CÂMARA CONCLUI VOTAÇÃO DA PEC 241, E TEXTO SEGUE PARA ANÁLISE DO SENADO.
Deputados aprovaram em segundo turno proposta que limita gasto público.
PEC é defendida pelo governo como forma de reequilibrar as contas.
O plenário da Câmara dos Deputados concluiu na
madrugada desta quarta-feira (26), após cerca de 14 horas de sessão, a análise
em segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita os
gastos públicos pelos próximos 20 anos.
Aprovado pela Câmara, o texto seguirá, agora, para
análise no Senado, onde a expectativa é de votação em 13 de dezembro.
Na noite desta terça (25), o texto-base da PEC já
havia sido aprovado pelos deputados, por 359 votos a 116, mas ainda faltava a
análise de seis destaques (sugestões de alteração ao texto original). Essas
sugestões, contudo, foram todas rejeitadas.
Por se tratar de uma alteração na Constituição, a
proposta precisava ser aprovada por pelo menos três quintos dos deputados (308
dos 513).
No primeiro turno, a PEC foi aprovada com o apoio de
366 parlamentares, enquanto 111 haviam se posicionado contra o texto.
A proposta é considerada pelo governo do presidente
Michel Temer um dos principais mecanismos para reequilibrar as contas públicas
do país.
O texto estabelece que as despesas da União
(Executivo, Legislativo e Judiciário) só poderão crescer conforme a inflação do
ano anterior.
A regra valerá pelos próximos 20 anos, mas, a partir
do décimo ano, o presidente da República poderá propor uma nova base de cálculo
ao Congresso.
Em caso de descumprimento do teto, a PEC estabelece
uma série de vedações, como a proibição de realizar concursos públicos ou
conceder aumento para qualquer agente público.
Inicialmente, o texto estabelecia que os investimentos
em saúde e em educação deveriam seguir as mesmas regras.
Diante da repercussão
negativa e da pressão de parlamentares, inclusive da base aliada, o Palácio do
Planalto decidiu que essas duas áreas deverão obedecer ao limite somente em
2018.
Sessão
Ao longo de toda a sessão destinada à análise da PEC
em segundo turno, a oposição apresentou uma série de requerimentos.
O recurso é previsto no regimento, mas, no jargão
legislativo, é chamado de obstrução porque, na prática, atrasa a análise de um determinado
projeto.
Ainda na noite de terça, da galeria do plenário,
manifestantes gritavam a todo instante palavras de ordem contra a PEC.
Em razão da manifestação dessas pessoas, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a suspender a sessão por alguns
minutos para que eles fossem retirados do local.
Neste instante, alguns deputados do PT subiram até a
galeria para dar apoio ao grupo.
Os seguranças também foram até a galeria, mas
os manifestantes não saíram do lugar.
Diante do impasse, o deputado Arlindo Chinaglia
(PT-SP) propôs ao plenário um "pacto" para que o público pudesse
continuar acompanhando a sessão, desde que fosse em silêncio.
"São jovens
na sua maioria e que também estão aqui de boa fé", defendeu.
Rodrigo Maia, então, reconsiderou a decisão, desde que
os manifestantes se mantivessem calados.
"Eu tento ser o mais democrático possível, mas
tento ser de forma equilibrada.
De forma sistemática, eu vou cedendo e, de
forma sistemática, as galerias vão desrespeitando.
Uma palma, uma vaia não é
problema. Agora, palavras de efeito não dá", afirmou.
Pouco antes de proclamar o resultado da votação do
texto-base, antes do início da análise dos destaques, Rodrigo Maia determinou a
retirada dos manifestantes.
Bate-boca na madrugada
Já na madrugada desta quarta, pouco depois da 1h30,
houve um bate-boca entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e deputados do
PT.
Com o dedo em riste, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP)
contestou Rodrigo Maia após o deputado do DEM fazer críticas sobre a uma
questão de ordem apresentada pela deputada Erika Kokay (PT-DF).
Diante da reação de Teixeira, Maia disse: "Não
precisa apontar o seu dedo. Eu não tenho medo do seu dedo. O senhor pode
colocar o dedo onde vossa excelência quiser".
Os ânimos se acirraram porque toda vez que um
parlamentar da oposição subia na tribuna para discursar, deputados governistas
começam uma contagem regressiva até que o tempo de fala esgotasse.
A deputada Erika Kokay, um dos alvos da provocação,
apresentou uma questão de ordem pedindo que Maia interviesse quando isso
acontecesse.
O presidente da Câmara, porém, questionou por que ela
não havia se incomodado com o barulho vindo da galeria, que resultou na
retirada dos manifestantes que acompanhavam a sessão.
Foi aí que Teixeira saiu em defesa de Kokay e disse
que ele deveria "se comportar como presidente dessa Casa".
Depois, Maia baixou o tom e disse que dava razão a
Teixeira. "Espero que a base e a oposição respeitem o orador que estiver
na tribuna", disse.
Discursos
Na tribuna da Câmara, parlamentares da base de apoio
ao governo do presidente Michel Temer fizeram elogios à proposta, enquanto
deputados de oposição criticaram a PEC.
"Se a PEC não for aprovada, o colapso fiscal vai
se instalar no país", afirmou, por exemplo, o deputado Darcísio Perondi
(PMDB-RS), relator da proposta.
Líder da Rede, o deputado Alessandro Molon (RJ), por
outro lado, classificou a PEC 241 de "cruel e perversa".
"Aprovar essa PEC significa cortar investimentos,
sobretudo na área social. Quem diz que não vai cortar investimentos em saúde e
educação é porque não leu a PEC", argumentou.
Fonte: G1 – DF.
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