COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
EDUCAÇÃO
EM DELÍRIO
Nobres:
De nada
adiantará destinar 100% dos royalties do petróleo para educação se nada se
modificar, concreta e rapidamente, no coração das salas de aula, a começar pela
alfabetização.
Se a alfabetização não for feita aos seis anos, no 1º ano do Ensino Fundamental, o desastre do nosso analfabetismo continuará. Grupo que não domina a escrita em pleno século 21 é grupo desesperado, porque escrever é ter esperança.
Ora, temos ainda cerca de 50 milhões de analfabetos adultos, que o são não porque não frequentaram escola. Frequentaram, sim, por vários anos e dela saíram analfabetos. É, portanto, a escola que não sabe alfabetizá-los. Não sabe alfabetizar alunos de escolas públicas, e para evitar esta constatação dolorosa prolonga-se criminosamente por três anos o tempo para tentar fazê-lo. Prolongar a duração da alfabetização, se não se modifica a proposta pedagógica nas escolas, nada resultará. E por quê? Porque aprender é vivenciar situações em que os elementos do que se está aprendendo levam a pensar e a perguntar. As crianças de classes altas e médias, que convivem com pessoas que leem e escrevem, cedo começam a se perguntar sobre o que é ler e escrever. E, mais do que isso, apalpam que a escrita tem valor porque ela é útil e necessária para seus pais, para seus irmãos mais velhos, para seus tios, para seus avós os quais são para eles modelos de identificação.
Quem não viu criança imitando adulto que lê numa casa que há pessoas que leem? É preciso que a escola para crianças que vêm de ambientes não alfabetizados, e são muitos no Brasil, crie na sala de aula um ambiente alfabetizador tão próximo quanto possível daquele que os agraciados vivem desde que nascem. E o faça de forma tão adequada que compense em um ano letivo o que crianças privilegiadas viveram nos seus primeiros anos de vida. Pois o fantástico é que isto é possível. Vem sendo concretizado em todos os Estados brasileiros no Programa Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização, do Ministério da Educação. Mais do que em um ano letivo, alunos ainda não alfabetizados que estão na escola com mais de oito anos logram ler e escrever em no máximo cinco meses. A amostra científica que comprova esta possibilidade é composta por 60 mil alunos deste Programa. Portanto, Senhora Presidente, continuar não abrindo as portas da escrita para tantos contemporâneos, quando já se tem comprovada a possibilidades de fazê-lo, é inadmissível. Assim como os colonizadores desclassificaram os indígenas, legítimos habitantes das terras descobertas, marginalizando-os, arranjarão o mesmo hoje com uma parcela considerável da população, aquela que privamos da escrita, marco da civilização. E o fazemos com ares de superioridade os pobres, alunos de escolas públicas não têm condições de ascender ao patamar das classes dominantes, cujos filhos aprendem a ler e a escrever aos cinco ou seis anos. Ao conceder este prazo dilatado os estamos diretamente condenando a não alfabetização, pois aprender é um fenômeno social e histórico: quem não se alfabetiza no espaço e no tempo que já foi amplamente constatado. Ampliar o tempo para alfabetizar alunos de camadas populares é uma criminosa repetição da falsa benevolência dos colonizadores, que julgaram os donos da terra, os habitantes milenares dos solos americano e africano, incapazes de alcançar seu pretendido estágio civilizatório avançado. Alfabetizemos, pois, todos os brasileiros aos seis anos, para não repetir a barbárie dos colonizadores. É uma questão que implica na naturalidade regrada pela sociedade.
Antônio Scarcela Jorge.Se a alfabetização não for feita aos seis anos, no 1º ano do Ensino Fundamental, o desastre do nosso analfabetismo continuará. Grupo que não domina a escrita em pleno século 21 é grupo desesperado, porque escrever é ter esperança.
Ora, temos ainda cerca de 50 milhões de analfabetos adultos, que o são não porque não frequentaram escola. Frequentaram, sim, por vários anos e dela saíram analfabetos. É, portanto, a escola que não sabe alfabetizá-los. Não sabe alfabetizar alunos de escolas públicas, e para evitar esta constatação dolorosa prolonga-se criminosamente por três anos o tempo para tentar fazê-lo. Prolongar a duração da alfabetização, se não se modifica a proposta pedagógica nas escolas, nada resultará. E por quê? Porque aprender é vivenciar situações em que os elementos do que se está aprendendo levam a pensar e a perguntar. As crianças de classes altas e médias, que convivem com pessoas que leem e escrevem, cedo começam a se perguntar sobre o que é ler e escrever. E, mais do que isso, apalpam que a escrita tem valor porque ela é útil e necessária para seus pais, para seus irmãos mais velhos, para seus tios, para seus avós os quais são para eles modelos de identificação.
Quem não viu criança imitando adulto que lê numa casa que há pessoas que leem? É preciso que a escola para crianças que vêm de ambientes não alfabetizados, e são muitos no Brasil, crie na sala de aula um ambiente alfabetizador tão próximo quanto possível daquele que os agraciados vivem desde que nascem. E o faça de forma tão adequada que compense em um ano letivo o que crianças privilegiadas viveram nos seus primeiros anos de vida. Pois o fantástico é que isto é possível. Vem sendo concretizado em todos os Estados brasileiros no Programa Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização, do Ministério da Educação. Mais do que em um ano letivo, alunos ainda não alfabetizados que estão na escola com mais de oito anos logram ler e escrever em no máximo cinco meses. A amostra científica que comprova esta possibilidade é composta por 60 mil alunos deste Programa. Portanto, Senhora Presidente, continuar não abrindo as portas da escrita para tantos contemporâneos, quando já se tem comprovada a possibilidades de fazê-lo, é inadmissível. Assim como os colonizadores desclassificaram os indígenas, legítimos habitantes das terras descobertas, marginalizando-os, arranjarão o mesmo hoje com uma parcela considerável da população, aquela que privamos da escrita, marco da civilização. E o fazemos com ares de superioridade os pobres, alunos de escolas públicas não têm condições de ascender ao patamar das classes dominantes, cujos filhos aprendem a ler e a escrever aos cinco ou seis anos. Ao conceder este prazo dilatado os estamos diretamente condenando a não alfabetização, pois aprender é um fenômeno social e histórico: quem não se alfabetiza no espaço e no tempo que já foi amplamente constatado. Ampliar o tempo para alfabetizar alunos de camadas populares é uma criminosa repetição da falsa benevolência dos colonizadores, que julgaram os donos da terra, os habitantes milenares dos solos americano e africano, incapazes de alcançar seu pretendido estágio civilizatório avançado. Alfabetizemos, pois, todos os brasileiros aos seis anos, para não repetir a barbárie dos colonizadores. É uma questão que implica na naturalidade regrada pela sociedade.
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