendente da pré-campanha.
Ao lado de Marina, o governador
mantém as pontes com o lulismo, mas reforça a proposta de se firmar como a
terceira via na eleição presidencial e quebrar, em 2014, a polarização entre o
PT de Lula e Dilma e o PSDB de Aécio. Seu slogan: "É possível fazer mais e
bem feito".
O senador tucano, por sua vez,
assumiu mais recentemente o figurino de oposição radical ao PT no poder,
distanciando-se do tom quase sempre contemporizador que marcou seus dois
mandatos à frente do governo de Minas. O mineiro que pregava o
"pós-Lula" e uma aproximação futura entre PT e PSDB abraçou as
bandeiras históricas dos tucanos com o aval do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso – principal patrono de sua postulação.
Em 2013, os projetos
presidenciais de Aécio e Campos deixaram de ser esboço e já estão quase
completamente desenhados.
Fonte: Estadão.
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