segunda-feira, 5 de agosto de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 05 DE AGOSTO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

“SE A MODA PEGA: ESTAMOS A UM PASSO DA INFELIZ CONQUISTA”.

Nobres:
No Brasil é tão comum, e “pulcro”, que o termo "legal" extrapolou, há anos, o significado original de algo vindo da lei e passou a ser o que é bom, correto, bonito. Ou decente e apetitoso. Em suma, tudo o que seja positivo e faça bem! Muitas vezes, é "legal" até a lei. O significado amplo surgiu nos irrespiráveis anos 1970, no princípio de uma década da minha juventude vivenciada nesta cidade de Nova-Russas. Pelo rádio, (um raro veículo de comunicação de massa naquela época) a gente ouvia em termos que a ditadura proibia tudo e só permitia o que tivesse a marca do "legal" imposto pelos mandões de turno. O uso começou como ironia e, depois, estendeu-se. - Legal muito legal! - Para compensar a penúria e humilhação daqueles longos anos perversos, caímos hoje (sem o saber) na tentação de tudo permitir, admitir ou aplaudir. Tudo é "legal", até o que a lei proíbe por ser daninho e levar à autodestruição. Lembro-me disto com a legalização da maconha na vizinha República Oriental do Uruguai, nos próximos dias. Antes, legalizaram por lá o contrabando, criando as "zonas livres", os tais fri-xópis na fronteira, para nos vender o que trazem do exterior e não produzem, só vendem de uísque escocês a eletrônicos da China. Agora, embora quase 70% da população seja contra, legalizarão a maconha vinda da Bolívia, Colômbia ou Ásia. Para amenizar a importação, permitirão o cultivo per capita de até 99 plantas! Como se conhece a geografia do Brasil é bem elementar! Como será viver em Santana do Livramento, onde um lado da rua é brasileiro e o outro é estrangeiro? No Parque Internacional, com um pé aqui e o outro no Uruguai, bastará passar a mão esquerda para o lado da direita, e vice-versa, para ser flagrado em delito ou para livrar-se dele. E, a partir daí, inventarão que o país pequenino, aí do lado (em que tudo é lento e a vida demora a passar) "é adiantado" e nós "atrasados". Antevejo excursões para tomar fotos na linha divisória um pé em cada país, um "baseado" na mão do lado deles, e a outra mão livre, em nosso lado. A história nos dava conhecimento que em séculos atrás, foi matéria-prima para papel e têxteis, algo abandonado, pois o fácil e lucrativo é usar o lado feminino a resina das flores e as folhas para "ir ao barato" da droga. Até o mais elementar compêndio apontará os efeitos negativos da maconha, perda de memória, de volição e sensualidade, dificuldade motora, sensações paranoicas e de ansiedade, fora a escravidão da dependência. Isto levou à criminalização e define o lado perverso da droga seja qual for, leve ou pesada, maconha, cocaína ou crack. Sob o pretexto de "resolver o problema" e desmantelar a rede ilegal do narcotráfico (que mata e corrompe), alguns defendem a "descriminalização" da distribuição e venda de drogas. – Até figuras notáveis da política (se manifestou em prol da maconha, não é novidade nenhuma, e por regra, ser de formação escusa e corrupta) - É o rumo do Uruguai. A perversão, porém, é a dependência e o vício em si, não só os crimes das "gangs" que dominam áreas vitais da polícia e da política. Em São Paulo, o chefe do setor antinarcóticos da polícia era alto narcotraficante. Com a conivência do Estado, o narcotráfico virou poder paralelo que corrompe e mata. Nunca houve uma ação organizada do governo e da sociedade para desbaratá-lo. Os múltiplos atos isolados, prendendo ou executando um maloqueiro traficante aqui ou ali, só acobertam os grandes mandões, frequentadores do poder, contribuintes de campanhas políticas e residentes em palácios. Se o crime consistisse só no que está na letra da lei, acabaríamos com os assassinatos e com os assassinos liberando o ato de matar. Em vez de configurá-lo como crime, os senadores e deputados (sábios em invenções) poderiam tachá-lo de virtude. Ou pelo menos, de normalidade. E o fatal seria legal. Mas legal mesmo! Isso é Brasil o país da bandalheira e o império dos bandidos, povoam e se reversam nos grandes centros nacional até as pequenas comunidades rurais são enxertadas por esse segmento.
Antônio Scarcela Jorge.


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