sábado, 19 de dezembro de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SÁBADO, 19 DE DEZEMBRO DE 2015

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

O ATUAL ESTADO POLÍTICO DA AMÉRICA LATINA.

"um mal exemplo que não deve ser seguido"

Nobres:
Existem coincidências da doutrina política continental (também implantada no Brasil, de forma disfarçada) mas em contrapartida está ficando iminente a decadência dos bolivarianos em função dos resultados das eleições parlamentares de 06 de dezembro na Venezuela trouxeram um sopro de esperança para a América Latina: dias depois da vitória de Mauricio Macri na eleição presidencial argentina, acabando com anos de populismo kirchnerista, o povo venezuelano decidiu dar à oposição a maioria na Assembléia Nacional, o Legislativo unicameral do país e não uma maioria qualquer: com 112 deputados, contra 55 dos chavistas, os oposicionistas teriam poderes como os de convocar uma nova Assembléia Constituinte. Inicialmente, o ditador Nicolás Maduro anunciou que aceitava o resultado. Mas agora está claro o que ele e seus comparsas, como o até agora presidente do Legislativo, Diosdado Cabello, estavam tramando: na terça-feira, quando se realizou o que deveria ser a última sessão da Assembléia Nacional com a composição atual, de maioria “chavistas,” Cabello anunciou uma extensão da legislatura, que se reunirá também em 22 e 23 de dezembro para substituir mais de um terço dos juízes do Tribunal Supremo de Justiça, reforçando a ala chavistas na instância máxima do Judiciário. Mas os bolivarianos não ficaram satisfeitos com o aparelhamento cada vez maior da Justiça: Cabello ainda criou um “Parlamento Comunal Nacional”, com 600 membros indicados; no mesmo dia, Maduro afirmou que daria “todo o poder ao Parlamento Comunal, e esse Parlamento será uma instância legislativa do povo desde sua base”. Os chavistas rasgam mais uma vez a Constituição que eles mesmos escreveram. Trata-se simplesmente de um Legislativo paralelo, um golpe dado pelos bolivarianos para contornar o Legislativo legítimo, eleito pelos venezuelanos. O Título V da Constituição venezuelana, chamado “da organização do poder público nacional”, cita apenas a Assembléia Nacional como instituição do Poder Legislativo na esfera federal. Mesmo o capítulo IV, que versa sobre o “poder cidadão”, não trata de nenhum Parlamento Comunal; esta é uma criação da chamada “lei de comunas”, que descreve esse tipo de instituição, mas em nenhum momento deixa a entender que poderia haver algo semelhante ao que está sendo proposto e que agisse em nível nacional, contornando a Assembléia Nacional. Maduro e Cabello, assim, rasgam mais uma vez a Constituição que os próprios chavistas escreveram, tudo para manter o poder ilimitado e continuar a submeter os venezuelanos à ditadura do “socialismo do século 21”. Desprezar a lei máxima do país não é novidade para os bolivarianos: eles já o haviam feito em 2013, para que o reeleito Hugo Chávez pudesse se mantiver no comando do país, apesar de estar hospitalizado em Cuba. Naquela ocasião, o autogolpe contou com o apoio brasileiro, declarado pelo assessor Marco Aurélio Garcia. Agora, tampouco se ouve qualquer murmúrio de condenação por parte do Palácio do Planalto, que se refugia no confortável argumento da “não intromissão em assuntos internos” facilmente descartados, no entanto, nos casos do Paraguai e de Honduras, quando se tratava de defender os companheiros de ideologia. E, da mesma forma como o chavismo usou suas milícias para conter os protestos de rua do início de 2014, também agora o governo acena com o recurso à violência para conseguir o que deseja. “Metam-se com as comunas e verão a rebelião nas ruas, não digam que não avisei”, declarou Cabello. Uma frase absurdamente irresponsável daquele que ainda é o chefe do Legislativo venezuelano; alguém que, em teoria, deveria se guiar pelo cumprimento da lei, mas na verdade a considera um mero acessório que se pode desprezar quando se torna inconveniente. Os bolivarianos estão praticamente conduzindo o país rumo à instabilidade política e social, com conseqüências imprevisíveis. Por razão da sociedade ética do Brasil tende se precaver a essa  ideologia anarquista, simpática aos padrões do "lulopetismo."
Antônio Scarcela Jorge.

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