Depois negar recursos de
quatro condenados do mensalão, STF retoma julgamento.
No primeiro
dia, os ministros do STF mantiveram multa e penas de quatro réus.
Os ministros do Supremo Tribunal
retomam nesta quinta-feira (15) a segunda fase do julgamento do mensalão. A
análise dos embargos declaratórios começa pelo processo do ex-deputado pelo PTB
Romeu Queiroz. O ex-parlamentar foi condenado no processo do mensalão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro com pena de 6 anos e 6 meses de
reclusão mais multa de R$ 828 mil.
O petebista é acusado de receber
R$ 102 mil por meio da agência de Marcos Valério, para que apoiasse no
Congresso projetos de interesse do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O julgamento prossegue com a revisão dos casos de Roberto Jefferson,
Simone Vasconcelos e Bispo Rodrigues. Joaquim Barbosa ainda não definiu o
restante da listagem. Ao todo, foram apresentados 26 embargos de declaração.
Nesta quarta-feira (14), o
Supremo negou os recursos apresentados por quatro condenados: o deputado
federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), o ex-primeiro-secretário do PTB Emerson
Palmieri, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas e o ex-deputado do PMDB José
Borba.
Antes, o Supremo rejeitou os
primeiros embargos declaratórios apresentados pelos condenados na ação.
Eles seguiram o voto do relator Joaquim Barbosa que começou a votar em blocos
recursos comuns apresentados pelos condenados e rejeitou as primeiras questões
preliminares apresentadas pela defesa:
- São absolutamente descabidos os
pedidos formulados nesses embargos de declaração. - Votaram com Joaquim Barbosa
os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia
a rejeição das cinco questões preliminares. Os pedidos rejeitados foram:
a necessidade de redistribuição dos embargos a outro relator, a retirada da
decisão de algumas manifestações feitas pelos ministros, o desmembramento do
processo, e a revisão da metodologia adotada na análise da AP 470 (separação do
julgamento da dosimetria das penas) e a anulação do voto do ministro Ayres
Brito, que não participou da definição das penas, por ter se aposentado.
Segunda fase
Nesta fase está sendo feita
a análise dos embargos declaratórios, que são as apelações da defesa dos réus
para tornar as decisões dos ministros mais claras e evitar eventuais
contradições e omissões. Essa etapa deverá durar cerca de um mês. Teoricamente,
a análise dos embargos declaratórios não pode alterar uma condenação imposta
pelos ministros durante o julgamento, que ocorreu durante o ano de 2012, foi o
mais longo da história da Corte.
O presidente do STF, ministro
Joaquim Barbosa, queria colocar em votação também os embargos infringentes,
que, em tese, permitem a realização de um novo julgamento para os casos em que
as condenações tiveram escores apertados, como seis votos pela condenação e
quatro votos pela absolvição, por exemplo. O cronograma, no entanto, foi
alterado pelo presidente da Corte por causa da morte da mulher do ministro
Teori Zavasck, Maria Helena Marques de Castro Zavascki, vítima de câncer, na
última segunda-feira (12).
Barbosa mudou a ordem do
julgamento porque considerou que a ausência de Zavascki seria prejudicial para
a análise dos embargos infringentes, mais complexos que os declaratórios. Ao
todo, 12 condenados no processo tiveram quatro votos pela absolvição, entre
eles José Dirceu e Delúbio Soares pelo crime de formação de quadrilha.
Caso sejam beneficiados pela nova
análise desse crime especificamente, eles poderiam iniciar o cumprimento da
pena longe do encarceramento, ou seja, no regime semiaberto, quando o réu só precisa dormir na prisão e
pode trabalhar e estudar durante o dia.
Embargos infringentes
Antes de os ministros julgarem os
embargos infringentes, eles terão que decidir se eles são legítimos. O
regimento interno do STF prevê a possibilidade de a defesa dos condenados
entrarem com os embargos infringentes, mas uma lei que regulamenta a tramitação
de processos no STF e no STJ (Supremo Tribunal de Justiça), e 1990, não cita o
recurso, o que deixa margem para os ministros entenderem que não são legais.
Fonte: R7 – BRASÍLIA DF
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