segunda-feira, 12 de agosto de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 12 DE AGOSTO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

O ACORDAR DA DEMOCRACIA.

Nobres:
Há alguns momentos sentíamos uma inquietação, percebia jovens inertes, distantes da realidade e passivos aos acontecimentos. Absortos em um mundo virtual e gozando os prazeres do consumo desmedido. Voltamos para rememorar o final da década de sessenta, eufórica de transformações socioculturais contestando um mundo mergulhado na euforia do pós-guerra, quando a mecanização e a tecnologia começavam a conquistar o cotidiano. Era o “AMERICAN WAY OF LIFE” invadindo as casas nas diversas partes do globo. Naquela época, que lembro em preto e branco, as ditaduras floresceram e o comunismo ganhou força, com recrudescimento da guerra fria se transformando no drama da época. Uma sociedade quadrada, careta e cheia de preconceitos, que contrastava com o espírito que surgia, com anseios de mudança de uma nova geração de jovens querendo transformar o mundo. As principais manifestações se deram nos aspectos políticos e culturais, como os movimentos estudantis, os hippies, o rock and roll, o teatro, o cinema novo, os grandes festivais da MPB.  A arte denunciando e formando opinião. Nos anos 1980 tivemos o “privilégio” de vivenciar, mesmo distante do palco dos acontecimentos, onde esta pequena cidade de Nova- Russas, encravada nos sertões do Ceará, “assistia” com certa  indiferença  o acordar da democracia no Brasil. Em um período de grandes debates políticos e de mudanças, “dançávamos” ao som contestador que cantava “que país é esse” e “Brasil mostra sua cara”. Todo País assistindo e participando da campanha pelas Diretas já. Depois vieram a Constituição de 1988, as eleições e a vitória da democracia. E, quando o País, novamente, sentiu-se enganado, foi à rua com a cara pintada clamar pelo impeachment. E quando acreditava em uma sociedade anestesiada, sentimos feliz por ter nos enganados e estar, novamente, vivendo um momento histórico. Uma multidão de jovens tomou conta das ruas para protestar e ocupar seu papel contestador. E não são rebeldes sem causa, São cidadãos engajados por um futuro diferente, reclamando justiça social, muito além dos centavos. Afinal, as deficiências na saúde, na educação e na segurança contrastam com os gastos e desmandos de um poder político que se apropria do Estado para defender interesses de seus aliados em sua maioria corrupta. O alardeado legado da Copa, de fato, vai ficar, mas não serão construções ou avenidas asfaltadas, mas, sim, um espírito democrático fortalecido e revigorado.
Antônio Scarcela Jorge.

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