COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
“SE A MODA PEGA: ESTAMOS A UM PASSO DA INFELIZ CONQUISTA”.
Nobres:
No Brasil é tão comum, e “pulcro”,
que o termo "legal" extrapolou, há anos, o significado original de
algo vindo da lei e passou a ser o que é bom, correto, bonito. Ou decente e
apetitoso. Em suma, tudo o que seja positivo e faça bem! Muitas vezes, é
"legal" até a lei. O significado amplo surgiu nos irrespiráveis anos
1970, no princípio de uma década da minha juventude vivenciada nesta cidade de
Nova-Russas. Pelo rádio, (um raro veículo de comunicação de massa naquela
época) a gente ouvia em termos que a ditadura proibia tudo e só permitia o que tivesse
a marca do "legal" imposto pelos mandões de turno. O uso começou como
ironia e, depois, estendeu-se. - Legal muito legal! - Para compensar a penúria
e humilhação daqueles longos anos perversos, caímos hoje (sem o saber) na
tentação de tudo permitir, admitir ou aplaudir. Tudo é "legal", até o
que a lei proíbe por ser daninho e levar à autodestruição. Lembro-me disto com
a legalização da maconha na vizinha República Oriental do Uruguai, nos próximos
dias. Antes, legalizaram por lá o contrabando, criando as "zonas
livres", os tais fri-xópis na fronteira, para nos vender o que trazem do
exterior e não produzem, só vendem de uísque escocês a eletrônicos da China.
Agora, embora quase 70% da população seja contra, legalizarão a maconha vinda
da Bolívia, Colômbia ou Ásia. Para amenizar a importação, permitirão o cultivo
per capita de até 99 plantas! Como se conhece a geografia do Brasil é bem
elementar! Como será viver em Santana do Livramento, onde um lado da rua é
brasileiro e o outro é estrangeiro? No Parque Internacional, com um pé aqui e o
outro no Uruguai, bastará passar a mão esquerda para o lado da direita, e
vice-versa, para ser flagrado em delito ou para livrar-se dele. E, a partir
daí, inventarão que o país pequenino, aí do lado (em que tudo é lento e a vida
demora a passar) "é adiantado" e nós "atrasados". Antevejo
excursões para tomar fotos na linha divisória um pé em cada país, um
"baseado" na mão do lado deles, e a outra mão livre, em nosso lado. A
história nos dava conhecimento que em séculos atrás, foi matéria-prima para
papel e têxteis, algo abandonado, pois o fácil e lucrativo é usar o lado feminino
a resina das flores e as folhas para "ir ao barato" da droga. Até o
mais elementar compêndio apontará os efeitos negativos da maconha, perda de
memória, de volição e sensualidade, dificuldade motora, sensações paranoicas e
de ansiedade, fora a escravidão da dependência. Isto levou à criminalização e
define o lado perverso da droga seja qual for, leve ou pesada, maconha, cocaína
ou crack. Sob o pretexto de "resolver o problema" e desmantelar a
rede ilegal do narcotráfico (que mata e corrompe), alguns defendem a
"descriminalização" da distribuição e venda de drogas. – Até figuras
notáveis da política (se manifestou em prol da maconha, não é novidade nenhuma,
e por regra, ser de formação escusa e corrupta) - É o rumo do Uruguai. A
perversão, porém, é a dependência e o vício em si, não só os crimes das
"gangs" que dominam áreas vitais da polícia e da política. Em São
Paulo, o chefe do setor antinarcóticos da polícia era alto narcotraficante. Com
a conivência do Estado, o narcotráfico virou poder paralelo que corrompe e
mata. Nunca houve uma ação organizada do governo e da sociedade para
desbaratá-lo. Os múltiplos atos isolados, prendendo ou executando um maloqueiro
traficante aqui ou ali, só acobertam os grandes mandões, frequentadores do
poder, contribuintes de campanhas políticas e residentes em palácios. Se o
crime consistisse só no que está na letra da lei, acabaríamos com os
assassinatos e com os assassinos liberando o ato de matar. Em vez de
configurá-lo como crime, os senadores e deputados (sábios em invenções)
poderiam tachá-lo de virtude. Ou pelo menos, de normalidade. E o fatal seria
legal. Mas legal mesmo! Isso é Brasil o país da bandalheira e o império dos
bandidos, povoam e se reversam nos grandes centros nacional até as pequenas
comunidades rurais são enxertadas por esse segmento.
Antônio Scarcela Jorge.
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