BC AGE PARA CONTER ALTA DO DÓLAR, MAS MOEDA SOBE 1%
E ATINGE R$ 2,42.
Banco fez três leilões ontem
e anunciou outros dois para hoje terça-feira (20)
Real tem se desvalorizado mais rapidamente frente
ao dólar do que outras moedas estrangeiras.
Apesar da forte atuação do Banco
Central, o dólar teve a sexta alta consecutiva ante o real nesta segunda-feira
(19), avançando quase 1% e encostando-se a R$ 2,42, influenciado pelos
movimentos no exterior e pela persistente desconfiança de investidores com a
economia brasileira. - O BC fez neste pregão atuações como há muito tempo não
se via: foram três leilões de swap cambial tradicional, equivalente a venda
futura de dólares – e dois anúncios de leilão, um de linha e outro de swap
tradicional, para serem realizados na terça-feira (20). O dólar avançou 0,83%,
para R$ 2,4159 na venda, reforçando o maior o patamar em mais de quatro anos.
Na máxima do dia, a divisa norte-americana chegou a subir 1,37%, cotada a R$ 2,4288.
- Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,7
bilhão. Nestas seis sessões, o dólar já acumula valorização de 6,24%. "O
próximo nível de resistência está em R$ 2,50. A alta deve-se ao ceticismo dos
investidores com os nossos fundamentos. Fora do Brasil estão aparecendo
oportunidades melhores, com Europa começando a caminhar e os Estados Unidos
ganhando inércia. O dinheiro vai onde tem melhores rendimentos", afirmou o
gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki. O dólar abriu em forte
alta este pregão, praticamente ignorando o fato de o BC ter anunciado na noite
de sexta-feira (16) a rolagem de 20 mil contratos de swap cambial tradicional,
equivalente à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade monetária acabou
vendendo o lote todo, com volume financeiro equivalente a US$ 986,1 milhões e,
assim, já rolou 40 mil contratos dos 100,8 mil que vencem no início de
setembro. Mas, antes de realizar este leilão, o BC anunciou outra venda de swap
cambial tradicional desta vez não para rolagem. Vendeu, então, o lote integral
de 40 mil contratos com vencimentos em 1º de novembro deste ano e 1º de abril
de 2014. Como consequência, a moeda anulou a alta após o resultado e passou a
cair, batendo na mínima de R$ 2,3851. No terceiro leilão, realizado durante a
tarde, a autoridade monetária vendeu 10,05 mil contratos de swap cambial
tradicional com vencimento em 1º de novembro de 2013 e 2,5 mil contratos com
vencimento em 1º de abril de 2014, com volume financeiro equivalente a US$
627,9 milhões. A oferta total era de até 40 mil contratos e também não foi para
rolagem.
'Vão jogar a taxa para baixo'
Pouco após o anúncio do terceiro
leilão, a autoridade monetária divulgou que ofertará, na terça-feira (20), até
US$ 4 bilhões no mercado à vista com compromisso de recompra. O BC não fazia
uso desse instrumento desde 20 de junho deste ano. Por fim, após o encerramento
dos negócios, o BC informou que fará também na terça-feira (20) novo leilão de
swap cambial tradicional para rolagem dos papeis que vencem no início de
setembro. Serão ofertados 20 mil contratos com vencimento de 1º de abril de
2014. "Eu acho que amanhã vai ser um massacre, vão jogar a taxa de câmbio
para baixo", disse o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros,
ressaltando que o leilão de linha anunciado pelo BC deve retirar, pelo menos no
curto prazo, parte da pressão de fortalecimento do dólar.
Leilão de
futuro perde efeito
Analistas têm afirmado que os
cada vez mais comuns leilões de swap cambial perderam sua capacidade de conter
o fortalecimento do dólar diante das incertezas com o quadro econômico
doméstico e global. Segundo eles, o BC só será capaz de ancorar as cotações da
divisa se vender dólares no mercado à vista. Na semana passada, a divisa
norte-americana avançou mais de 5% ante o real. Apenas na sexta-feira (16), a
alta foi de 2,46%, devido ao mau humor de investidores com a política econômica
brasileira e após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter dito que o câmbio
mais desvalorizado beneficia a indústria brasileira. "O mercado está um
pouco delicado e o dólar subiu além da conta, está muito alto e é lógico que
tem especulação", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced
Corretora, Reginaldo Siaca. A alta do dólar ante o real tem sido muito mais
forte do que em relação a outras moedas. Na semana passada, o dólar subiu 2,3%
ante o peso mexicano e ganhou 0,1% em relação ao dólar australiano e ao euro. No
mercado internacional, prevalece a expectativa sobre a redução da política de
estímulos feita pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, que injeta
atualmente US$ 85 bilhões ao mês nos mercados. Com os sinais de recuperação da
maior economia do mundo, o Fed que divulga na quarta-feira (21) a ata da última
reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) também
já indicou que deve começar a retirar esses estímulos, o que vai reduzir a
liquidez mundial. O cenário trazido com o Fed abalou as moedas de vários países
e pesquisa da Reuters sugere que o real e o dólar australiano, que se
beneficiaram em grande parte da última década do aumento dos preços de
commodities, permanecerão voláteis diante de um novo cenário de política
monetária nos Estados Unidos.
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