OPOSIÇÃO TENTA
MUDAR REGIMENTO DA CÂMARA PARA VALIDAR CHAPA AVULSA À COMISSÃO DO IMPEACHMENT.
Proposta foi protocolada pelo
líder do DEM, Mendonça Filho, driblar decisão do Supremo.
Após vitória do governo no Supremo Tribunal Federal,
que definiu o rito do impeachment, a oposição a Dilma Rousseff iniciou na
sexta-feira (18) a elaboração de uma estratégia para tentar manter a petista
sob pressão na Câmara dos Deputados e dar início ao processo na Comissão
Especial da Casa encarregada de analisar o pedido de afastamento da presidente,
aceito por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no último dia 2.
A tática dos oposicionistas, que não se agregam num
único grupo, apesar do interesse comum de afastar a presidente, tem três
pilares: 1) novas ações regimentais; 2) busca de apoios nos movimentos
antipetistas da sociedade civil para pressionar políticos nas suas bases
durante o recesso; 3) enfraquecer a ala de parlamentares governistas do PMDB,
hoje liderada por Leonardo Picciani (RJ).
Apesar de o Congresso funcionar na próxima semana, é
quase certo que o trâmite do impeachment só comece mesmo no ano que vem. Para
escapar do alcance de uma das decisões do STF, a oposição promete apresentar um
projeto de resolução que estabelece a possibilidade de se ter chapa avulsa para
compor a comissão responsável por analisar o de impeachment.
Em decisão tomada na quinta (17), os ministros do STF,
entre outros pontos, vetaram a possibilidade de candidaturas alternativas para
a composição do colegiado. No entendimento dos integrantes da Suprema Corte, a
chapa deve ser composto apenas com os nomes indicados pelos líderes
partidários, o que favorece o governo.
A proposta já foi protocolada na Casa pelo líder do
DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), e prevê mudanças no regimento interno
justamente para validar a chapa avulsa que o STF julgou inconstitucional.
“A ideia é mudar o regimento e colocar a questão de
líderes e candidaturas avulsas. Como o Supremo mandou desmanchar todos os atos
praticados até aqui, vai ser designada uma nova Comissão Especial e, com a
alteração do regimento da Câmara, essa nova eleição para a constituição da
comissão se dará com esse novo entendimento, ou seja, via eleição e num
processo em que se pode ter chapa avulsa”, afirmou Mendonça Filho.
Segundo ele, o tema deverá ser discutido em reunião de
líderes prevista para a próxima segunda-feira na Câmara. Na ocasião, Mendonça
pretende também coletar assinaturas dos demais líderes para que o projeto
tramite sob o regime de urgência. Além desse tema, deve ser colocada em pauta a
apresentação de possíveis embargos contra a decisão do STF a respeito do rito
do impeachment.
Frente.
A outra aposta é nas ruas. “Haverá pressão popular na
base dos deputados durante o recesso. Isso deve influir no mau humor do
Parlamento com o governo depois do recesso”, diz.
“Haverá tempo, daqui até o fim do recesso, para se
reorganizar e mobilizar os movimentos de rua”, completa Bruno Araújo, líder do
PSDB. Dentro das discussões realizadas entre os integrantes do grupo a favor do
impedimento de Dilma, após a decisão do STF, está também a possibilidade de se
apresentar um voto em separado na Comissão Especial, caso os opositores não
consigam apoio para o projeto de resolução de Mendonça.
Diante da possibilidade de o processo de impeachment
coincidir com um período de agravamento da crise econômica, lideranças da base
apostam na divisão dos partidos de centro, o chamado “centrão”, mais flexível a
mudanças de posições a depender do quadro político.
Legendas como PP e PSD, que
contam com ministérios relevantes na Esplanada dos Ministérios, estão rachadas.
A bancada pepista, com 41 deputados, se divide hoje em 26 votos a favor e 15
contra ao impeachment.
A bancada do PSD conta hoje com 20 votos contra o
afastamento e 12 a favor. No PMDB, a ala pró-impeachment vai tentar
destituir Picciani. “Ele introduziu a prática das listas e agora vai esperar
outra que o destituirá. Picciani será um líder em exercício”, afirma Lúcio
Vieira Lima (PMDB-BA). As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Fonte: Agência Brasil.
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