FILHOS DE CUNHA FAZIAM PARTE DO ESQUEMA.
O Ministério Público Federal apura se Felipe e a irmã Danielle Dytz da Cunha, ambos filhos do primeiro casamento do ex-deputado, cometeram atos de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema montado pelo pai.
As investigações da Operação Lava-Jato sobre supostos
crimes do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passaram agora a atingir mais um
filho do deputado: Felipe Dytz da Cunha.
A força-tarefa de Curitiba passou a investigá-los
depois de descobrir que a GDAV, empresa em nome de Felipe e Danielle, recebeu
R$ 1 milhão da Gol Linhas Aéreas entre 2012 e 2015.
Os recursos foram intermediados pela agência Almap
Publicidade e Comunicação, conforme documentos que deram base ao pedido de
prisão de Cunha, apresentado pelo Ministério Público.
No mesmo período, empresas vinculadas ao grupo Gol
Linhas Aéreas repassaram mais de R$ 2 milhões a Jesus.com e C3 Atividades de
Internet, empresas em nome de Cunha, Danielle e Cláudia Cruz, atual mulher do
ex-parlamentar.
Até ser preso, na semana passada, Cunha deixava claro
que estava preocupado com os avanços da Lava-Jato, mas o que mais queria era
preservar a mulher e os filhos.
Os laços financeiros dele com a mulher Cláudia Cruz já
estavam em investigação avançada.
Mas a descoberta das movimentações nas contas
dos filhos o deixou alarmado na prisão.
Danielle já vinha sendo investigada pelo uso de um
cartão de crédito lastreado em um das trusts de Cunha, mas seus advogados
avaliavam que ela poderia não ser denunciada, pois havia recebido o cartão como
filha e não tinha qualquer responsabilidade pelas movimentações financeiras do
pai.
Agora, a situação é diferente.
A avaliação de Cunha é que, ao contrário do que
ocorreu quando surgiram as primeiras denúncias contra Danielle, agora será
difícil convencer o Judiciário de que ela e Felipe maiores de idade e sócios da
empresa não tinham conhecimento de que a empresa deles estava sendo usada para
lavagem de dinheiro, fruto de atividades ilegais.
No pedido para a prisão realizada na semana passada,
os procuradores do caso informam que não há qualquer indício de que a GDAV e a
Jesus.com “tenham prestado algum serviço efetivo de publicidade compatível com
os valores repassados” às duas empresas.
A descoberta deve levar para o centro das
investigações também os donos da Gol Linhas Aéreas. Eles deverão ser chamados
para explicar os repasses a Cunha e aos filhos do ex-deputado.
Os procuradores suspeitam que os pagamentos seriam
parte de suposta propina da Gol para Cunha no período em que ele era um dos
parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.
Ontem, a Justiça Federal em Brasília negou pedido de
Cláudia Cruz para participar do programa de repatriação e regularização de
recursos enviados ilegalmente ao exterior.
Cláudia recorreu à Justiça porque a Receita Federal
negou pedido feito por ela para regularizar dinheiro mantido no exterior.
A decisão da juíza Diana Maria Wanderlei da Silva, da
5ª Vara da Justiça Federal, é liminar e ela ainda vai julgar o mérito da ação,
o que não tem data para ocorrer.
Na ação, Cláudia afirma que tem união estável com
Eduardo Cunha e que preenche os requisitos legais para aderir ao programa, mas,
mesmo assim, teve pedido rejeitado pela Receita.
Ela afirma ainda “que não pretende discutir a origem
lícita dos recursos, bens ou direitos que possui, mas apenas aderir ao regime
especial, uma vez que tem o acesso vedado”.
O prazo para adesão ao programa
vence no dia 31 deste mês.
Para a juíza, no entanto, a lei é clara ao não
permitir que autoridades e seus cônjuges se beneficiem do programa de
repatriação.
A magistrada citou resolução da Receita Federal que
diz que não podem aderir ao programa parentes de pessoas que ocupavam função
pública em março de 2015 quando Eduardo Cunha ainda era deputado.
A juíza observou ainda que a lei exige que os recursos
a serem repatriados tenham origem lícita.
A magistrada citou a denúncia do Ministério Público
Federal no âmbito da Operação Lava-Jato, que afirma que o dinheiro de Cláudia
Cruz no exterior tem como origem propina supostamente negociada pelo marido.
“Portanto, há indícios veementes, e que precisam ser
esclarecidos, de que os recursos, bens e direitos, o qual a demandante pretende
a regularização como lícitos, podem ser oriundos da persecução de crimes
perpetrados, e, por conseguinte, não sejam de titularidade da parte autora, se
forem considerados ilícitos”, diz a juíza.
Também ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal parecer contrário à participação
de político e seus parentes no programa de repatriação de recursos encaminhados
ilegalmente ao exterior.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou
ontem um pedido de liberdade feito pela defesa de Cunha no início da semana.
Cunha está detido na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba desde 19 de
outubro.
O desembargador responsável pelo julgamento do habeas
corpus citou desprezo à lei e à Justiça, ao dizer que o ex-presidente da Câmara
pode ter recebido propina enquanto era parlamentar.
Fonte: Agência Brasil.
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