O principal fator de mortalidade
infantil no Brasil é a falta de estudo dos pais. Nem a pobreza, a falta de água
encanada ou de esgoto tratado têm tanto impacto nas mortes precoces como o
baixo nível de escolaridade dos adultos. As informações são de pesquisa
realizada pelo Estadão. Dados e referem-se aos 5.565 municípios brasileiros. - O
estudo avaliou 232 variáveis e o impacto de cada uma no índice de mortalidade
de crianças de até 5 anos. Para a queda de um ponto porcentual na taxa de
analfabetismo da população adulta, a taxa de mortalidade de crianças até 5 anos
cai 4,7 pontos. - Na prática, se 1% dos adultos de uma cidade é alfabetizado,
em média, mais 47 crianças sobrevivem à primeira infância, a cada 10.000
nascimentos. "Às vezes, a casa não tem água ou saneamento básico, mas se a
mãe tem um pouco de educação, consegue que o filho tenha acesso aos programas
sociais do governo", afirma o pesquisador do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Celso Simões, autor de estudo similar. - O conjunto
dos dados revela que quanto maior o analfabetismo, maior a taxa de mortalidade
infantil. A cidade de Olho D'água Grande, em Alagoas, é um exemplo: 50 crianças
de até 5 anos morrem por ano e 46% dos adultos são analfabetos. Já a cidade de
Blumenau, em Santa Catarina, está no outro extremo, com taxa de mortalidade
cinco vezes menor e índice de 2% de analfabetismo entre adultos. - O impacto da
alfabetização de adultos sobre a mortalidade de crianças é duas vezes maior do
que o da pobreza, o segundo fator com maior peso. Cada ponto porcentual a mais
na renda faz diminuir 2,8 pontos da taxa de mortalidade na infância. - O
terceiro fator estudado que diminui a mortalidade é o acesso à água e esgoto. A
cada ponto porcentual a menos na população sem saneamento básico, a mortalidade
na infância cai 0,8 pontos. Combinadas, as três variáveis: analfabetismo,
pobreza e água/esgoto explicam 62% da taxa de mortalidade de crianças com até 5
anos no Brasil. Os dados utilizados no estudo foram coletados durante o Censo 2010.
- O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa José Cássio de
Moraes ressalta que a maior educação materna também aumenta as chances de
doenças infantis serem diagnosticadas mais cedo e, consequentemente, de serem
curadas. "A mãe que possui um nível educacional maior reconhece mais
rapidamente os sintomas de doenças", afirma.
Fonte: Agência Brasil.
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