LULA ATRIBUI A
DIRCEU INDICAÇÃO DE DIRETORES PARA A PETROBRAS.
Sob esquema sigiloso,
ex-presidente prestou depoimento à Polícia Federal.
O ex-presidente Lula atribuiu a José Dirceu,
ex-ministro chefe da Casa Civil do seu governo, responsabilidade pela indicação
de diretores da Petrobras. Em depoimento à Polícia Federal na quarta-feira
(16), Lula disse que “cabia à Casa Civil receber as indicações partidárias e
escolher a pessoa que seria nomeada”.
Investigadores já suspeitavam que Dirceu havia indicado
o engenheiro Renato Duque, preso da Lava Jato desde março para a Diretoria de
Serviços da estatal petrolífera. Mas Dirceu sempre negou.
“O nome de Renato Duque foi levado à Casa Civil da
Presidência da República, à época chefiada por José Dirceu”, disse Lula à PF.
O ex-presidente disse que “não sabe se foi o PT ou
outro partido político que indicou Renato Duque para assumir a Diretoria de
Serviços”.
Afirmou que “não conhecia Renato Duque e que não
participou do processo de escolha do nome de Renato Duque”
Nestor
Cerveró.
Sobre o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras,
Nestor Cerveró, que também foi preso na Lava Jato e já está condenado a 17 anos
de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente disse “que acha
que Nestor Cerveró foi uma indicação política do PMDB; que Nestor Cerveró era
um funcionário de carreira da Petrobras.”
Lula eximiu-se de qualquer responsabilidade na
indicação dos diretores da Petrobras. Ele afirmou que “o processo de escolha
dos nomes dos Diretores não contava com sua participação”.
“Que o declarante
recebia os nomes dos diretores a partir de acordos políticos firmados; que este
processo de acordos políticos era feito normalmente pela ministro da área, pelo
coordenador político do Governo e pelo partido interessado na nomeação; que
teve vários coordenadores políticos ao longo de seus oito anos de mandato; Que
pode citar Tardo Genro, Jacques Wagner, Alexandre Padilha, Aldo Rebelo, etc;
que não se recorda qual destes articuladores políticos tratou das nomeações de
Renato Duque e também de Nestor Cerveró.”
Paulo
Roberto Costa.
Sobre ex-diretores envolvidos na Lava Jato, Paulo
Roberto Costa (Abastecimento), o ex-presidente disse que ‘seu nome foi
apresentado pelo Partido Progressista’
“Como nos demais, o nome de Paulo Roberto Costa foi
levado à Casa Civil para deliberação e posterior e posterior nomeação pelo
declarante; que os nomes dos indicados pelos partidos não eram levados
diretamente ao declarante; que, como explicado, o processo de escolha passava
pela discussão com os diversos envolvidos no aspecto político e não somente com
o ministro-chefe da Casa Civil; que, ao final deste processo o declarante
concordava ou não com o nome apresentado, a partir dos critérios técnicos que
credenciavam o indicado.
Janene,
Henry e Corrêa.
A PF quis saber de Lula se ele conversou com o
ex-deputado José Janene (PP/PR, morto em 2010) sobre a indicação de Paulo
Roberto Costa para assumir a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás - Janene é
apontado como o mentor do esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás. O
ex-presidente disse que “nunca conversou” com Janene “a respeito de qualquer
assunto”.
Lula também afirmou que nunca tratou com os deputados
Pedro Henry e Pedro Corrêa sobre a indicação de Paulo Roberto Costa. “Nunca
tratou com qualquer liderança de qualquer partido sobre a indicação de algum
nome para cargo da administração pública; que os nomes eram apresentados pelo
Governo, ou seja, pelos articuladores políticos que levavam O nome à Casa Civil
da Presidência.”
Lula disse que “nunca se sentiu pressionado pela
Partido Progressista a fim de que Paulo Roberto Costa fosse nomeado diretor de
Abastecimento da Petrobrás”. Ele declarou que o PMDB “nunca ofereceu apoio
político ao Governo a fim de manter Paulo Roberto Costa no cargo de diretor de
Abastecimento, e se ofereceu tai apoio isto no chegou ao conhecimento do
declarante”.
A PF perguntou Lula sobre quais diretores da Petrobrás
foram indicados pela PT. “O declarante afirma que talvez Renato Duque tenha
sido uma indicação do PT.”
Ele saiu em defesa do ex-presidente da Petrobrás José
Sérgio Gabrielli. Neste caso disse que ‘foi uma indicação pessoal sua’. “Que
indicou José Sérgio Gabrielli para ser diretor financeiro da Petrobrás em razão
do mesmo ser um economista altamente capacitado e por ser alguém de sua
confiança; que, da mesma forma, a indicação de José Sérgio Gabrielli para
assumir a presidência da Companhia foi uma escolha do declarante.”
Fonte: O Estadão.
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