COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge.
SUPERFICIALISMO DOS
PARTIDOS POLÍTICOS.
Nobres:
Os
partidos brasileiros adotando um viés consumista por cargos, dinheiro e espaços
de poder, inclusive no sentido de que deslizam com facilidade. Isto é: viraram
mero subproduto do marketing, marionetes adaptáveis a qualquer situação.
Confundiram-se. Igualaram-se. Coisificaram-se. E, faz muito tempo, deixaram de
inspirar e de liderar. Isso não quer dizer que as ideologias acabaram. Ainda é
possível identificar raciocínios com matriz ideológica. Porém, na medida em que
trocam as ideias por mero jogo de curto prazo, os partidos caminham para um
gradual esgotamento se não como instituição, certamente como significação. E
eis que, na perspectiva da coerência, só sobram os extremistas coerentes com
suas próprias maluquices e, benza Deus, aceitos por ínfima parcela da
população. As legendas, salvo raras iniciativas, abdicaram de pensar. Abriram
mão de suas ideias. Desistiram de formar opinião. Pesquisas quantitativas e
qualitativas, para medir o que o povo quer, tomaram lugar dos cursos de
preparação de líderes. Em vez de convencer, navegam no que convencido está. Não
importa tanto o que dizer, mas dizer o que a média quer ouvir. O excêntrico
tomou lugar da bússola: o vento dita o rumo. A moda é ser querido, leve,
palatável, simpático e não comprar qualquer briga com corporações, grupos de
interesse ou famosos do politicamente correto. Nessa expectativa de agradar a
todos, muitas siglas acabam descuidando de seus potenciais públicos cativos.
Basta ver que, enquanto grande parte dos brasileiros se identifica com ideias
conservadoras, as agremiações com essa origem fogem desse viés direitista.
Covardemente, aceitam a própria pejoração. Mudar esse cenário passa por assumir
identidades. Ter lado, ter cara, ter posição, ter bandeira por mais que
desagrade parte do eleitorado. A descrença do ambiente partidário, portanto,
não é apenas de representação. É também, e acima de tudo, uma crise de
inspiração e de liderança. O povo cansou da política que “inspira” os atuais
partidos. Está na hora de políticos e partidos de verdade. No Brasil tudo é
superficial do - faz de conta: “que é,
mas não é” conceito essencialmente lógico de um notável secretário de educação
deste município nos anos 70 que ao passar das décadas podemos intender
claramente que ele projetava.
Antônio Scarcela Jorge.
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