COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
CORRUPÇÃO CENTRALIZA AS BAIXARIAS NO
PODER –“AFINAL O LULOPETISMO SE AFERROU”.
Nobres:
As células corruptas são inevitáveis nas ações escolhem estratégias e enveredaram o que há é de mais
“racional pra eles” (a sociedade não;) em fazer a coisa certa, fora da reflexão.
Ou, em salvar a presidente Dilma Rousseff? Era esse o dilema que o PT
enfrentava com a votação, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que
poderá levar à abertura de um processo de cassação contra o presidente da casa,
o peemedebista Eduardo Cunha. As reuniões do conselho ocorridas na terça e na
quarta-feira não foram suficientes para uma definição sobre o tema, que ficou
para o próximo dia 8. Mas a ação de Cunha, que declarou na quarta-feira ter
aceitado um pedido de impeachment de Dilma, tornou a decisão muito mais fácil
para o partido. A posição petista, no entanto, já tinha sido definida e não há
dúvidas de que ela foi decisiva para que Cunha resolvesse dar o passo
definitivo do acolhimento do pedido de impeachment. Os três petistas do
Conselho de Ética votariam pela admissibilidade do processo contra o presidente
da Câmara. E nessa tomada de posição foi crucial a intervenção do presidente da
legenda, Rui Falcão. Uma guinada considerável, o próprio Falcão tinha sido um
dos artífices, ao lado do ex-presidente Lula, do “acordão” que buscaria
preservar os mandatos tanto de Cunha quanto de Dilma. Falcão agira para
arrefecer os ânimos da bancada petista, a ponto de apenas metade dos deputados
da legenda ter assinado o pedido de cassação protocolado pela Rede
Sustentabilidade e pelo Psol. O pragmatismo, opção preferida do Palácio do
Planalto por razões óbvias, estava prevalecendo. Acima de tudo estava a
necessidade de manutenção do mandato de Dilma, e para isso valia inclusive
tolerar o que viesse de Cunha. Não importava que ele tivesse quebrado o decoro
parlamentar mentindo a uma CPI à qual o deputado se apresentou de livre e
espontânea vontade: importava apenas que Cunha fosse deixada em paz para que,
em um ato de cúmplice reciprocidade, deixasse Dilma em paz, protelando
indefinidamente uma decisão sobre os pedidos de impeachment na mesa do
presidente da Câmara. Mas algo aconteceu nos últimos dias. Enquanto o Conselho
de Ética se reunia para tratar do caso de Cunha, o presidente do PT ao declarar
que os seus deputados do PT, no Conselho de Ética, votariam pela
admissibilidade, ou seja, contra Cunha. Neste contexto todo o Brasil é sabedor que o
presidente do PT não dá um passo sem combinar com Lula, o que faz do
ex-presidente um co-autor da estratégia. Por que ambos aceitariam o embate com
Cunha, cientes de que a resposta viria na forma do processo de impeachment?
Seria arriscado demais colocar Dilma na fogueira apenas para desviar a atenção
de uma Operação Lava Jato que se aproxima cada vez mais de Lula. Mais plausível
seria o PT ter concluído que era preciso romper o ciclo infinito de chantagem e
provocar o conflito na certeza de que o governo tem votos suficientes para
fazer o impeachment naufragar na Câmara ou no Senado. Seria o melhor dos mundos
para o PT, que se livraria de Cunha (votando contra ele, o que ajudaria o
partido diante da opinião pública e da militância) e ainda salvaria Dilma. Mas
o desespero que o governo mostrou para manter o “acordão” revela que o Planalto
não está tão seguro assim. No fim, trata-se de um cálculo complexo, que envolve
a imagem pessoal de cada parlamentar petista, a imagem do partido (que está sob
cerco, envolvido em inúmeros escândalos já julgados e por julgar) e o mandato
de Dilma. A decisão sobre o que é prioritário preservar e o que pode ser
sacrificado norteia as escolhas de Lula e Falcão, cujas motivações não são nada
evidentes e não se perde por esperar.
Antônio
Scarcela Jorge.
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