quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2015

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

EXCESSO E AUSÊNCIA DA LEI.

Nobres:
No colidente emaranhado das leis que existe no País confronta a ausência material das questões de ordem no ordenamento constitucional que evidencia a contradição em todos os aspectos. Por este aspecto leva o protagonismo do Supremo Tribunal Federal nos processos de impeachment da presidente da República e de cassação do mandato do presidente da Câmara põe o país diante de duas constatações relevantes. A primeira, positiva, é a de que a principal Corte de Justiça reafirma suas atribuições e sua autonomia como guardiã da Constituição. A segunda, no mínimo controversa, é a que aponta para a incapacidade da política de resolver suas grandes questões sem depender da interferência do Judiciário. O melhor para o país e as instituições seria a mínima intervenção do STF em questões relacionadas com o funcionamento e com os embates do Executivo e do Legislativo. Mesmo que se compreenda a gravidade da crise nacional, e que isso acabe por aumentar conflitos judiciais, constata-se que a democracia brasileira já poderia ter chegado a um estágio de amadurecimento que a livrasse de tantos imbróglios. O Supremo tem interferido até mesmo em questões pontuais, como a escolha de membros da comissão especial do impeachment. Já foi chamado a opinar sobre o relator do caso de Eduardo Cunha na Comissão de Ética. Envolve-se com pedidos de trancamento dos dois processos e, anuncia-se, pode determinar até mesmo todo o rito do impedimento da presidente, como informou um dos ministros esta semana. O que fica evidente, fora as interpretações jurídicas de cada episódio, é que os políticos brasileiros comprovam, mais uma vez, o que já se sabe de suas muitas fraquezas e indecisões. A política, incapaz de lidar com questões da rotina do Congresso, mostra-se ainda mais ineficiente diante de questões graves que atingem a presidente da República e o presidente da Câmara.  Não surpreende, portanto, que os próprios envolvidos na condução dos processos tenham de se socorrer a todo o momento, da interpretação do STF. O fato positivo, representado pela postura soberana do Supremo, em momento tão delicado, também torna evidente que nossa democracia precisa ser permanentemente aperfeiçoada, para que a política saiba conviver com seus conflitos e dilemas, sem ser judicializada e criar objetividade por força natural se assim existisse.

Antônio Scarcela Jorge.

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