Investigadores
analisaram troca de e-mails entre executivos da construtora.
Eles foram trocados quando Odebrecht disputava licitação na Namíbia.
Investigadores da Operação Lava Jato analisaram uma
troca de e-mails entre executivos da construtora Odebrecht. As mensagens
indicam que o então presidente Lula fez lobby para a Odebrecht.
Os e-mails foram trocados em 2009. Na época, a
construtora Odebrecht disputava uma licitação na Namíbia. Em um destes e-mails,
o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, autoriza uma alteração na
própria agenda para participar de um jantar com o presidente da Namíbia.
O encontro foi a convite do então presidente Lula.
"Pode confirmar mesmo, porque vou tentar estar com a Dilma. Entendo que
pode ser uma boa oportunidade em função da nossa hidrelétrica. Seria importante
eu enviar uma nota antes via Alexandrino com eventualmente algum pedido que
Lula deva fazer por nós."
Alexandrino de Alencar é um ex-executivo da Odebrecht
que está preso em Curitiba, nas investigações da Operação Lava Jato. Alexandrino
viajou diversas vezes com o ex-presidente Lula para países da África e da
América Latina. Essas viagens foram pagas pela empreiteira e aconteceram depois
que Lula já tinha deixado o cargo. O destino eram países onde a Odebrecht toca
obras financiadas pelo BNDES.
A Procuradoria da República do Distrito Federal já
investiga se houve tráfico de influência internacional do ex-presidente Lula a
favor da construtora Odebrecht. O período da investigação vai de 2011 a 2014,
quando Lula não era mais presidente.
Em outro e-mail de 2009, os agentes da Polícia Federal
identificaram outro executivo da Odebrecht em uma conversa com o então ministro
do Desenvolvimento de Lula, Miguel Jorge. Os dois também tratam dos interesses
da construtora na Namíbia.
"Miguel, se você estiver hoje com os presidentes
Lula e o da Namíbia, é importante que esteja informado sobre esta negociação e,
se houver oportunidade, manifestar a sua confiança na capacidade desta
multinacional brasileira chamada Odebrecht."
No mesmo dia, veio a resposta de Miguel Jorge. “Estive
e o PR fez o lobby. Aliás, o PR da Namíbia é quem começou, disse que será
licitação, mas que torce muito para que os brasileiros ganhem o que é meio
caminho andado." Os peritos da Polícia Federal acreditam que PR é uma
provável referência ao então presidente Lula.
A Odebrecht e a defesa de Alexandrino de Alencar
afirmaram que os e-mails registram uma atuação institucional, legítima da
empresa. E que foram interpretados de forma equivocada. Diz ainda que o projeto
na Namíbia não fosse realizado.
O Instituto Lula afirmou que o ex-presidente tem
orgulho de ter atuado no seu governo para ampliar o espaço das empresas
brasileiras no mundo, sem ter jamais recebido favor ou pagamento. O Instituto
também declarou que Lula chefiou missões empresariais dentro da lei e a favor
do Brasil.
O ex-ministro Miguel Jorge confirmou o encontro com o
presidente da Namíbia em um almoço no Itamaraty. Ele disse que é obrigação do
ministro e do presidente fazer lobby, de forma positiva, para vender produtos
brasileiros no exterior.
Fonte: Agência O Globo.
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