SCARCELA JORGE |
COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
O POLÍTICO PROFISSIONAL.
Nobres:
Controverter de
política, sobretudo em tempos políticos conturbados, incertos e até agressivos
é tarefa complexa. Mesmo que o objetivo não seja criticar e sim analisar, é uma
aventura arriscada, principalmente porque o senso comum já atribui a esse
debate uma mácula de ideologias e preconceitos. É inegável que o “agir
político”, assim como qualquer ação humana e social é regido por diretrizes
dialéticas e conflituosas, principalmente quando tratamos de interesses
públicos e coletivos. E, talvez, esse seja um caminho interessante e viável na
tentativa de conceituar ou entender o que é a política, que além das noções
jurídicas, éticas ou filosóficas, pode ser entendida como a atividade de gerir
desejos contraditórios. Porque é evidente que não há uma convergência unívoca acerca
dos interesses de uma coletividade, pois as referências e desejos de cada
indivíduo são complexos e plurais. E esse panorama é apresentado de maneira
clara em nosso atual momento eleitoral, tanto nacional como internacional. Parece
que a figura do chamado “político de carreira” está perdendo força ou
credibilidade entre os eleitores, há uma ânsia de renovação e a tendência de
depositar a confiança não só na experiência partidária, mas também e
principalmente na capacidade de gestão e administração dos problemas e desejos
sociais. Nas atuais eleições municipais esse panorama parece seguir esse rumo.
Nossos candidatos não estão se apresentando como políticos experientes ou de
longas trajetórias a frente do poder público, a via utilizada é a de mostrar ao
eleitor que são candidatos preparados e aptos para gerir e gerenciar as
cidades, mais que políticos, são administradores. Em São Paulo, o candidato
vencedor, de forma clara, conquistou a eleição apresentando-se como um
empresário de sucesso e sem experiência política, mas que detinha os atributos
para aplicar na esfera pública, seus conhecimentos e capacidades com as quais
tocava suas empresas de sucesso, e se o objetivo do discurso é convencer, foi
bem sucedido, pois, sem qualquer trajetória eleitoral, venceu já no primeiro
turno. a importância da experiência e da construção de uma trajetória sólida em
qualquer área, o rumo da política, agora e adiante, privilegiará também outras
capacidades. Não basta apenas ter traquejo na vida pública, a população exige
mais e clama por renovação e qualificação. É a confirmação que a sociedade e o
mundo são contingentes, não estão e nunca estarão finalizados, e a política é
uma atividade de escolha, e parece que esta escolha não está mais vinculada a
meros nomes ou tradições, mas sim a propostas, aptidões e competências.
Esperemos que nossos políticos sigam esse novo panorama e apresentem-se com
novos perfis, propostas e qualificações, pois, talvez, essa seja a trilha
correta para uma nova realidade, mais justa e indispensável.
Antônio Scarcela Jorge.
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