MEC teve atitude sensata ao manter curso de
medicina em 6 anos.
Governo
desistiu da ideia de ampliar curso graduação para oito anos. Residência médica
será feita na atenção básica do SUS.
A
decisão do Ministério da Educação em desistir de estender o curso de graduação
em medicina para oito anos agradou a reitores e diretores de faculdades. Nesta
quarta-feira (31), o ministro Aloizio Mercadante disse que o curso segue sendo
em seis anos, e os dois anos extras serão aproveitados como residência médica,
na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o primeiro em urgência
e emergência, que tem caráter de especialização e atualmente não é obrigatória.
Com isso, os estudantes de medicina não ficariam impedidos de se formar após os
seis anos de curso. - José Otávio Costa Auler Júnior, diretor em exercício da
Faculdade Medicina da Universidade de São Paulo (USP), disse que a decisão do
governo de revogar o aumento de oito para seis anos do curso de medicina foi
uma “atitude sensata.” “O que o governo tinha proposto é impraticável (ampliar
o curso de graduação de seis para oito anos). A maioria das faculdades ia
estender o curso, mas não teria a infraestrutura necessária.” - Segundo Auler
Júnior, a USP fará uma reestruturação do curso. Nos primeiros três anos, o
estudante fará o ciclo básico, e nos três restantes, o internato, com a parte
prática. “Haverá uma prática mais intensa para aumentar a exposição do aluno em
programas de atenção básica.” A expectativa é de que as mudanças sejam
colocadas em prática em 2015. Outra intenção da USP é facilitar o intercâmbio
internacional entre os alunos. - Diretor da Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Antonio Carlos Lopes considerou um
ganho manter a graduação em medicina em seis anos, mas acha “uma pena mexer na
residência médica”. Segundo ele, a graduação já é feita com trabalhos no SUS.
“Isso daí vai representar em última análise uma mão de obra para o SUS, e a
contribuição para o residente vai ser muito pequena para o seu aprendizado. Nas
regiões afastadas não há nenhuma infraestrutura. A decepção pode ser grande e
eles podem largar a medicina”, disse. - Presidente do Fórum Permanente de
Dirigentes de Escolas Federais de Medicina (Formed), Lopes diz que vai
apresentar ao governo propostas para melhorar o que foi anunciado pelo MEC.
“Tem que aprimorar a residência médica da forma como ela está, e não tirar o
residente para coloca-lo no SUS. Isso não vai trazer nenhuma contribuição para
o médico nem para a comunidade.” Segundo ele, é preciso dar estrutura para o
residente trabalhar e um acompanhamento sistemático feito pelo preceptor
(tutor). “Médico sozinho não faz saúde. É preciso que haja enfermeiros,
dentistas, fisioterapia, psicólogos, assistentes sociais.” - José Tadeu Jorge,
reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), disse que prevaleceu o
bom senso. “A universidade possui autonomia pedagógica, estamos falando de
currículo e formação de profissionais. Ela tem competência para avaliar se dois
anos a mais é bom ou não. A proposta teria que ser discutida, não anunciada
como medida do Executivo". Para Silvana Artioli Schellini, diretora da
faculdade de medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP), recebeu a
notícia com “muita satisfação”. Ela
ressaltou, no entanto, que é preciso que o trabalho do residente nas áreas de
urgência e emergência. “Todas as vezes que a gente trabalha com residência
médica a gente pega na mão do residente e ensina como é o serviço. É uma
formação pós-graduada. Pessoa precisa de um supervisor. Pela nova resolução,
ele continua falando que é para instalar em pessoas em locais distantes, e não
fala quem é que vai dar a supervisão. No setor de urgência e emergência não
pode ser feita à distância”, afirma.
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Colaborou G1 Campinas
Fonte
G1. São Paulo – SP.
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