COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
DE ELEIÇÃO A ELEIÇÃO UMA ARTE DE ENGANAR O
POVO
Nobres:
O melhor
instrumento de uma campanha eleitoral é o uso da emoção, “otimizada” pela
compra de voto. É uma razão lógica para o político enveredar nesta “regra”. Tem
ainda mais: quanto menos informada é a população de eleitores, mais a emoção acompanhada
da “bondade” é eficaz para conseguir votos. Embora isso seja pouco ou nada mais
divulgado, a tentativa de envolver as emoções no turbilhão eleitoral é,
provavelmente, a ferramenta mais importante de uma campanha. Em termos
globalizados cerca de 70% dos eleitores brasileiros não têm o primeiro grau
completo. Na visão dos políticos, dos publicitários e especialistas que dirigem
campanhas eleitorais, é bem mais prático influenciar essas pessoas usando sua
emoção do que a razão. Mostrar as dificuldades reais do país através de estudos
técnicos, apresentar gráficos, discutir opções teóricas de caminhos a serem
seguidos e propor planos de governo reais, tudo isso é considerado totalmente
sem efeito, inútil, por aqueles que dirigem campanhas eleitorais. Qual foi,
então, a solução encontrada para essas campanhas? O uso da emoção, da “bondade”
e dos sentimentos humanos. Um discurso flamejante, teatral, humano, fraternal,
igual, salvador, uma música envolvente com letra heroica e uma sequência estudada
que mexem com a alma; essa é a fórmula básica da conquista de votos. Mas não é
só emoção. No Brasil ela funciona junto com alguma coisa que pode parecer
racional ao eleitor. Na maioria das campanhas para prefeito, foram feitas pesquisas entre os eleitores,
verificando quais são seus principais anseios e desejos. Se na pesquisa os
eleitores demonstraram que queriam eleger um candidato que combata a corrupção,
deu-lhe discurso contra a corrupção. A técnica foi trabalhar com as emoções e
com os anseios e com dinheiro. A verdade pouco importou. Como os orçamentos
públicos são sempre menores do que o eleitor quer, os candidatos foram
aconselhados a prometer, sem tocar na questão dos recursos. Não há pudor: se
prometeram tudo. E num pacote de emoção e promessas, evidentemente acompanhadas
de críticas num momento especial que alguns municípios vivenciaram obviamente o
que se apresentava como melhor se arrancaram os votos. Esses estavam concisos e
certos de que, depois, ninguém iria cobrar as promessas, essas promessas tem
remédio se sair pela tangente protegida por “porta vozes” cuja conduta se
reversam a cada governo, não importa que seja governo de modo óbvio e contemplados
pelo protecionismo que o poder lhes propicia. Alias: Há até quem diga que promessa eleitoral
não deve ser cobrada porque não é para valer. É claro que nisso tudo há
exceções. Mas são poucas. Se todos nós voltássemos com mais razões e menos
emoção, procurando ver o que representam e quem são realmente aqueles
candidatos, o que eles fizeram e falaram no passado, certamente teríamos uma
resposta mais eficiente e racional por excelência. Certamente teríamos um povo
melhor. Mas esta é outra história que fica para outra vez. Uma retórica que
será concebida por um eleitorado essencialmente politizado.
Antônio Scarcela Jorge
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