SCARCELA JORGE |
COMENTÁRIO
Scarcela JorgeEM DEFESA DA VAQUEJADA CARECE ANALISAR.
Nobres:
A decisão do STF sobre a vaquejada evento tradicional
da cultura e o turismo popular especialmente do nosso Estado do Ceará parece
não perceber este avanço e se apresenta desatenta à realidade. O placar
apertado (seis votos a favor da inconstitucionalidade e cinco contra)
demonstrou que o tema precisa ser discutido de forma ampla, ouvindo os setores
da sociedade em que vive a rotina dos eventos. A vaquejada está enraizada na cultura brasileira e, especialmente, nordestina.
Desde a sua origem, entre os séculos 17 e 18, até os dias de hoje, vem se
aprimorando para tornar a prática segura, competitiva e responsável. Os avanços
na última década foram visíveis e fundamentais para garantir a sobrevivência
dos eventos, ampliando sua penetração e ganhando mais adeptos. Os animais,
tanto o cavalo como o boi, não sofrem as atrocidades alegadas por aqueles que
são contrários à tradição. Os bois só correm com um protetor de cauda, evitando
a quebra ou amputação do membro. Nos currais, recebem água, ração e feno de
qualidade. Não são açoitados. Não apanham. Não sofrem lesões. E toda vaquejada
conta com pelo menos três veterinários para garantir a plena saúde dos animais. Quando é derrubado, o boi cai em um terreno de areia fofa que amortece a queda.
Nossos vaqueiros não utilizam esporas, chicotes ou qualquer outro artefato que
possa causar ferimentos ou estresse nos animais. E se um boi ou cavalo apresentar
qualquer tipo de sangramento é imediatamente retirado da competição para ser
tratado com atenção e zelo. Ao lado dos vaqueiros, eles são as estrelas das
corridas e merecem todo respeito. Seria incoerente por parte dos praticantes promoverem
qualquer dano à integridade física que prejudique a saúde destes animais. Para
garantir a segurança dos competidores, o uso de capacete é obrigatório durante
as corridas. Não nos restam dúvidas de que a evolução alcançada nas últimas
décadas pode avançar, mas para tanto é fundamental a existência de um debate
que leve em conta os aspectos sociais, financeiros e econômicos que envolvem as
vaquejadas. Ir de encontro à vaquejada é ser contrário aos mais de 700 mil
empregos, diretos e indiretos, que são gerados pela atividade em todo o país.
Hoje, são aproximadamente quatro mil eventos espalhados pelo Brasil que
construíram uma cadeia produtiva que movimenta milhões. Interromper este fluxo
econômico no momento em que o desemprego e a seca afetam o Nordeste é condenar à
miséria milhares de famílias brasileiras que tiram das corridas o seu sustento.
O que antes era uma competição amadora entre os vaqueiros mais valentes,
tornou-se um acontecimento com alto nível de profissionalização que não pode
ser ignorado e com reflexo em diversos setores econômicos, gerador de uma rede
de empregos que vai desde o pequeno comerciante que atua durante as festas até
músicos contratados para animar os eventos, hoteleiros que vêem turistas
ocupando seus estabelecimentos, veterinários, tratadores e criadores que
investem no aperfeiçoamento genético de rebanhos e tropas. Adequando-se às
pautas sociais recentes que condenam os maus tratos, as vaquejadas ampliam sua
penetração e ganham mais adeptos. Defendemos o debate permanente com o objetivo
de fortalecer ainda mais nossa cultura porque a possibilidade de qualificar uma
tradição brasileira e secular como ilegal compromete a economia e ameaça a
personalidade do vaqueiro, seus costumes e sua história. É apagar um pedaço da
identidade nordestina, calar versos “gonzagueanos” que cantaram a vida do “bom
vaqueiro nordestino” e rasgar chapéu de couro, perneira e gibão. É tornar
clandestino um patrimônio nacional que por ação, reiteramos, é questão de
revisão em amparar.
Antônio
Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário