domingo, 15 de dezembro de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - DOMINGO 15 DE DEZEMBRO DE 2013

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

ANÁLISE NA PROPOSTA DA REFORMA ELEITORAL.

Nobres:
O anunciado que vem sendo constante sobre as propostas de reforma política acalentada pelo povo e que objetiva dar “perfeição” o ordenamento constitucional em espécie. Dito posto que encete a exame das propostas, discorremos em atenção o que poderá preceituar o normativo. Com o fim da reeleição com aumento do mandato para cinco anos é um avanço para a democracia. Um dos pontos fundamentais da democracia é a alternância de poder, para  que um grupo político não se apodere permanentemente da máquina pública, transformando-se em ditadura disfarçada, e o mandato de quatro anos com reeleição é, na prática, um mandato de oito anos, em virtude do poder econômico da máquina pública, o que diminui a rotatividade de poder. A eleição de meio de mandato acaba funcionando como um “recall” e o governante só perde se seu governo tiver sido uma completa tragédia no período. Por outro lado há quem diga que, na prática, o fim da reeleição não faz muita diferença, pois o detentor do poder sempre tem um sucessor candidato, e ele usaria a máquina para o seu protegido. Isso é verdade, mas até certo ponto, pois um apoiador político nunca consegue transferir 100% da sua base eleitoral, o que aumenta as chances da oposição. Com o fim da reeleição, o mandato passa a ser novamente de quatro anos, o que parece pouco, pois um ano fica ocupado com a troca de governo. O primeiro ano de governo costuma ser muito tumultuado, já que se trata de uma nova filosofia de governo sob a égide de uma lei orçamentária votada pelo governo anterior. O sistema atual é extremamente ruim, pois as eleições de dois em dois anos faz com que o mundo político respire eleições o tempo todo. Exemplo disso são as discussões políticas do Congresso que, nesse exato momento, estão perpassando por acordos eleitorais para o ano que vem, e isso aumenta demasiadamente o fisiologismo. Outra vantagem é que o eleitor terá a garantia de que o candidato escolhido concluirá o mandato. Hoje em dia isso não é regra. Deputados costumam se lançar a prefeituras dois anos depois de eleitos, e vereadores costumam se lançar a deputados logo na eleição seguinte. É uma evidente falta de compromisso com seu eleitor. O aspecto negativo é que são nomes demais e candidatos demais para os eleitores guardarem. Uma eleição geral vai criar uma confusão geral. Mesmo com esse problema, eu aprovo a proposta, pois entendo que essa medida vai trazer uma maior renovação nos quadros políticos. Sobre a fidelidade partidária e o fim das coligações proporcionais, são medidas fantásticas e devem ser implementadas imediatamente. O excesso de partidos no Brasil é um problema real de governabilidade e aumenta o fisiologismo. Contudo, também não podemos ser contra a liberdade partidária, por ser medida liberal essencial. A questão é que o que temos no Brasil hoje não é liberdade partidária, pois essa liberdade pressupõe diversidade de ideias, e não é isso que ocorre. Os partidos são todos mais ou menos iguais hoje no Brasil, e tanto a infidelidade partidária quanto as coligações proporcionais criam um incentivo fundamental para que esse fenômeno ocorra. As coligações proporcionais destroem a ideia de que os partidos traduzem ideias. Se um partido socialista se coliga com um partido liberal, quando um cidadão liberal vota em candidato do partido liberal, pode estar ajudando a eleger um candidato do partido socialista. Essa disfunção é uma completa loucura. Sinteticamente não há ideologia política no país e sua sustentabilidade partidária. (exemplo: As candidaturas da chapa Lula/José Alencar seria uma contradição impar no conceito ideológico) Junta-se a isso o fato do candidato eleito poder sair de um partido com uma filosofia e ir para outra, e temos de real uma salada. Na prática, legendas de aluguel só conseguem eleger candidatos porque coligam com outras legendas de aluguel. Caso os pontos comentados efetivamente sejam aplicados, em pouco tempo os partidos sem ideologia vão morrer e somente os ideológicos permanecerão ativos. Essa é uma questão que na prática de rotatividade nada modificar em termos de significativos avanços na política do País.

Antônio Scarcela Jorge.

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