domingo, 16 de outubro de 2016

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO, 16 DE OUTUBRO DE 2016

SCARCELA JORGE







COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

O POLÍTICO PROFISSIONAL.

Nobres:

Controverter de política, sobretudo em tempos políticos conturbados, incertos e até agressivos é tarefa complexa. Mesmo que o objetivo não seja criticar e sim analisar, é uma aventura arriscada, principalmente porque o senso comum já atribui a esse debate uma mácula de ideologias e preconceitos. É inegável que o “agir político”, assim como qualquer ação humana e social é regido por diretrizes dialéticas e conflituosas, principalmente quando tratamos de interesses públicos e coletivos. E, talvez, esse seja um caminho interessante e viável na tentativa de conceituar ou entender o que é a política, que além das noções jurídicas, éticas ou filosóficas, pode ser entendida como a atividade de gerir desejos contraditórios. Porque é evidente que não há uma convergência unívoca acerca dos interesses de uma coletividade, pois as referências e desejos de cada indivíduo são complexos e plurais. E esse panorama é apresentado de maneira clara em nosso atual momento eleitoral, tanto nacional como internacional. Parece que a figura do chamado “político de carreira” está perdendo força ou credibilidade entre os eleitores, há uma ânsia de renovação e a tendência de depositar a confiança não só na experiência partidária, mas também e principalmente na capacidade de gestão e administração dos problemas e desejos sociais. Nas atuais eleições municipais esse panorama parece seguir esse rumo. Nossos candidatos não estão se apresentando como políticos experientes ou de longas trajetórias a frente do poder público, a via utilizada é a de mostrar ao eleitor que são candidatos preparados e aptos para gerir e gerenciar as cidades, mais que políticos, são administradores. Em São Paulo, o candidato vencedor, de forma clara, conquistou a eleição apresentando-se como um empresário de sucesso e sem experiência política, mas que detinha os atributos para aplicar na esfera pública, seus conhecimentos e capacidades com as quais tocava suas empresas de sucesso, e se o objetivo do discurso é convencer, foi bem sucedido, pois, sem qualquer trajetória eleitoral, venceu já no primeiro turno. a importância da experiência e da construção de uma trajetória sólida em qualquer área, o rumo da política, agora e adiante, privilegiará também outras capacidades. Não basta apenas ter traquejo na vida pública, a população exige mais e clama por renovação e qualificação. É a confirmação que a sociedade e o mundo são contingentes, não estão e nunca estarão finalizados, e a política é uma atividade de escolha, e parece que esta escolha não está mais vinculada a meros nomes ou tradições, mas sim a propostas, aptidões e competências. Esperemos que nossos políticos sigam esse novo panorama e apresentem-se com novos perfis, propostas e qualificações, pois, talvez, essa seja a trilha correta para uma nova realidade, mais justa e indispensável.
Antônio Scarcela Jorge.

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