COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge.
INDISPOSIÇÃO DO PARLAMENTO SOBRE A REFORMA
POLÍTICA.
Nobres:
A
insistência da temática relacionada sobre a reforma política propalada pelos
partidos, parlamentares e governantes não empolga porque, independentemente do
conteúdo meritório, trata-se simplesmente de qualificar a velha ordem e a
preservação das instituições como aí estão. As pessoas nas ruas repudiam os
governos porque os serviços e o direcionamento da política pública são
precários. Criticam o Judiciário porque a prestação jurisdicional é lenta e a
Justiça pouco alcança os poderosos e os corruptos. Desmerecem os parlamentares,
especialmente do Congresso Nacional, porque a produção do conteúdo legislativo
é distante da realidade e limitado. Parte substancial da atividade é destinada
aos interesses para a constituição de alianças sem afinidades políticas.
Portanto, o diálogo indispensável entre os partidos e a sociedade está velho e
surrado. Insensível para os jovens. Tem muito pouco a ver com a vida das
pessoas. Não estamos apenas diante da desconstituição da política, como
argumentam parte dos políticos tradicionais, mas sem relação e diálogo com a juventude,
que deseja velocidade no trato das questões públicas, uma nova sociabilidade e
dar sentido ao cotidiano essencial da vida. Parcela substancial da população
não está disposta a se submeter à ordem tradicional. Não que preguem a
desordem, mas desejam outro tipo de mediação que os partidos não têm tido
capacidade de desenvolver. Todos os temas reformistas relevantes se arrastam e
não acontecem, ou demoram anos à fio para terem efetividade. O pacto
federativo, as reformas política e tributária, o cumprimento dos mínimos para
saúde, educação e transporte coletivo, dentre tantas questões, são exemplos
dessa situação, que evidencia o descrédito quanto à representação política. Os
jovens querem soluções que uma estrutura antiga de partidos não consegue
oferecer. O debate interno em qualquer agremiação, apesar do cenário, continua
o mesmo. Em primeiro lugar, supondo que o movimento da rede e das ruas não lhes
diz respeito, principalmente a mobilização em cidades do interior onde os
manifestantes vão as ruas de maneira reduzida onde a categoria do serviço
público se escondem, por temor a retaliações por parte de prefeitos, em sua
maioria que se elegem sob o manto da corrupção. – Quanto mais corruptos, viram
as costas para a sociedade cansada de escolher o prefeito como única
alternativa de prover o balcão de negócios. Em conseqüência essas práticas
também se repetem. Privilégios, mordomias, desvios de conduta e prepotência. As
práticas corruptas exercitam a “ladroagem” não escapando de outros setores se
estendiam aos partidos políticos um “elemento de comunhão política e por lado
gerenciam os recursos do fundo partidário e dos espaços de governo para
garantir o reconhecimento, que pode se traduzir em legitimação eleitoral no
pleito que se avizinha”. A discussão essencial passa pelo casuísmo de ter
candidatura própria ou se coligar e suas possibilidades ao sabor das pesquisas.
Tudo distante, portanto, do que os protestos estão a dizer. Os partidos
deveriam estar reconstituindo a sua vida orgânica, com um debate mais amplo e
eficaz. Processando as demandas da população, confrontando com a visão
ideológica, programática e devolvendo à população na forma de propostas para
governar e qualificar os serviços. Não adianta fazer qualquer coisa no
exercício político. A importância diminuta dos partidos e, especialmente, dos
parlamentares é fruto de um sistema irreversível. Cumpre agora encontrar
alternativas para recuperar a legitimidade e continuar a contribuir para o
fortalecimento da democracia, valor imprescindível para a nação e deixar que
partidos em sua essência fisiológica seja apenas um atalho para se firmar, no
entanto é um mero despojo cartorial.
Antônio Scarcela Jorge.
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